Conversa Da Treta III

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CONVERSA DA TRETA III

CAPÍTULO XXVI


DOMINGO (MANHÃ)

-(Paulo) Ô Tonho, eu vou para o paredão e fico lá espera delas. Ver se este zunido desaparece de uma vez por todas.
-(Tonho) Eu digo-lhes, não te preocupes. Olha, ô bichona, leva a câmera que é para me gravares com elas... Ca granda tótó! - Rindo-se.

Andando pela a rua na direção da praia, vejo o caminho já a começar a encher de pessoas de calções, túnicas e chapéus de sol em cima do lombo, mas a praia e por incrível que pareça, estava praticamente vazia do ponto de vista onde eu me encontrava.
O dia estava diferente do de ontem. Nublado e quem olhasse para cima, via-se uma neblina cerrada a tapar a zona do Sítio e da Pederneira. As ondas do mar faziam um barulho enorme, mais que o normal para o mês de Agosto.
Poderia-se dizer que estava uma rica merda de dia de férias. Pelo menos para mim, duas manhãs tinham sido.

Via-se muito movimento na minha esquerda e direita, de lojas de lembranças e restaurantes abrirem portas, pondo as mesas cá para fora, com alguns já a servir pequenos-almoços aos turistas.
Rebanhos de camônes estrangeiros a saírem das camionetas de turismo, seguindo os guias que traziam bandeirinhas ou mesmo peluches com um pau espetado na peida, que lhes iam contando a história da linda terra da Nazaré.

Pode ser uma linda terra para estas pessoas que a nunca tinham visto, mas para mim, tem estado a ser uma dor de cabeça enorme.
Bem... pelo menos a dor de corno praticamente tinha fugido, mas este zunido, esse... esse ainda cá continuava e cada vez mais forte. Parecia abelhas dentro do meu crânio.

-(Joana) Estamos prontas. Vamos pela a praia?
-(Paulo) Eu estava a pensar nisso, mas é melhor irmos pelo o meio. Está uma confusão enorme a começar a formar-se aqui na parte da frente, que para andar no meio deste pessoal todo, vai ser uma tortura.
-(Paula) Mor, eu estive a matutar naquilo que disseste e eu não consegui compreender uma coisa. Tu disseste que no teu sonho... - Passando a estrada, indo na direção da rua entre casas.
-(Paulo) Maria, para mim não foi um sonho. Foi a realidade! Eu não consigo explicar melhor que isto, mas eu vivenciei aquelas duas manhãs.
-(Paula) Okay, mas, para ver se eu consigo compreender, eu direi que foi um sonho. Para mim é mais fácil. No teu sonho, o Tonho estava contigo e connosco ao mesmo tempo... Como é que isso é possível? Como é que uma pessoa pode estar em dois sítios diferentes ao mesmo tempo?
-(Paulo) É uma excelente pergunta e eu gostaria de ter uma boa resposta para te dar, mas eu também não percebo.
Por isso a razão que ele ficou em casa agora. Eu quero ver onde é que ele vai se enquadrar nesta parte!
-(Joana) Eu é que ainda não consegui perceber nada. Será que podes explicar-me isso desde do princípio.
-(Paulo) Ô Joana, eu posso tentar, mas... Ver se eu consigo explicar-me de uma maneira que tu consigas compreender. Esta manhã, é a minha terceira vez seguida que eu estou a vivenciar.
-(Joana) E são todas iguais?
-(Paulo) Parecidas...
-(Paula) Parecidas?! Parecidas, como? - parando de repente - Ô Joana, onde é que tu vais?
-(Joana) Eu vou em frente, sei lá. Eu não sei onde fica a praça!
-(Paula) Ainda ontem passaste por ela e vieste por estas ruas! - agarrando-lhe a mão - Mor, estavas a dizer?
-(Paulo) Sim, por exemplo: Na primeira manhã, o céu estava azulinho e com um sol forte. Nestas duas últimas, está nublado e fresco. Na zona da Pederneira até está com neblina cerrada.
Os nossos vizinhos eram italianos e passaram a brasileiros quando estavam vivos. Agora, não existem, desapareceram do mapa.
O Tonho tinha-me dito que usava o tubo de plástico de vez em quando; aquele que tu meteste-me ontem, por gosto e vontade própria...
-(Joana) Ele contou-te isso? Eu estou admirada em ele ter-te contado isso! Ele começou usar sempre que não estamos com vocês. Diz que é para se preservar-se tant... trant... olha, é qualquer coisa ântrico.
-(Paulo) Tântrico?
-(Joana) Sim, acho que é isso. Ele como se aguenta pouco quando está excitado e diz que não quer passar vergonhas, pôs-se com essas ideias. Tu sabes como ele é, não sabes? Quando mete uma coisa na cabeça, parece que nem quer saber de mais nada.
Eu estou mesmo admirada em ele ter-te disto isso.
-(Paulo) Hmmm... Então é verdade. É que depois na segunda manhã, ele contou-me que nem poderia ver isso à sua frente, que até se arrepiava todo só de pensar.
-(Joana) Achas? Mal ele chega a casa, é a primeira coisa que vai fazer. Vai para a casa de banho, enjaula-se e depois vem dar-me a chave.
-(Paula) Mor, e foi só isso?
-(Paulo) Não, houve mais. Por exemplo: Na primeira vez que fomos ter com a Mara, ela veio de lambreta... 
-(Joana) Foram ter com essa sirigaita mais que uma vez? Que falta de gosto, com duas mulheres como nós em casa.
-(Paula) Fogo, Joana... não sejas assim.
-(Paulo) ...e na segunda manhã, ela veio de carro. Temos também a Maria, que vendia croissants de chocolate.
-(Paula) Olha, agora comia um. Eram bons? Estavam quentinhos?
-(Paulo) Huh... não sei, nunca consegui comer nenhum. Mas pela a reação deles os dois, pareciam ser excelentes.
Como eu estava a dizer, a Maria foi numa manhã e na outra a seguir, era o marido dela que estava no café.
Na nossa primeira vez, não fizemos nada com a Mara e na segunda, comecei eu e... ai jasus, o Tonho ia comendo tudo com o namorado dela a querer ajudá-la.
-(Joana) O MEU TONHO O QUÊ?!
-(Paula) Ai... tu não comeces com as tuas ciumeiras! Mor, o namorado da Mara estava lá? Tu conheceste-o?
-(Joana) Eu vou ter uma conversa séria com ele. Ai vou, vou... Pede o brinquedo dele em casa e aqui pensa que pode comer tudo sem pedir-me autorização?
-(Paulo) Esse gajo, o Valter, só apareceu na segunda manhã e começou a chamar o Tonho por Paulo... 
-(Joana) O quê? Ele confundiu-te com o traidor do meu marido? Porque raio ele iria fazer isso? Vocês não são nada parecidos.
-(Paulo) Pois... huh... É uma história muito complicada e que fica para uma outra altura... 
-(Paula) Mas, mesmo assim, como é que tu soubeste que o Tonho estava connosco e contigo ao mesmo tempo?
-(Paulo) Tu telefonaste-me e passaste-lhe o telemóvel. Eu falei com ele ao mesmo tempo que estava a vê-lo a ... - Olhando para a Joana.
-(Joana) Diz! Podes dizer! Eu depois faço contas com ele. Ele estava a fazer o quê? A copular com a tua prima, não era?
-(Paulo) Sim... isso... a copular com ela à canzana... 
-(Joana) Aquele traidor!! Eu vou desmanchá-lo todo! Eu vou perder é a porcaria da chave na próxima vez!
-(Paula) Joana... é um sonho! - abrindo-lhe os olhos - Deixa de ser ciumenta!
-(Joana) Espera! Espera! Eu já sei o que se passa contigo! - Mandando-me um palmadão no peito.
-(Paulo) Porra, que tu 'tás bruta. - massajando para passar a dor - Ai sabes? E é o quê, dona "entendida naquilo que se está a passar comigo"?
-(Joana) Estás a viver realidades alternativas!
-(Paulo) Estou a viver, o quê?
-(Joana) Opa, é como aquela série que dava na televisão antigamente... huh... Sliders!
-(Paulo) O quê? "Sliders"? O que é essa merda?
-(Joana) Sim, eu explico-te. Eu era viciada nessa série, dava na televisão e era um grupo, assim como nós... 
-(Paulo) Swingers?
-(Joana) ...que viajavam... Swingers?! Porra, mas tu também só pensas nisso?
-(Paulo) Huh... noutras coisas, também...
-(Paula) Ô mor, deixa-a falar.
-(Joana) Eu nem quero imaginar o que seja essas outras coisas, com a imaginação que tu tens... Bem, como eu estava a dizer, eles eram um grupo de quatro pessoas que viajavam de terra em terra, por realidades alternativas. O planeta era o mesmo, mas às vezes, com uma certas ligeiras diferenças.
Vou-te dar um exemplo: Nesta terra, nós somos uns malucos que nos adoramos uns aos outros e em uma outra realidade, nós não temos nada.
-(Paulo) Fodasse, não gosto nada dessa terra. Prefiro esta!
-(Joana) Mas tu estás a perceber, não estás?
-(Paulo) E como é que eles passavam de uma terra para a outra? Desmaiavam ou acordavam nela?
-(Paula) Mor, quando te acontece isso nos teus sonhos, tu desmaias ou adormeces?
-(Joana) Não, eles tinham um aparelho que tinha sido inventado por um deles e que abria um buraco no... 
-(Paulo) E onde é que eu tenho o aparelho, Joana? Só se for no buraco do cu!
-(Joana) Não sejas parvo... 
-(Paulo) Fodasse, pensei que tinhas a coisa mais bem explicada do que estares a falar-me de uma série.
Maria, na primeira vez que isto aconteceu-me, eu tive uma dor agoniante na parte frontal da cabeça e depois, puff... Estávamos todos no restaurante do Marco e da Heidi, sem fazer a mínima ideia de como lá fui parar.
E o mais estranho, é que quando voltou acontecer, eu fui parar a casa hoje de manhã e é sempre lá que recomeça.
E para meu azar, sempre com a cara feia do teu marido acordar-me.
Nesta última vez, eu acho que desmaiei... sinceramente, eu não lembro-me bem o que se passou.
Diz-me uma coisa, miúda, eles ficavam presos na mesma manhã constantemente a repetir em terras diferentes?
-(Joana) Não, o tempo nessa série continuava normalmente. Só havia algumas diferenças. Às vezes ligeiras, e outras mudando praticamente tudo, entre as terras paralelas.
-(Paulo) Pois... Então não é nada igual ao que está acontecer-me a mim. Eu repito a mesma merda de manhã, mas com diferenças ligeiras e esta última foi bem bruta. O teu marido é um abusador!
Ainda preferia que fosse o mesmo dia repetindo e assim, sempre safava-me melhor.
O problema, é que as coisas estão a mudar e assim não dá para ter uma lógica do que aconteceu ou vai acontecer. É tudo igual e novo ao mesmo tempo.
-(Paula) E o que vai acontecer agora?
-(Paulo) Não faço a mínima ideia. Tirando a chamada que tu fizeste para dizeres que iam cobrar o vosso cheque em branco já prometido com o meu tio, não faço a mínima ideia do que se irá passar a seguir.
-(Joana) É hoje o cheque em branco? - Olhando para a sua companheira.
-(Paula) As duas com o John? Ao mesmo tempo? - Sorrindo para a sua amiga.
-(Paulo) Eh, que contentes que ficaram! Não precisam de pôr esses risos esgalhados de contentamento... Podiam disfarçar um pouco, não acham?
-(Joana) Não estávamos a pensar em fazer o cheque com ele... mas, não está nada mal pensado.
-(Paula) Mor, eu vou contar o que estávamos a planear.
-(Paulo) "A planear"?!
-(Paula) Sim, para o nosso cheque em branco. Desde que eu realizei a minha fantasia com o meu ex... 
-(Paulo) ...e o outro monte de merda... 
-(Paula) ...e cont... O Jorge não é nenhum monte de merda. Deixa-te de ser assim, se faz favor. Isso já passou! Como eu estava a dizer: aqui a menina Joana, começou com as perguntas de como era fazer sexo com uma pessoa de cor.
-(Paulo) Fodasse, ô Joana, não te chega o que tens?
-(Joana) Quem és tu para dizeres-me isso? Que lata do caraças! E vocês os dois? Nós as duas não vos chegávamos, também? Se vocês os dois podem, porque não posso eu experimentar?
-(Paulo) Epa, e tem que ser com o Jorge e o monte de merda?
-(Paula) Fogo, para de lhe chamar nomes. Não é nada disso! Iria ser com dois negros aqui da Nazaré. Iria ser dois estranhos.
-(Paulo) O CARALHO!! Pretos e estranhos? Mas agora isto é assim? Onde está o branco no meio dessa merda toda?
-(Paula) "O branco"?!
-(Joana) Eu também não percebi. Qual branco? Querem ir para o meio deles?
-(Paulo) Epa, é um cheque em branco, não é um cheque em PRETO!! E ainda por cima sem cobertura!
Fodasse, isso não. Fodam, mas pretos e estranhos, não! 
-(Joana) Ah, se forem brancos e estranhos, já podemos? - Rindo-se as duas.
-(Paulo) Ai o meu canário... Epa, tu não te aproveites daquilo que eu digo, como eu costumo fazer!
Fazemos assim! Eu e o Tonho, escolhemos os gajos num bar e depois vamos para um quarto de pensão.
Eles só farão isso à nossa frente e com duas a três galochas enfiadas na pichota e a posição será unicamente de vocês deitadas com a barriga para cima e vestidas com túnicas. Nada de beijos na boca e muito menos intimidades extra.
Foda normal e tradicional! Estas são as condições!
-(Joana) Só podes estar é gozar connosco! Escolhem tudo? Gajos, posições, galochas e não querem mais nada? Um cafezinho e bolachinhas enquanto estão a ver-nos?
-(Paula) Ô senhor Paulo, que eu me lembre, nós não tivemos direito a escolher nada com a Xana e o marido dela ou com o Carlos. E para não falar quando foi o fim de semana com o Bryan e a Nicole. Eu também não te disse nada, pois não?
-(Paulo) Não faço a mínima ideia do que é que estás a falar. Mas, nós somos homens e...
-(Joana) São homens, mas são nossos. Se nós dizemos que vamos fazer isto ou aquilo, vocês calam-se bem caladinhos, tal e qual como nos fizeram a nós.
-(Paulo) Fodasse, resposta do caralho a tua. Parece-me que andas muito tempo com a esposa do teu primo.
Que eu me lembre, nunca vos fomos ao rabo com nabos de plástico.
-(Joana) Mas vão-nos com o real!
-(Paulo) Epa... não é a mesma coisa... 
-(Joana) Não é a mesma coisa, porque nunca levaste com um a sério, porque se tivesses passado pela experiência do meu marido, agora não estavas a cantar galo.
-(Paulo) Eu tive um objeto metálico inserido dentro de mim, quase um dia inteiro. Achas que é pouco?
-(Joana) Se calhar, tens que experimentar o pretinho da Marta. Olha que a tua esposa e o meu marido, ficaram muito contentes com a brincadeira.
-(Paula) Por acaso eu gostei muito da experiência daquela noite... Não começou bem, mas adorei a parte final ... - Ficando um pouco avermelhada na face.
-(Paulo) Vai 'pô caralho! Não venhas cá com as tuas merdas que eu não papo disso. Sou muito macho... 
-(Joana) Muito macho para levar só com a tolinha? - Rindo-se.
-(Paulo) Qual tolinha... ? Fodasse, aquilo tem uma cabeçorra que parece uma corvina, pá.!
-(Joana) Faz de conta que é um prato de sushi, como tu tanto gostas.
-(Paula) Mas vocês os dois agora não se calam com essa conversa? Mor, o cheque em branco vai ser com o teu tio e ponto final. Tu é que deste a ideia!
-(Paulo) Eu é que dei a ideia?!
-(Paula) Sim! Disseste que eu telefonei-te por causa disso. Eu gosto da ideia e a Joana parece que também não se importa.
Nós sempre nos iríamos enrolar com eles, mas assim, sempre temos o inicio para nós as duas.
Só tenho é pena de a Marta não estar aqui connosco, pois ela ficou embasbacada com ele.
-(Paulo) Naonanao, eu não dei ideia nenhuma. Tu é que disseste ainda há pouco que iam fazer isso. Tu é que deste a ideia, não fui eu!
-(Joana) Eu gosto muito da ideia de ser com ele. Eu e tu, amiga. Só nós os três. Vai ser muito excitante.
-(Paulo) "Só nós os três"?! Eu também? Ah, se for assim, por mim, está tudo bem, quero é que se fo... 
-(Paula) Não, mor. Às vezes, pareces que és burro ou fazes-te de burro. Nós os três: Eu, a Joana e o John.
Tu, mor... tu ficas a olhar!

Swinger's Diary - The End Of The Beginning!Onde histórias criam vida. Descubra agora