Capítulo 5

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O sol quente fazia parecer que Hoseok era um sorvete, sentia-se como se estivesse derretendo aos poucos. Ele corria desesperadamente na calçada, esbarrando em algumas pessoas no meio do caminho.

– Por favor!! Alguém pegue elas!! – Ele gritou, colocando as mãos nos joelhos, exausto. Fazia tempo que não corria desse jeito. Já podia até entrar nas olimpíadas se quisesse. – Meu deus eu vou morrer.

Começou a andar normalmente, completamente derrotado, não sabia o que faria assim que chegasse na clínica e as cachorrinhas não estivessem consigo.

– Inferno! Para!! Meu saco de frutas!!! – Ao longe ele pôde escutar um resmungo. Se aproximou e um alívio passou pelo seu corpo, assim que avistou suas doguinhas querendo rasgar as sacolas de uma senhora.

– Meus amores, finalmente achei vocês. Malditas coleiras do Paraguai. – se aproximou, pegando ambas as cachorrinhas no colo. – A senhora está bem? Perdoe-me o incoveniente, as coleiras arrebentaram.

– O importante é que meus pêssegos continuam intactos. Tenha mais cuidado da próxima vez. Esses cachorros famintos... – A mulher saiu pisando fundo, resmungando. Hoseok revirou os olhos e voltou para clínica, feliz de finalmente ter as encontrado.

Assim que chegou entregou as mesmas para um senhor apreensivo. Jogou os cabelos pra trás, ajeitando seu jaleco.

– Senhor Jung, por favor, me perdoe. Eu sabia que não deveria ter trazido minhas filhas para a sessão de terapia. – Ele disse frustrado. Hoseok sorriu, tocando seu ombro.

– Está tudo bem, senhor Chen, eu lhe disse para trazer duas coisas que o fizesse bem. Apenas fez o que eu pedi. – Confortou o velhinho que sorriu, Hoseok se sentiu absurdamente feliz por vê-lo feliz.

– Elas são as únicas coisas que me restaram que me fazem bem. Desde que minha amada esposa se foi. – Ele começou a falar, o sorriso de Hoseok morrendo aos poucos.

– Vamos para minha sala e então o senhor vai me contar tudo, se o senhor se sentir bem com isso.

Ele o acompanhou até a sala, o velhinho então se sentou em uma das cadeiras, a única barreira que impedia mais uma aproximação dos dois era uma mesa de vidro. Hoseok se sentou do outro lado e colocou as mãos entrelaçadas sob o móvel. – Prossiga, senhor Chen.

– Ela se foi há três anos atrás. Ela era uma boa esposa... Era a minha amiga, entende? Nós dividimos todos os nossos problemas, inseguranças.... Sempre fui muito de não confiar nas pessoas, na verdade nunca confiei nem em mim mesmo. Mas Nayeon me mostrou outro mundo, na verdade ela me fez enxergar o mundo com outros olhos. Eu nunca a esqueci. – O velhinho fungou, Hoseok mordeu o lábio. De todo o seu trabalho como psicólogo e terapeuta essa era a pior parte. - Nos conhecemos no ensino médio mas demoramos quatro anos pra descobrir o que sentíamos um pelo outro.

– É uma história muito tocante, senhor Chen. Quando se casaram?

– Nós namoramos por sete anos, só depois decidimos casar. Depois de um tempo, de muitas tentativas descobrimos que Nayeon não podia ter filhos, e que estava com câncer. – Ele falou, Hoseok surpreso com a revelação. – Ela ficou um ano e meio fazendo quimioterapia e depois de um tempo finalmente havia se libertado da doença. – Ele sorri largo, como se aquilo estivesse acontecendo naquele momento. – Ainda lembro do sorriso dela de quando saímos do hospital.

Hoseok abriu sua garrafinha, bebendo um pouco de água, sentindo um nó conhecido em sua garganta. Guardou a garrafa e continuou prestando atenção em Chen.

– Como ela não podia me dar filhos, decidimos adotar animaizinhos. – Sorriu olhando para o mais novo. – Temos uma fazenda na zona rural, temos três cavalos, tínhamos um casal de coelhos mas da última vez que eu fui a fêmea estava grávida. Já faz mais de um ano que voltei lá, a toca de coelhos já deve estar cheia. – Comentou, rindo um pouco. – Depois de um tempo, quando já estávamos bem mais velhos, na fase idosa mesmo, decidimos adotar essas duas cachorrinhas. Anastácia e Cibelle, nós a criamos como filhas mesmo, Nayeon viviam no pet shop comprando roupinhas e brinquedos pra elas. – Seu sorriso foi morrendo aos poucos. – Depois disso... Nayeon foi perdendo a luz radiante que havia nela, o sorriso foi morrendo. Ela vivia estressada, vivia triste e chorava pelos cantos... Eu não sabia o que era e sempre quando perguntava ela não sabia dizer, só chorava.

Hoseok pegou lenços e entregou para o senhor Chen, visto que este já estava em prantos.

– Ela tomava bastante remédios pra pressão, e principalmente remédios pra dormir, visto que não conseguia mais dormir, havia ficado com insônia. – Ele disse, cobrindo o rosto. – Um certo dia... Estávamos nos preparando pra deitar. Ela segurou minha mão, olhou nos meus olhos e disse que me amava muito, e que eu era o sol radiante que dava esperança a ela. No dia seguinte eu levantei e já era bem tarde, mas Nayeon não havia levantado. – Hoseok suspirou, abaixando a cabeça. – Esperei.... Esperei... A chamei.... Mas não tinha resposta. Ela havia morrido, dormindo, serena... Parecia tão aliviada. – O psicólogo assentiu, voltando a o encarar. – Era o amor da minha vida, ela é ainda. A única coisa que me conforta é saber que não faltará muito para eu me encontrar com ela de novo.

– Isso é algo que só o destino pode saber, senhor Chen. Entendo sua dor, é uma dor recente. Mas não quero que fique o tempo todo se martirizando com isso. Eu tenho certeza de que Nayeon ficaria muito triste em saber que está tão pra baixo assim. – O velhinho fungou, olhando para Hoseok. Ele estava desolado. – Vou passar um exercício, quero que faça o que estou pedindo, ok? Quando voltar na próxima semana vou notar o desempenho do senhor.

O velhinho assentiu, curioso, pegando uma das cachorrinhas em seu colo. Hoseok anotou tudo direitinho e entregou a ele, além de conversar mais um pouco e dar conselhos. Sentiu-se ainda mais feliz quando o senhorzinho riu de uma piada que ele contou.

– Por isso que os monges são carecas?? Ora, que lamentável! – O velhinho disse rindo. – Juro que vou contar essa pro compadre Baek, ele vai adorar. – Se levantou, Hoseok rindo se despediu, acompanhando o senhor até a porta.

Assim que se viu sozinho Hoseok suspirou, sentando em sua poltrona, olhando pra janela, vendo o céu escurecer aos poucos. Mais um dia havia se passado.

Por um momento lembrou de senhor Chen, dele mencionando que sua esposa o considerava o seu sol, a sua esperança. Hoseok também queria um dia, ser o sol radiante, ser a esperança de alguém.

Batidas foram ouvidas na porta e ele se levantou, um tanto cabisbaixo, se preparando para colocar um sorriso forçado no rosto.

Assim que abriu a porta arregalou os olhos, seu corpo travou e seu coração tão frio se aqueceu.

– J-Jimin? O que faz aqui?? – perguntou. O loiro sorria grande para ele, Hoseok sorriu de volta.

– Vim te ver, hyung. Senti sua falta.

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