Minhas passadas pelos corredores da Euforic eram rápidos e minha fúria me deixava com os olhos vermelhos e ardentes. Uma raiva inexplicável brotava no meu interior.
Não era daquele jeito que as coisas eram feitas e saber que alguém continuava fazendo do modo errado, também conhecido como o modo que não era meu, me deixava completamente irritado.
Porra, nós éramos uma agência de respeito e aquela era uma das nossas maiores contas. Era aquela merda de campanha que renderia o dinheiro do décimo terceiro de todos os idiotas que não me obedeciam e que aumentariam o prestígio da agência. Mais prestígio, mais clientes. Mais clientes, mais dinheiro. Era uma fórmula básica, mas parecia complexa demais para as mentes ignorantes que trabalhavam comigo.
Nenhum daqueles funcionários era muito esperto, proativo ou qualquer uma das mentiras que eles colocaram no currículo para serem contratados e que eu, em momentos estranhos de bondade, havia relevado. Eram recém-formados, tinham uma desculpa para fazer besteiras. Nem sempre aceitas, mas ainda assim uma desculpa.
Mas ela não.
Amélia Ribeiro não era uma recém formada. E ainda assim, seguia me deixando furioso fazendo idiotices atrás de idiotices.
A manhã de merda que eu tivera não ajudava em nada a me acalmar e entender aquilo como um simples mal entendido de uma de nossas mais antigas e dedicadas funcionárias.
Mal entendidos não ganhavam prêmios.
Mal entendidos colocavam carreiras em risco.
Amélia não era estúpida, mas parecia simplesmente não entender a magnitude de nossa profissão. Sempre agindo como se ser uma simples gerente de contas fosse a sua única ambição na vida, o que a permitia continuar fazendo suas besteiras em série.
Meu foco estava nela, calma e plácida dentro da sala, e eu rumava para aquele local como um predador atrás de sua caça.
Para falar a verdade, eu me sentia como tal, no entanto, fui subitamente parado por Carolina, uma das secretarias da gerência de contas e alguém com quem eu transava de vez em quando.
- Oi, gatinho. - Carol sorriu para mim e tentou deslizar a sua mão pelo meu peito como se ela própria fosse uma gata manhosa, mas a afastei sem delicadeza alguma.
- Agora não, babe.
Não que eu fosse contra uma rapidinha no escritório. Os banheiros e as salas de xerox do segundo andar bem sabiam que não. O problema é que a raiva estava tão latente que eu precisava fazer algo em relação a ela. Algo, não. Alguém. E foi por isso que entrei com tudo pelas portas de vidro do meu departamento e indo diretamente para quem despertava toda a minha raiva: Amélia Ribeiro.
Mesmo tendo lido todo briefing, aquele documento infernal que juntava todas as ideias sem noção dos clientes e que nos dava base sobre "o que não fazer" na campanha, ela ainda estava traçando aquelas estratégias estúpidas que não dariam em lugar nenhum, que não faziam a campanha parecer com algo bom o suficiente para sequer sair da lata de lixo.
- Olá, Amélia.
Assim que parei ao seu lado, cumprimentando-a com um tom de voz que não demonstrava em absoluto a raiva que estava me correndo por dentro, a morena ergueu os olhos, levemente arregalados, na minha direção.
Amélia não era apenas minha colega de trabalho. Ela era para ser a merda do meu braço direito, era para ser a quem eu confiava todo o trabalho pelo qual eu me esforçava além da minha capacidade. Em outras palavras, se aquela agência fosse a droga de um grande barco, eu seria o capitão e ela seria o meu imediato.
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Diana
RomanceCarol Fontana estava cansada de ser apenas mais uma na lista de Miguel Santana, o maior machista que São Paulo já vira. Então, decide usar a magia para fazer com que Miguel aprenda de uma vez por todas como uma mulher se sente. Agora, como uma garot...