dois || I'm just a girl, all pretty and petite

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Abri os olhos e encarei o rosto de Amélia perto demais de mim.

- Moça?

Moça? Que diabos essa maluca está falando?

Tentando me localizar e checar se estava tudo realmente bem comigo, me sacudindo com delicadeza.

- Me solta, Amélia.

Com o meu protesto, a minha subordinada me soltou e deixou que eu me erguesse sozinho, mesmo que minha cabeça ainda estivesse um tanto confusa. Meu interior não parecia tão doloroso quanto antes, entretanto ainda havia uma ligeira pressão na minha virilha, misturada com uma ausência estranha e meu peito estava parecendo pesado, inexplicavelmente mais cheio.

Com cuidado, me coloquei de pé e me apoiei no balcão da pia antes de erguer a cabeça e encarar se eu estava tão ruim quanto eu imaginava que estava. Talvez também devesse revirar as gavetas do pequeno gabinete atrás de um bom remédio para dor no corpo, que eu estava sentindo estranhamente mais frágil.

E, sinceramente, eu não torrava uma grana preta na Bio Ritmo para me sentir fraco daquela forma.

Me preocupei por alguns segundos sobre estar com uma boa aparência, com todo o desconforto que eu sentia, mas quando me toquei de que era apenas Amélia quem estava ali comigo, me despreocupei imediatamente.

Amélia Ribeiro, a moça de camisetinhas estranhas e cabelo sempre preso, que jamais usara um salto em sua maldita vida, não era uma das pessoas a quem eu desejava impressionar. Então que se fodesse a minha aparência.

Ainda não tinha ideia do que Carolina havia me dado para beber, mas fosse o que fosse, a vadia já poderia parar de comemorar. Eu não havia morrido e nem morreria tão cedo.

Eu ainda tinha que ganhar um Cannes Lion antes.

Amélia se aproximou e, novamente, perguntou se estava tudo bem comigo, mas sempre utilizando o gênero feminino. O que estava começando a me encher. Ela perdeu o amor a porra do emprego dela ou simplesmente estava a fim de que eu abaixasse as calças e mostrasse o quão grande era o que eu guardava no meio das pernas?

Mas quando fui me erguer por completo para encará-la e lhe lançar um de meus famosos olhares de desdém e repreensão, fui pego de surpresa pelo meu reflexo no espelho.

Puta que pariu!

Me agarrei ainda mais forte ao balcão, em desespero e quando tive certeza de que o mármore parecia real o bastante para que aquilo não fosse a merda de um sonho, ergui as mãos para o meu rosto. O desespero estava expresso em meus olhos castanhos claros, mas tirando os olhos, nada naquele rosto era meu, ainda que o reflexo no espelho fizesse os exatos movimentos que eu estava fazendo.

Que merda! Que grande merda!

Amélia ainda estava parada ao meu lado com os olhos revirados, como se achasse a minha reação ao ver o meu reflexo completamente exagerada.

- Poxa, moça, você não está tão mal assim. Só sem maquiagem, mas...

- Tão mal? Tão mal?

Eu estava com vontade era de esganar Carolina Fontana pela pilantragem que aquela vadiazinha sem bunda fizera comigo. Eu era o caralho de um macho e agora eu tinha... tinha...

Minhas mãos em concha apertaram meus seios, vendo o meu outro eu do espelho fazer o mesmo. Eu sentia aquele toque. Sentia meus seios inchados e podia até mesmo sentir meus mamilos. A camisa que eu usava antes, agora estava grande demais para mim, como a calça.

Que porra! Minhas mãos. Antes eu tinha dedos de macho, calejados, fortes e agora tinha uma merda de uma mãozinha pequenina e fininha que jamais aguentaria levantar um supino.

DianaOnde histórias criam vida. Descubra agora