Quando a primeira colméia surgiu na porta de entrada, meus pais impediram que qualquer um tentasse retirar aquele tão simbólico presságio de sorte, como resultado de suas superstições, as abelhas resolveram expandir seu domínio e tomar conta de mais algumas janelas, uma delas é a do meu quarto.
Acordar com um zumbido porque uma das construtoras se emaranhou em meu cabelo já é um hábito quase diário, não tão ruim como quando uma delas resolve me acordar com uma ferroada ardente. Acontece que hoje não tenho tempo para arquitetar um plano para remover a colméia com uma desculpa fajuta para que meus pais não desconfiem, hoje todos os zumbidos são aclamados como um único, grande sinal de êxito.
É dia de renovar a aliança com o Povo da Floresta, e como prefeito do vilarejo cuja população é deveras maior que o normal para tal nominação, meu pai está se aprontando para a cerimônia, na qual ele é escoltado para dentro da floresta, na intenção de se encontrar com o líder do povoado, e discutirem a relação entre os dois lados. Acontece que a aliança foi feita para que ambos os povos se tolerem, uma vez que as pessoas da floresta costumavam matar quem cruzasse a fronteira para se aventurar entre alguns arbustos de bargas. Crianças nunca foram excessão. Mas com os acontecimentos recentes no vilarejo, eles podem querer romper a aliança, e sei que isso preocupa meu pai, pois a situação não envolve apenas o nosso vilarejo e a floresta, mas talvez todos os vilarejos e todas as florestas. É complicado.
Sei apenas o que já li nos livros antigos, sobre como era a vida antes da guerra.
Primeiro vieram os conflitos pela água e as novas doenças pelo mundo. Alguns países trocavam faíscas, deixando a população apavorada, e então a antiga Rússia fez um movimento perigoso enviando uma bomba nuclear para o que era os Estados Unidos e, de repente, a Terceira Guerra Mundial explodiu. Novas armas de destruição foram criadas, alianças foram feitas e quebradas, o exército foi chamado e a civilização começou a sentir as conseqüências. Foram sete anos de destruição, a radiação acabou com a vida na maior parte do mundo, apenas alguns países conseguiram sofrer poucos danos, o resto dos sobreviventes se perdeu pelo mundo, entre os escombros e as pilhas de corpos.
As pessoas ainda estavam paralisadas, tentando recuperar o que haviam perdido, o céu estava cinza, o sol vermelho pela poluição e, com os cenários miseráveis de insalubridade, novas pragas começaram a se espalhar, matando 37% da população restante. As pessoas começaram a viver em vilarejos – já que as grandes cidades foram isoladas –, tentando ao máximo evitar poluir ainda mais o mundo que já estava caótico o suficiente, mas muitos fugiram para as florestas, acreditando que seria o local mais seguro para a sobrevivência.
Então surgiram as fronteiras, como uma punição aos que abandonaram os vilarejos para viver nas florestas, mas obviamente ninguém as obedecia, e quando alguém as cruzava para se aventurar entre os arbustos frutíferos, ou mesmo por curiosidade, não voltava. Era cruel, crianças eram mortas por míseras bargas doces. Foi quando o acordo entre os vilarejos e as florestas surgiu, e as fronteiras passaram a ser vigiadas dia e noite pelos vigilantes, as únicas pessoas autorizadas a carregarem armas por aí.
No velho alpendre, minha mãe o apalpa, se certificando de que está tudo certo. Ela não pode ir, e embora a curiosidade sobre a floresta me afete em um estalar incessante, ainda me resta um pouco de orgulho para impedir que eu admita alta e claramente a minha vontade.
Ele vai ao encontro dos dois brutamontes que o escoltarão, mas não antes de soltar um pesado suspiro, e então os três desaparecem na carruagem branca que se distancia ao longe. Sei que não fez questão de se despedir de mim para evitar a ladainha esdrúxula de você-sabe-que-não-pode-ir. Minha mãe me lança um sorriso carregado e volta para dentro da casa, desviando de uma abelha ou outra, ela normalmente não tem tanta paciência com eventos, sempre ansiosa.
Porém enquanto ela se distrai com algum livro filosófico, meus planos são maiores.
Sair sem dar satisfações à no mínimo três pessoas, normalmente é uma tarefa exaustiva, ainda mais na data de hoje, e é por isso que me esgueiro pelas laterais da moradia até a pequena alameda de macieiras que esconde o portão dos fundos da propriedade. Eden aguarda sentado do lado de fora do muro, descansando as costas nas pedras, com uma maçã escarlate entre os dedos, provavelmente de uma das macieiras que compõem a alameda atrás de nós. Seu rosto está na mira do sol, com os cílios ruivos quase invisíveis nos olhos castanhos, por sua vez se esforçando para permanecerem abertos em meio à luz dourada. Pontos alaranjados salpicados pela pele clara. Eden morde a maçã, mastigando com lerdeza enquanto se levanta. A camisa branca se sujou nas pedras, mas as calças escuras com suspensórios continuam intactas da grama.
— Parece que vai precisar trocar de camisa.
Ele tenta olhar para as próprias costas, e a maçã escapa de seus dedos.
— Droga. Seria um prazer trocar de roupa na sua frente, mas se o senhor Nighy alí nos ver, acho que não conseguiria manter o bico calado na frente dos seus pais.
Kyle Nighy é o nosso jardineiro, ele já me pegou escapando algumas vezes, nunca contou para ninguém, mas se me visse com um garoto sem camisa, talvez resolvesse aprender a falar. Vez ou outra ele poda algumas plantas perto das macieiras, mas hoje ele está arrancando as ervas daninhas que crescem entre as roseiras da minha mãe, apesar da distância, posso vê-lo de joelhos, puxando as pragas e as jogando em uma pequena pilha morta.
— Tem razão, uma pena. Até porquê eu adoraria te ver sem roupa! — a ironia banha minhas palavras, ao passo que corro pela rua, para longe da propriedade.
— Ei! Não precisa falar com... Esqueça. — Eden dá passos largos apressados logo atrás de mim.
Contudo, a correria acaba na frente da pitoresca casa amarela que encerra a rua. Na porta de madeira com detalhes em vidro, a pintura negra mal feita de uma cobra comendo a própria cauda se destaca. De fato, nosso vilarejo tem seu charme, mas nada por aqui permanece bonito por muito tempo.
— Essa não é a casa dos Bernth? — Eden ainda recupera o fôlego, arqueado com as mãos sobre os joelhos. — Quem faria uma coisa dessas com dois velhinhos tão simpáticos?
Os Bernth estão entre os fundadores do vilarejo, tão velhos quanto minha bisavó morta. Eles normalmente não saem muito de casa, é bem provável que sequer tenham visto que foram marcados.
— Acha que devemos avisar? — hesito.
— Eles são velhos, talvez não liguem muito para essas coisas.
— Considerando que "essas coisas" são suas vidas, acho que vão querer saber que foram marcados. Além de que, você mesmo estava falando sobre o quão simpáticos eles são, minutos atrás.
Dou alguns passos na direção do portão baixinho que brilha no sol, mas Eden segura meu braço antes que eu o toque.
— Sabe que eles podem já estar mortos lá dentro.
Mesmo que eu não queira encontrar dois cadáveres na sala de estar, me sentirei culpada se não entrar e verificar se estão bem. Os Bernth costumavam frequentar minha casa, e apesar de os conhecer muito pouco, existe uma partícula aqui dentro que me impede de ignorar a Ouroboros imensa em sua porta. Solto meu braço e adentro a propriedade, mas ninguém responde às minhas batidas na porta. Ao tentar enxergar através dos detalhes em vidro, avisto uma cadeira jogada sobre a mesa estilhaçada, e é o suficiente para que eu recue. Eden ainda me espera parado na calçada, do lado de fora do portão, quando passo por ele, olhando para as árvores da propriedade, procurando um corpo.
— Vamos, não há mais nada a se fazer.
A primeira marca apareceu dois meses atrás, Juile Torn, uma solteirona que vivia com alguns gatos, achou que fosse um mero caso de vandalismo, mas não tardou a desaparecer. Dois dias depois seu corpo foi encontrado nas raízes de um salgueiro. Antes disso, a Ouroboros era só mais um símbolo antigo, mas com o passar dos dias, mais e mais casas foram marcadas, resultando em pilhas de corpos para o prefeito explicar. Ninguém sabe quem está cometendo os crimes, apenas que ataca durante a noite, entre dois ou quatro dias após o alvo ser definido, e que em todos os casos, a vítima está em uma árvore, seja pendurada, enterrada ou presa em um tronco oco.
A população caiu em cima do meu pai e, apesar de ele não admitir, o Povo da Floresta também quer respostas, e teme que os assassinatos cruzem a fronteira.
A morte é um assunto comum por aqui.
— Eu av...
— Se disser que me avisou, eu quebro seu nariz.
— Entendi. Não te avisei de nada.
Ele mal termina de falar e começa a saltitar para o leste, onde a multidão se aglomera para ver o prefeito entrando na floresta, minha mãe deve estar tendo uma ótima manhã de leitura enquanto essas pessoas se batem para enxergar melhor o evento. A visão de Eden se perde na multidão, e não me arrisco a entrar no meio de tanta gente quase se agredindo. Continuo procurando, contornando o perímetro até avistar a cabeleira vibrante que se desloca para longe.
Segui-lo não é tão difícil, Eden anda com desleixo, sempre fazendo muito barulho e deixando rastros de flores quebradas por onde passa.
Enfim o encontro no lago, nadando como um pato desajeitado, mergulhando para depois emergir com um chacoalhar de cabeça, como se seu cabelo fosse se secar magicamente. Ele faz de propósito, porque sabe que não sei nadar. Eden já tentou me ensinar várias vezes, mas sempre que fico imersa me sinto perdida, penso que vou desaparecer em meio à tanta água e nunca mais me encontrarão.
Me sento na grama, ao lado de seus pertences, observando seus movimentos sem poder imita-los, e por um momento, reparo no nosso contraste, mas o devaneio acaba com a água gelada que ele faz questão de jogar em mim.
— Acha que o Povo da Floresta vai quebrar a aliança?
— Por que pergunta?
— Seu pai não quer admitir, mas o vilarejo todo sabe que eles estão com medo de que os assassinatos invadam a floresta.
— Até onde eu sei, qualquer um pode ser o assassino. Até você.
— Como descobriu, querida Ophelia? — um misto de surpresa e ironia pinta sua cara sardenta.
Minha reação é uma risada. Alguns anos atrás, quando eu ainda estudava na escola do vilarejo, antes de começar a ter aulas em casa, eu fiz parte de uma peça de teatro. Era uma peça importante para mim, pois eu sonhava em interpretar Ophelia, a dama que se afogou na tragédia de Shakespeare. Particularmente, sempre tive afeição pela personagem. Acontece que, na época, eu não era exatamente um exemplo de pessoa – não que muita coisa tenha mudado –, e acabei não sendo escolhida para o papel. No meu lugar, escolheram Margaret Keencie, que nunca foi com a minha cara. Mas, como eu era dez vezes mais ousada do que sou hoje, não deixei barato. Eu tinha ficado encarregada dos figurinos, e como tinha acesso aos bastidores, acabei trocando, sem querer, o pedaço desnatado de torta de Margaret, por uma receita um pouco mais encorpada. É claro que eu sabia sobre sua intolerância a lactose, e usei isso a meu favor. Como ela precisou sair correndo na direção do banheiro minutos antes de se apresentar no palco, e eu por pura coincidência, sabia todas as falas e cabia perfeitamente no figurino, fui chamada para interpretar Ophelia em seu lugar. Foi cruel, preciso admitir. Mas Eden se lembra do ocorrido até hoje. Ele interpretou Hamlet na peça, e me lembro do espanto em seu rosto quando me viu entrar no palco no lugar de Margaret. Em uma das cenas, ele se aproximou de mim e sussurrou em tom de brincadeira:
— Você matou ela?
Tive de me esforçar para conter a risada e não estragar tudo. Margaret Keencie me denunciou para a diretora da escola, logo depois das cortinas terem se fechado, e meus pais foram convocados para uma conversa sobre meu comportamento.
Fiquei de castigo por um mês inteiro, sem sair de casa. Não podia nem ver Eden. Margaret nunca mais falou comigo depois do ocorrido, acho que ela ainda guarda um pouco de mágoa em relação à minha pessoa.
Alguns meses após o ocorrido, fui arrancada da escola e comecei a ser educada em casa. Desde então, nunca mais participei de uma peça, ou frequentei uma sala de aula. As vezes ainda vejo Margaret pelas ruas do vilarejo, mas na maioria delas ela muda de calçada ao notar minha presença. Acho que eu a deixei um pouco traumatizada.
Sinto falta de frequentar a escola, mas ao menos ainda tenho Eden.
Penso bem na pergunta que ele fez, mas não há resposta certa.
— Não sei se meu pai conseguiria manter o vilarejo seguro se houvesse uma quebra de contrato — brinco com o bordado de minha calça.
Meninas não usam calças normalmente, as poucas que se arriscam são rotuladas como mais-propensas-à-cair-na-tentação, entre outras coisas retrógradas que habitam as cabeças no vilarejo. Meus pais não fazem questão de proibir que eu as use, especialmente minha mãe, que apesar de não admitir, se deleita com a audácia.
— Quem você acha que é o assassino?
— Pode ser qualquer um, Eden. Desde a moça da padaria até o senhor Nighy.
— Não tem medo, por não saber quem é?
— Não, não acho que teria coragem, seja lá quem for, de mexer com a família do prefeito.
No momento em que as palavras saem de minha boca, desejo alcançá-las, e enterrá-las profundamente em minha garganta de forma que se apaguem.
— É uma pena, que nem todos temos esse privilégio.
Ele sai da água, vestindo as roupas secas no corpo molhado.
— Desculpa. Eu fui idiota, não queria dizer aquilo.
— Tudo bem, preciso ir, de qualquer forma. Prometi para minha mãe que abriria a floricultura hoje.
— Mas ainda é cedo! Por favor, eu não quis dizer nada daquilo.
— O problema é que você nunca quer dizer nada! Mas sempre acaba falando tudo! Acha que essa foi a primeira vez?
Eu só quero me afogar por ter dito algo tão estúpido. Eden sequer se despede antes de sair pisando firme na grama, deixando um rastro molhado de desgosto para trás. Meu ser se limita à observar, não há mais nada para mim aqui.
O caminho de volta não é tão empolgante quanto o de ida, quando eu seguia os passos desastrados de Eden, mas como estraguei tudo, tenho de me contentar com os resultados.
Descalça, sinto a grama molhada na pele nua, ainda seguindo o rastro de Eden. Ele deve me odiar, crescemos juntos e nunca o vi ficar tão bravo.
Paro de seguir sua trilha e de súbito, sinto o chão me engolir em uma queda dolorosa. Ao meu redor, vejo apenas o que a luz que vem de cima me permite: raízes grossas nas paredes rochosas, trepadeiras por todos os lados, esculturas em mármore e uma fonte impregnada de folhas. Um santuário esquecido pelo tempo, enterrado pela evolução. Sinto a dor agonizante, acompanhada pela visão inquietante da perna rasgada do joelho ao tornozelo, em uma poça escarlate crescente. Acima de mim, uma rocha pontuda pinga sangue na cabeça da estátua feminina.
— PRECISO DE AJUDA! EDEN! ALGUÉM? — minha voz ecoa pelo ambiente.
Faço algumas outras tentativas, gritar não é uma delas. Por vezes tento escalar me agarrando às raízes, mas quando uma delas não está podre, minha perna falha e volto para onde comecei.
A temperatura não é mais a mesma, e o sol está bem acima de mim, estou certa de que os ponteiros do relógio marcam meio-dia.
O sangue foi estancado com o torniquete improvisado, feito com uma tira rasgada de meu traje em frangalhos, não acho que tenha sido mortalmente profundo, mas sim que a dor ao lavar a perna estraçalhada na fonte fora provavelmente por nada, vendo que essa água está aqui há um bom tempo, e que se não evitar uma infecção, será a causa de uma.
Andar se torna complicado com uma perna a menos, mas preciso achar uma saída que não seja pelo buraco acima de mim. Meus olhos percorrem o perímetro, capturando a imagem de estátuas divinas, assim como um mar de histórias escondidas em línguas antigas pelas paredes, se eu estiver pisando em um santuário de fato, deve de haver uma porta ou passagem.
Os espinhos das trepadeiras chicoteiam meus braços enquanto os tiro das paredes, algumas aranhas sem veneno e seres rastejantes são arremessados para longe com as pragas verdes, até que em um puxar dolorido, arranco um ramo espinhoso da frente de uma escadaria coberta por limbo, na qual cambaleio pelos degraus escorregadios, a perna latejando de dor. O longo caminho desemboca em um espaço baixo e estreito, onde saio rastejando por um buraco rodeado de raízes. Ainda no chão, me viro apenas para confirmar que acabo de ser cuspida por um buraco aos pés de uma árvore cheia de flores vermelhas.
Ao meu redor, árvores e plantas às quais não sou tão familiarizada, um ambiente completamente desconhecido pelos meus olhos, uma gelada floresta coberta por musgo verdejante.
Pequenos redemoinhos giram perto de raízes altas, com penas e folhas dançando nos funis de vento, e pequeninas criaturas rodopiando no centro. Fico entorpecida pela visão, são como miniaturas de pessoas, figuras nuas e pálidas, com cabelos curtos e olhos arregalados. Pisco algumas vezes, e consigo ver os redemoinhos sozinhos, girando por conta própria. É claro que meus olhos pregaram uma peça em mim, coisas assim não existem.
Não preciso pensar muito para descobrir que estou em território proibido. Sinto uma onda de desejo, me levando a cogitar explorar por entre as cascas das árvores, mas sigo para o lado oposto. Minha perna já não conhece mais o significado da palavra "cor", se arrastando pela grama úmida, até a cerca da fronteira cintilar sob a luz do sol. Atravesso sem hesitar, por onde em dias comuns os vigilantes ficam parados – uma exceção conveniente para o dia de hoje, onde todos somos iguais e ninguém precisa se preocupar com a proteção de algo tão simbólico –, impedindo que qualquer um ultrapasse e quebre as regras estipuladas pelo acordo, e acabo no mesmo lugar de antes, poucos metros acima do santuário perdido, ao qual sem dúvidas vou voltar quando minha perna não estiver em uma situação tão crítica.
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Forest Embers and Rooting Souls - FEARS (Concluído)
Fantasi🏆 VENCEDOR DO WATTYS2020 NA CATEGORIA YOUNG ADULT🏆 PLÁGIO É CRIME (ART. 184 DO CÓDIGO PENAL). CRIE SUA PRÓPRIA HISTÓRIA UTILIZANDO SUA CRIATIVIDADE. caso saiba de qualquer cópia de trechos ou mesmo da minha história completa, por favor, me avise e...