O chão frio de madeira lisa bate contra a sola de meus pés descalços.
A jovem loira anda ao meu lado, em silêncio, e não consigo evitar encarar seus dedos dourados. Se eu fechar um pouco os olhos, suas mãos parecem parte de uma estátua italiana que vi em um dos livros de meu pai, anos atrás.
— Por quanto tempo eu estive desacordada? — pergunto.
— Quase dois dias — ela solta. — Todos vocês chegaram aqui em um estado deplorável, mas seu caso foi um pouco diferente, pois você estava em um estado grave de hipotermia. O antídoto que tomou, limpou seu corpo da radiação e ajudou com as outras fraquezas, mas seu sono foi tão profundo que pensei que tínhamos te perdido.
— E quem fez tudo isso comigo? — aponto para o cabelo e as roupas limpas.
— Eu mesma me encarreguei de te dar um banho e te vestir, você estava mais suja que um gambá — ela ri discretamente. — Essas roupas são suas, não se preocupe. Seu armário está cheio de peças novas, espero que goste. Seus amigos também ganharam.
— Obrigada — agradeço. — Me desculpe, mas por que você está sendo tão gentil? — pergunto, desviando de um sofá azul de veludo.
Não sei exatamente onde estou, mas é um lugar pitoresco, que me faz pensar em contos de fadas.
As paredes são de madeira, e a moldura das janelas redondas é pintada de um verde desbotado.
Passamos por Pluvia e Macaire, que estão praticamente se matando, brigando no chão de uma pequena cozinha por uma discussão boba enquanto soltam gargalhadas que presenteiam meus ouvidos.
A jovem de cabelos dourados abre as duas portas de vidro com a mesma moldura esverdeada das janelas, e revela um galho robusto que faz papel de ponte. Ela vai na frente, e eu tomo liberdade para olhar para todos os lugares ao meu redor. É uma casa na árvore, dividida em três partes pelo carvalho gigantesco, cada uma com pelo menos três cômodos invadidos por um galho ou outro que os atravessa. Há cerquinhas de proteção ao redor da plataforma de cada parte da casa, e a mais baixa dá acesso à um galho inclinado que serve de escada para descermos.
Pisar nos galhos ásperos da árvore, só confirma em meu coração uma sensação de realidade.
Com um pulo, toco o chão, um cobertor fofinho de musgo, folhas secas e flores silvestres no qual meus pés afundam.
— É o meu trabalho — responde finalmente —, pois sei que ninguém cruza o portal sem um motivo. Rosetrum é a lenda perfeita lá fora, sem tesouros, uma história sustentada pelo desejo de uma vida nova, de proteção. Só alguém desesperado segue as pistas até nós. Eu e minha irmã criamos esse lugar — acrescenta. — Nós demos tudo o que tínhamos para que esse refúgio existisse. Mas aqui não é como lá fora, como o mundo com o qual você está acostumada.
— Como? — quero saber, apesar de ter medo da resposta.
— Rosetrum emergiu do sangue, e isso gerou algumas consequências. A magia aqui, não é tão pura quanto a do lugar de onde você vem, e às vezes, exige sacrifícios. Com o tempo você vai aprender, e se adaptar. Mas agora, precisamos conversar sobre algo mais sério.
Outra Caelestis, meu cérebro me avisa. Tome cuidado com ela.
Ao meu redor, a floresta se expande em tons de verde, e uma névoa fraca congela o ar, se acumulando mais perto do chão, e sendo cortada por nossos pés enquanto passamos. Não há uma casa sequer que não esteja em cima de uma árvore. O chão parece ser reservado para canteiros de flores e estátuas de mármore cobertas pela vegetação, decorando o ambiente com poses dramáticas de casais e damas carregando buquês de flores.
Reconheço uma das esculturas, já a vi em algum dos livros antigos de meu pai. Apollo e Daphne, um dos meus mitos favoritos.
A história conta que Cupido atingiu o deus do sol e das profecias com uma flecha de ouro, e Daphne, uma ninfa, com uma flecha de chumbo. Assim, Apollo se apaixonou por ela, mas a ninfa só conseguia sentir repulsa pelo deus. Ele começa a persegui-la pela floresta, mas Daphne suplica a seu pai, Peneu, que mude suas formas, e então ela se transforma em um loureiro viçoso, encerrando a perseguição e assim, se libertando. Daphne foi o primeiro amor de Apollo, e o deus adotou as folhas de louro como um símbolo após perder a amada.
Encaro a escultura, extasiada com os detalhes de profundidade e as formas perfeitas das folhas que crescem das mãos da ninfa, a transformando lentamente em um loureiro.
— Eu fiz alguma coisa errada? — pergunto finalmente.
Começo a listar na minha mente as últimas semanas: incêndio, guerra, traição, assassinato.
— Você já deve ter percebido isso — ela diz calmamente, levantando as mãos e mostrando os dedos dourados. — Quando eu te toco... sinto uma parte de sua alma, uma lacuna. Você morreu.
Suas palavras me tiram do eixo novamente.
Eu morri, ela está certa. Ninguém além de mim sabia disso, até agora. Pluvia me tirou da água já sem vida, mas ela não ficou me questionando quando acordei, porque eu consegui convencê-la de que ela salvou minha vida, e não contei nada para ela depois disso.
A memória da água limbosa do pântano retorna, descendo pela garganta como fogo, queimando meus pulmões em uma agonia zonza. Preciso lembrar a mim mesma de que não estou me afogando entre alucinações e memórias reprimidas na floresta sombria.
— Sei que é difícil, mas você precisa se abrir sobre isso. É de extrema importância que você saiba o perigo que corre.
— Defina "perigo".
— Lacunas significam favores, que podem e vão ser cobrados em um futuro próximo. Você não se lembra de como aconteceu, não é? Sua única memória do mundo dos mortos é de você mesma, sozinha.
— Haviam linhas — entrego. — Cordas vermelhas.
— As cordas do destino, sim. Mas você não se lembra de ninguém com você, não é?
— Era solitário — respondo. — Ninguém me via nem ouvia. Então eu fui arrastada para meu corpo novamente e acordei.
— O cordão de prata — ela conclui. — É basicamente uma ligação entre o seu corpo e você mesma. Quando uma pessoa morre sem muitos danos físicos, o cordão só é quebrado depois de alguns minutos. Se você for esperta, pode voltar, mas só com a ajuda de outra alma. É disso que estou falando. Você não voltou sozinha, Fórzia. Alguém te trouxe de volta.
— Quem? Quem me trouxe de volta?
— Só você pode dizer.
Ótimo. Só depende de mim. O problema é que quando as coisas dependem de mim, elas não terminam bem.
— Você disse algo sobre favores. O que isso significa?
— Uma alma só ajuda outra em troca de algo. Pode ser uma coisa simples, como dar um beijo na bochecha de um ente querido que ela não conseguiu se despedir, ou algo mais difícil, como vingança.
— Mas como eu vou saber o que preciso fazer, se não lembro de ninguém me ajudando a voltar?
— Você pode não se lembrar, mas havia alguém lá. E essa alma vai lhe cobrar.
— Depois de quase uma semana?
— Quando o momento chegar, ela vai aparecer. Mais alguém sabe disso?
— Pluvia me tirou do pântano. — A jovem faz uma careta, provavelmente imaginando o local estranho no qual me afoguei, mas não me incomodo. — Mas ela não sabe de nada. Não contei sobre o que vi.
— É melhor assim. Por enquanto, você precisa descobrir quem te ajudou, e quanto isso vai lhe custar.
Perambulando por um jardim de rosas vermelhas, dou de cara com uma garotinha ruiva com asas angelicais nas pequenas costas. Não consigo afastar o pensamento de que aquelas asas devem de ser tão pesadas quanto uma mochila cheia de livros.
Não consigo tirar da cabeça as palavras da jovem de cabelos dourados que sequer sei o nome. Como isso pode ter acontecido? Não é como se eu me lembrasse. Talvez seja outra memória reprimida, ultimamente isso tem acompanhado meus passos.
Apesar de estar longe da floresta, sinto que nunca saí de lá, pois o lugar parece apenas uma versão mais intrigante do outro lado da fronteira.
Escondido atrás de uma barreira de espinhos mortos, há um grande lago de ninféias. Parece que elas estão em todos os lugares, desde que saí do vilarejo: o lago onde Clément quase me matou; na casa de Edmond; entre o penhasco e a floresta das alucinações; aqui.
Um barco pequeno flutua nas margens do lago, sob a sombra de uma árvore. Fierce está deitado com as costas contra a madeira, ao lado do remo comprido. Ele parece estar dormindo sob o céu azul, então me esgueiro pela barreira de espinhos até a árvore, e me deito debruçada sobre os galhos inclinados sobre o barco, de costas para o céu, enquanto espero que ele acorde.
Para a minha surpresa, Fierce abre os olhos assim que que escuta o chacoalhar das folhas da árvore.
— Você não morre nunca? — Fierce provoca, com as mãos atrás da cabeça.
— Vocês não vão se livrar de mim tão cedo — declaro. — Onde estão os outros?
— Não seja tão apressada. Eu acabei de acordar, não sei nem como vim parar aqui — ele esfrega os olhos.
— Você não deveria estar longe dessa água?
— Por quê? Alguém morreu aqui? — seus olhos percorrem o lago de ninféias.
— A radiação — o lembro.
— Ah, baboseira. Aquela cidade pela qual passamos tinha radiação, mas já fomos limpos. Aqui não há nada que nos ofereça perigo, Fórzia. Estamos bem.
— Eu vi uma criança com asas — comento.
— Caelestis também tinha asas, e nem por isso ela era uma mutação causada pela radiação. É só desconhecido, não precisa ser explicado.
— Você fala como se ela estivesse morta.
— E não está? Sei que tentaram deixar ela viva, mas você viu como ela estava. É quase impossível que ela tenha sobrevivido.
— É quase impossível que alguém tenha asas — retruco.
— Nada é impossível.
— Mas você acabou de dizer que é quase impossível que ela tenha sobrevivido.
— Quase. Não disse que era impossível.
— Você consegue parar de ser tão confuso?
— Isso sim é impossível.
Fierce fica em silêncio por um tempo, pensativo. Ele está sempre pensando.
Seus dedos ficam apertando a ponta do sobretudo preto, e não consigo evitar pensar que nem uma vida nova consegue fazê-lo parar de usar roupas escuras.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não é nada — ele olha para o céu pincelado de nuvens. — É só que... Agora vocês estão livres de mim. Não precisa fingir que se importa.
— Livres? De você? Do que está falando?
— Eu fui um aliado seu, me enfiei na confusão e fugi com vocês — um músculo em seu rosto se contrai. — Mas Edmond me odeia, e o resto de vocês só me suporta por educação. Agora estamos seguros, você não precisa mais se incomodar em me dar bom dia ou perguntar como estou.
Por um momento, permaneço atônita, com a boca escancarada de surpresa. Juro ter ouvido o barulho do meu queixo caindo na água. É isso que Fierce pensa? Ele acha que só conversamos com ele por educação? Que não somos seus amigos?
— Eu te considero uma parte importante da minha família, sabia disso? Não a de sangue — acrescento. — A nossa, a que construimos na floresta, entre gritos e correrias.
Fierce fica me encarando como uma criança que derrubou o ovo de páscoa no chão. Ele parece uma pedra fria às vezes, mas agora, eu só consigo enxergar o garoto frágil que se esconde dentro das roupas escuras e do olhar sedutor.
Não sei como ele acabou sozinho – antes de tudo isso –, mas por tudo que vejo nele, posso imaginar que não tenha sido algo fácil. O passado que ele esconde é maior que só algum tipo de abandono ou morte. Mas acredito que esse não seja o melhor momento para fuçar seus segredos.
— Você é minha família — concluo. — E você é importante...
Antes que eu possa terminar de falar, Fierce se levanta com um pulo, se desestabilizando no barco que chacoalha aos seus pés, por pouco ele não cai de costas na água.
Ao recuperar o equilíbrio, ele se estica em pé e abraça meu braço – já que não há como me abraçar corretamente, considerando minha posição na árvore –, que pende solto sobre o barco.
Sinto uma gota minúscula percorrendo meu braço, e não preciso pensar muito para saber que é uma lágrima. Mas Fierce nunca me deixaria vê-lo chorando, não é assim que ele faz as coisas. Ele solta meu braço com pressa, e volta a se sentar no barco de costas para mim, fechando as portas de seu coração novamente enquanto observa a floresta do outro lado do lago.
— Não precisa...
— Já te contaram onde estamos? — pergunta, cortando minha frase ao meio.
— Rosetrum — respondo. — Estamos em Rosetrum.
— Sim, mas já te contaram a história desse lugar?
Balanço a cabeça em negação, e apesar de estar de costas para mim, Fierce toma meu silêncio como uma resposta.
— Mavka criou isso tudo com a irmã dela — ele olha para as árvores na margem do outro lado. — Bruxas. Precisavam de um lugar secreto para que pudessem escapar da realidade por um tempo.
O nome dela é Mavka, faço uma nota mental.
— Elas fizeram tudo isso sozinhas? — interrompo.
Ele assente.
— Criaram um conto de fadas, Fórzia. Só que em todos os contos de fadas, existem sombras.
— Ainda não entendi.
— Seus sonhos consagraram as florestas, os lagos, o céu estrelado... Mas seus pesadelos deram vida às coisas que vimos quando caímos do céu. Mãos que surgem dos arbustos, a neblina que nunca cessa, entre outras coisas. O bem e o mal, perfeitamente balanceados.
Olho para a floresta. As árvores são rodeadas por uma neblina fria, mas também são cheias de frutos e flores que decoram os galhos. Pássaros pousam em seus ninhos no alto de pinheiros viçosos, soltando notas melódicas no ar enquanto desfilam pelo céu.
Fierce aponta para um vão cheio de névoa entre dois carvalhos, e preciso apertar os olhos para enxergar o que ele está tentando me mostrar. No espaço entre as duas árvores, um vulto escuro corta a névoa. É rápido demais para ser identificado, mas consigo distinguir uma cauda comprida e patas traseiras que poderiam matar alguém com um único coice. A visão me dá arrepios e uma sensação horrível aperta meu peito, me obrigando a piscar duas vezes e desviar o olhar.
Quanto mais longe eu ficar dessas criaturas, mais segura estarei, digo a mim mesma.
Ótimo, como se aquelas pessoas malucas da floresta nos perseguindo com tochas acesas e lâminas não fossem o suficiente. Agora também temos aberrações enormes tiradas de pesadelos que sem dúvidas são o resultado de noites escuras assistindo filmes de terror no sofá de casa.
Ao olhar para trás, vejo que Mavka está deitada entre as roseiras, com um longo vestido branco e alguns ramos de plantas entre os dedos. Mas ela está sozinha.
— O que aconteceu com a irmã dela? — indago, fuçando as cascas da árvore com a ponta dos dedos.
— Também não entendi essa parte. Apza me disse que ela morreu tentando fechar o portal, ou algo do tipo, mas não entrou em detalhes, e eu não perguntei mais sobre o assunto.
— Quem é Apza?
— Ah, ela também mora aqui — ronrona, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Ela tem mais ou menos a sua idade, você vai gostar dela.
— Como pode ter tanta certeza? — brinco.
— Vocês duas são meio tontas e esquisitas — ele ri, passando a mão pelos cachos sedosos.
O jantar é deslumbrante. Com uma fileira gigantesca de dezenas de mesas, formando uma linha comprida que perco de vista. Aqui todas as principais refeições são coletivas e feitas ao ar livre.
Mavka de vez enquando encara a comida como se estivesse mergulhada em lembranças, e só consigo pensar que a causa de sua distração é a irmã que não está presente no banquete – e nem estará.
Falena está bem ao meu lado, beliscando alguns pedaços de carne e por vezes bebericando o vinho na taça de cristal. Ela ainda está um tanto pensativa e há momentos em que parece não nos notar, mas aceita nossos convites para conversas curtas sobre Rosetrum. Até agora, nossa conversa mais longa consistiu em teorias sobre as aberrações que habitam a floresta.
O que mais me assusta, é que de fato, nós estamos na floresta, tendo um jantar, morando entre as árvores. Mas Fierce disse que as criaturas procuram manter distância de grupos com mais de cinco pessoas – não que isso me deixe menos paranóica.
O isqueiro de Daphna não sai das mãos de Falena, e quando ela não está brincando de acender e apagar a chama com um sopro, ele está grudado em seus dedos, mesmo enquanto ela conversa ou come. Pelo menos está se recuperando. Aos poucos, mas conseguir sustentar diálogos e beliscar a comida já é um grande avanço.
A mãe de Veuria fez amizade com algumas senhoras, e está sentada com elas, umas dez cadeiras à direita. Uma das mulheres está marcada pelo apodrecimento das plantas ao toque. Até onde sei, ela tem um tumor na cabeça e não vai durar muito. Pluvia disse que Mavka pode "concertar" ela, mas isso custaria caro nas condições da magia, e é por isso que a mulher se recusa a ser curada. Acho a situação triste, mas a admiro por estar tão calma diante da morte. Todos estão fazendo o que podem para tratar a mulher com carinho e respeito por sua partida eminente, e ela agradece com sorrisos, mas deve ser estranho receber gentilezas apenas porque está morrendo.
Durante o jantar inteiro, Edmond me chuta por debaixo da mesa enorme. Ele está de frente para mim, e cutuca meus pés com os dele, quando eu o encaro, ele solta um sorriso entre o tímido e o malicioso, e desvia o olhar como se não estivesse fazendo nada.
Ao meu lado, Macaire me dá um cutucão apenas para rir da minha cara.
— Eu deixaria vocês dois a sós — ele comenta baixinho. — Mas ainda teriam pelo menos quinhentas pessoas aqui, então acho que um a mais ou a menos não vai fazer muita diferença.
Dou um soco fraco em seu ombro, e ele finge que o golpe foi dolorido, fazendo uma careta exagerada e rindo.
Pluvia está entretida com Apza, a garota que Fierce citou na nossa conversa mais cedo, enquanto Eden a encara sem saber como iniciar um diálogo.
Ainda não fomos apresentadas formalmente, e isso só aumenta minha curiosidade sobre ela. As madeixas caem sobre os ombros cor-de-café como cortinas de seda, os lábios carnudos e o nariz arrebitado transmitem um ar de realeza. Mas o mais interessante sobre ela, são os olhos, completamente escondidos pelas asas majestosas das mariposas brancas. Não sei como ela consegue enxergar, mas não tenho coragem de perguntar diretamente. As asas são compridas e apontam para cima como caudas, além das manchas cinzentas e azuladas que formam um círculo em cada asa, como se fossem os olhos de Apza. É estonteante, e ao mesmo tempo me sinto amedrontada.
Um grande número de pessoas em Rosetrum tem algum detalhe que os diferencia dos outros. Asas. Mariposas nos olhos. Torrões de musgo nos ombros. Pele transparente que deixa as veias à mostra. Cristais que nascem nas bochechas. A lista é enorme. Foram essas diferenças que os trouxeram para cá.
Pessoas como eles, são praticamente adorados na floresta ou qualquer outro lugar. Caelestis tinha asas, e por isso foi levantada em um pedestal até o cargo de líder do Povo da Floresta. Essas pessoas não quiseram nenhum tipo de multidão fanática atrás delas, muito menos a responsabilidade de cargos de poder.
Mas é claro que nem todos são assim. Muitos – como nós – vieram apenas pela promessa de uma vida nova. Para fugir. Sobreviver.
A tortura acabou, essas pessoas são como você. Aqui não há perigo, você pode descansar.
É com esse pensamento, que finalmente baixo a guarda.
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Forest Embers and Rooting Souls - FEARS (Concluído)
Fantasía🏆 VENCEDOR DO WATTYS2020 NA CATEGORIA YOUNG ADULT🏆 PLÁGIO É CRIME (ART. 184 DO CÓDIGO PENAL). CRIE SUA PRÓPRIA HISTÓRIA UTILIZANDO SUA CRIATIVIDADE. caso saiba de qualquer cópia de trechos ou mesmo da minha história completa, por favor, me avise e...