seis || hot girl, hands off, don't touch that

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O shopping tinha um cheiro estranho, não apenas de roupa nova, mas de outra coisa que eu não conseguia identificar e continuei em frente, entrando na primeira loja que achei, notando a presença de Amélia atrás de mim, quieta, provavelmente ciente agora de que eu não gostava de falar sobre minha família, menos ainda sobre meus exemplos femininos.

A loja, com roupas penduradas em araras estranhas e em espécies de bacias, para que os próprios clientes caçassem o que desejavam ali dentro, não era nada otimista. Mas antes que eu pudesse sair de lá de fininho, um homem grande e musculoso me abordou.

- Olá, doçura, posso ajudar?

Pode, começando por não me chamando de doçura.

Primeiro, porque eu não sou uma das suas mulherzinhas e, depois, nenhum homem come uma mulher quando chega com o papinho de "doçura".

- Qual é... – preparei a cortada, mas fui impedido por Amélia, que abraçou meus ombros e me mostrou um sorriso radiante que eu jamais havia visto em seu rosto.

- Ah, mas é claro que pode, senhor. Minha amiga aqui quer algo elegante e casual pra sua entrevista de emprego. Pode conseguir isso para ela?

O homem me mediu de cima a baixo. Mas não da forma como um vendedor que examina as medidas de uma cliente. Não, aquele filho da puta assanhado estava me avaliando como uma possível foda. Dei um passo para trás, pronto para enfiar a mão na cara dele se ele tentasse qualquer coisa e o filho de uma vaca me encarou com um sorrisinho maroto e pediu para que eu o acompanhasse.

Segurei a mão de Amélia, puxando-a junto comigo para onde quer que o brutamontes estivesse nos levando. Ele não seria louco de mexer comigo, eu ia acabar com a cara dele se ele sequer tentasse.

- Aqui temos a linha social. Acho que os vestidos ficariam bem em você. – ele disse puxando um dos modelos mais curtos de um cabide preto e o colocando na minha frente. – Você tem pernas para isso, se me permite dizer.

Não permito, cara. Não permito porra nenhuma e ainda vou te denunciar por assédio, seu imbecil.

- Vamos experimentar esse. Que tal algo mais clássico também? Talvez uma camisa ou algo assim...?

Amélia estava me ajudando? Eu a encarei confuso, mas ela ainda tinha aquele sorriso no rosto, o que deveria ser um sinal de que ela não estava tão bondosa assim. E foi a resposta do vendedor que me fez perceber que eu estava ferrado.

- Claro. Mas alguém com um corpo assim não vai querer ocultá-lo, não é mesmo? – sério que você pega alguém com essas merdas que você fala, meu filho? – Tem umas camisas mais transparentes, com renda à esquerda. Ia ficar muito bem em você.

- Foda-se. – eu disse. – Só preciso de algo pra vestir.

O homem escutou e se aproximou, provavelmente achando o meu comportamento atraente. Ele aproximou-se um pouco mais e estendeu a mão, me fazendo encolher de medo do que aquele pervertido tinha em mente e ele se afastou novamente, agora com uma camisa das que ele havia comentado sobre, em suas mãos. Amélia quase não conseguia conter suas risadas atrás de sua mão.

Eu estava literalmente cercado de filhos da puta.

- Acho que você vai querer provar essas peças, não?

- Não precisa. Elas vão servir.

Nem fodendo que eu entraria num provador enquanto esse homem estivesse nessa loja. Era bem capaz de ele colocar uma câmera escondida no cubículo. Esqueçam, eu não entro naquele provador.

- Mas elas podem não ter um bom caimento, amiga. Porque não deixa o... – Amélia se inclinou para ler o que estava escrito na pequena etiqueta presa na camisa do brutamontes – Tiago. Por que não deixa o Tiago ajudar você?

DianaOnde histórias criam vida. Descubra agora