Mentira

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MENTIRA

CAPÍTULO XXXV


DOMINGO (MANHÃ)

-(Paulo) Pararam porquê? Porque é que estão a olhar para mim desse jeito? Ninguém fala? O que se passa com vocês?

Agarrei o meu telemóvel que se encontrava junto à câmara de filmar.
Vislumbro o ecrã e era como se estivesse desligado, mas o som intermitente estava contínuo.
Olho para eles mais uma vez e sem pensar, pressiono para atender.

-(Paulo) Estou? "Abrir a porta"? Quem é que fala?

Dirigi-me à varanda e olhei para a rua e não vejo nada. Vazia, completamente. Não estava ninguém.
Olhei para a esquerda e para a direita e nem viva-alma.
O silêncio era ensurdecedor. Não havia uma brisa de ar, o som de uma onda do mar e nem uma gaivota a voar. Nada.
O céu, esse, estava estranho como nunca tinha visto. Metade estava ensolarado, céu azulinho e a outra metade, completamente enublado. Mas o mais estranho, é que, cada metade, tinha um sol...

Ouço a baterem na porta.
Mais uma vez, olho para baixo e não vejo ninguém. Retorno para o interior do quarto, e aquele grupinho de quatro continuavam estáticos nas mesmas posições que se encontravam.
Volto a olhar para o meu telemóvel, mas era como se estivesse desligado e ao pressionar o ecrã, vejo que ainda alguém continuava em chamada.
Ponho em alta voz.

-(Paulo) Huh... Ainda está aí alguém?
-(Voz) "Sim. Vais demorar muito a abrir a porta?"
-(Paulo) "Abrir a porta"?! Para quê? Não está ninguém lá fora. E eu já olhei por duas vezes!
Ca raio que se passa comigo? Recomeço as manhãs, as pessoas desapareceram todas, estes à minha frente não se mexem e... Estão dois sóis no céu!! Como raio isso é possível?
-(Voz) "Abre a porta, Paulo!"
-(Paulo) Ô caralho!! Como é que sabes o meu nome?
-(Voz) "Eu sei tudo sobre ti. E mais do que tu pensas ou imaginas. Eu sei aquilo que tu não sabes e eu quero ajudar-te.
Por favor, Paulo, deixa-me entrar e deixa-me ajudar-te."

E mais uma vez ouço um batimento na porta.
Desliguei o meu telemóvel. Olho para a Marta e o Amílcar, parados no tempo e toco-lhes. Estavam rijos que nem pedra.
Estava a começar a ficar assustado com o que estava acontecer, pois não estava a compreender o que se estava a passar.

Bati duas vezes na minha face, tentando perceber se estava a dormir ou acordado. Talvez reiniciando o dia como das outras vezes, mas nada.
Fui na direção da porta que vai para o andar de baixo e fiquei com um medo terrível de descer aquela escada de mármore com um ângulo terrível e acentuado.
Aqueles degraus, que tanta vez eu subi e desci em criança e adolescente, puseram-me o coração aos saltos, dando a sensação de querer sair do meu peito e fugir.

Degrau a degrau, descendo vagarosamente, amparando-me na parede lateral, tremendo esuando, dirigi-me àquela porta que não parava com um som ensurdecedor.
De frente à mesma, olho para as janelas e lanço-me num passo apressado para a que está mais perto.
Olho para fora e não vejo ninguém! Nem à esquerda e muito menos à direita.
Mas o batimento na porta continuava, parecendo o som de tambores africanos.

-(Paulo) Fodasse, caralho, o que é esta merda?
-(Voz) Abre a porta, Paulo. Se não me deixares entrar, eu não poderei ajudar-te.
-(Paulo) Não, não. Abro o caralho! Não está ninguém na rua! Deve ser o Tonho que está a querer foder-me com uma coluna aqui escondida!
-(Voz) Paulo... para de mentir a ti próprio. Abre a porta e convida-me a entrar.
-(Paulo) E se és um vampiro...?
-(Voz) Deixa-te de estupidez de vampiros. Isso não existe! Abre a porta. Sou eu!
-(Paulo) Não existe o caralho!! Já viste a carrada de filmes e séries sobre essa merda?

Swinger's Diary - The End Of The Beginning!Onde histórias criam vida. Descubra agora