A sala Alpha-16

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Como as aulas estavam canceladas naquele dia, esperaram até o dia seguinte para investigar os alunos da turma de Arte. Elizabeth sugeriu que se dividissem em dois grupos. Ela e Clarice iriam fazer algumas perguntas para o professor de Educação Física do noturno, visto que a aluna que morreu estava usando o uniforme de educação física, então foram até a casa dele. Enquanto Calebe e um outro professor chamado Victório, iriam interrogar os alunos do clube de arte.

Os alunos do clube de arte chegaram até a sala de reunião que também servia para interrogatório, Calebe e o outro professor podiam escutar os alunos cochichando afoitos do outro lado da porta.

- O que faremos? - Perguntou um deles. - Estou muito nervoso, depois daqui vão nos enviar para sala Alpha-16, e vamos virar ingredientes para a janta da escola! 

Daniel era um garoto aparentemente frágil, de pele pálida, e usava seus óculos sem necessidade, pois assim se sentia mais seguro.

- Não vamos virar nada, se acalme. - Respondeu uma das alunas que estava ao lado dele. - E a sala Alpha-16 não existe de fato. É uma pegadinha para novatos como você. - Era uma garota alta de cabelos longos e negros, seus olhos eram cada um de uma cor, o seu olho direito era dourado e o esquerdo era azul.

- Sophia! – Disse uma voz de dentro da sala que parecia ser a do professor Calebe. Ela entrou na sala.

- Pode sentar-se. – Disse o professor Victório. Um homem sisudo, pálido, com um rosto longo e um nariz proeminente.

Sophia sentou-se, mas o que mais chamava atenção é que ela sempre ficava batendo a ponta de sua unha contra a mesa, como se estivesse enviando algum sinal para alguém.

- Você pode parar com isso? - Disse Victório.

- Isso o quê? – Respondeu Sophia dissimuladamente.

- Você sabe, essas batidas, estão incomodando.

- Ah elas? Entendo. - E continuou a bater.

- Por mais que eu goste de ver o  Victório constrangido, é melhor você parar com isso Sophia, ou, podemos pensar que está enviando um sinal para alguém. – Sophia ficou um pouco surpresa com a especulação de Calebe, mas apenas sorriu e olhou desafiadoramente. Sophia sempre foi uma aluna desafiadora, sempre batendo de frente com vários professores, e subjugando vários alunos que ela considerasse inferior. Vinda de uma família milenar de sangue puro de lobisomens, jamais abaixava sua cabeça ou se curvava para ninguém.

- Aonde você estava quando Beatrícia foi encontrada morta? – Perguntou Calebe.

- Pescando com meu pai. – Sophia respondeu secamente. Estava tão séria que era difícil saber se seus olhos piscaram alguma vez durante todo o interrogatório.

- E onde você estava durante a aula de educação física ontem? – Continuou Calebe, enquanto Victório andava de um lado para o outro atrás dele.

- Na enfermaria, eu passei mal. - Respondeu ela.

- Hum, então se formos perguntar para o professor de educação física se você realmente passou mal, ele pode confirmar? – Perguntou Victório.

- Sim.

- E se perguntarmos a enfermeira, também? – Continuou ele agora mais incisivamente.

- A enfermeira não estava no momento então. - Sophia fez um breve pausa. - Assinei meu nome na lista e fiquei na cama até melhorar.

Victório e Calebe se entreolharam.

- Muito bem, pode ir. – Disse Calebe. – O que você acha? 

- Não senti o cheiro de quem mente. – Afirmou Victório, enquanto mexia no próprio nariz como se quisesse confirmar que o mesmo ainda estava funcionando. - Mas temos que lembrar que ela vem de uma linhagem pura. Com certeza ela é treinada para não deixar que sintam o cheiro de mentira.

Aqueles que UivamOnde histórias criam vida. Descubra agora