Linda dos Olhos Azuis II

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LINDA DOS OLHOS AZUIS

CAPÍTULO XLIV

PARTE 02



DOMINGO (ALMOÇO)

Chegando ao restaurante da Heidi e do Marco, já o resto do grupo e vizinhos estavam sentados a beber umas caipirinhas.
O que elas tinham-me dito, estavam em plena colisão com a razão e a raiva no meu pensamento, e um misto de arrependimento e vingança emergiam na minha face praticamente ao mesmo tempo.
Eu não sabia como digerir dois tipos de sentimentos nesta receita caseira.

-(Paulo) Dona Mara, acha que eu já posso entrar? - Sarcasticamente falando.
-(Mara) Ah primo, por mim... até podias entrar todo nu. As regras não são minhas!

E começou a cumprimentar a Maria, a Joana e o Tonho com um beijo na cara.

-(Mara) Ah Joana, estás a usar o mesmo perfume da Marta?
-(Joana) O mesmo perfume?!
-(Paulo) Então, mas... Ai o meu cara... Eu não tenho direito a beijinho? É só eles os três?
-(Mara) Têm as duas o mesmo cheiro de perfume. Qual é? Gosto muito do odor!
Ah primo, não te chegou os de manhã? Logo à noite posso dar-me mais uns, se quiseres.
-(Joana) O quê? Não sei de que perfume é que estás a falar e ele logo à noite vai estar muito ocupado, não pode vir ter contigo.
-(Mara) E tu, prima? Não queres vir ter comigo? Já vi que a Joana pôs o primo numa trela.
-(Paulo) Vou estar ocupado? Com o quê, dona Joana? Gostava de saber antecipadamente, porque se pensas que eu vou-me por numa merda igual à de ontem...
-(Paula) Mara, se ele for, eu também vou...
-(Joana) Não, não vão! Vão estar os dois muito ocupados. Eles não podem ir. Isso tem que ficar para um outro mês, pois eles vão estar com os dias muito preenchidos.
-(Tonho) Eu posso ir ter contigo...
-(Joana) Olha, tu vê lá se queres a sorte grande e não sabes...
-(Mara) É ela que manda? Bem, já falamos melhor. Querem beber alguma coisa?
-(Paulo) Sim, huh... traz umas iguais às deles, se faz favor. - olhando para a Joana, enquanto a minha prima informa que podemos sentar - O que é que vamos fazer logo à noite que nos vais meter todos ocupados durante dias, menina Joana?
-(Joana) Meus queridos, vocês todos e durante todas as noites que aqui estivermos, serão meus.
-(Paulo) Querem ver que temos a Marta versão 2?
-(Paula) Mor, por falar nisso, não achas que deverias ir fala com ela?
-(Paulo) Hmm... sim. Eu vou tratar já disso. - chegando à mesa do pessoal - Já cá estamos! As caipirinhas, estão boas?
-(Amílcar) Tanto tempo para comprar uns chinelos? Dá aí a GoPro para ver como isso está de bateria e aproveito para mudar o cartão.
-(Paulo) Epa, dá um descanso a isso, pá! Ainda derrete de estar a trabalhar de seguida.
-(Amílcar) Um dia destes acabarás por agradecer-me! (Eu não disse nada disso, naquele dia - disse o Amílcar... Eu sei, mas tenho que agradecer-te agora, por estares sempre a insistir.)
-(Paula) Amílcar, deixa o meu marido sentar-se ao lado da Martinha. Ele tem muito para falar com ela.
-(Paulo) Para falar com ela não preciso de sentar-me ao... AII - levando uma cotovelada da minha esposa nas minhas costelas - Calma, porra. - Sentando-me ao lado da Marta.
-(Rutger) Vocês gravam tudo?
-(Amílcar) Tudinho! Com este grupinho, qualquer coisa é inesperada. Nunca se sabe quando as coisas arrebentam, como ainda hoje de manhã...

Começaram-se os dois a rir.
A minha Martinha estava ao canto da mesa, calada e murcha. O sinónimo da alegria, boa disposição 365 dias por ano e a minha parceira de doidices absurdas, não dizia nada e nem um sorriso esboçava na sua face acompanhada daqueles dois lindos olhos azuis.
Ao olhar para ela, começou a vir-me uma enxurrada de imagens e pensamentos em que eu a depreciei-a, os nomes que eu chamei-lhe ininterruptamente, humilhando e enxovalhando-a.
O sentimento de culpa começou a esbater-se na minha consciência, percorrendo o meu corpo por completo. Aqueles atos ignorantes machistas e egoístas, sem nunca pensar no mal que eu estava a causar-lhe.
Tinha magoado uma mulher que eu adoro tanto e, por muito que eu diga que não, amo. Eu detesto fazer isso às mulheres, especialmente às da minha vida.
Eu fui insensível aos sentimentos de uma outra pessoa e tinha que retificar aquele gesto estúpido de ainda há pouco.
Tinha que lhe pedir desculpa e prometer que, da minha pessoa, aquilo nunca mais iria acontecer.

Swinger's Diary - The End Of The Beginning!Onde histórias criam vida. Descubra agora