Mais que merda

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Joshua Walker

Chato.Pra caralho.

Eu realmente achei que tinha algo estranho com esse casal, mas eles não parecem ser nada além de um casal clichêzinho norte americano, sabe? Decepcionante.

Passei a andar um pouco pela biblioteca procurando algo pra me distrair, enquanto eles continuam conversando com as outras crianças, vez ou outra sentindo um olhar sobre mim, mas ignorando. Procuro um dos meus livros favoritos: A Política, Platão, no corredor de filosofia.

-- Joshua? -- Vejo a Senhora Campbell me chamar com um sorriso na outra ponta do corredor.

Faço uma leve reverência voltando a procurar nas prateleiras meu livro, vendo-a se aproximar de canto.

-- Gosta de filosofia? -- Ela fala já estando ao meu lado, passando também a acompanhar meu olhar. -- Eu sou a Joyce, também gosto muito de filosofia, era a melhor da classe na matéria. -- Sorrio divertida.

Asceno com a cabeça sem a olhar, sem interesse.

-- Você não é muito de falar, não é? -- Como adivinhou? -- Meu marido também não era muito sociável, mas dizem que eu consegui mudar ele. -- Ela ri divertida.

-- Que legal. -- Falo simples voltando a andar até onde estava sentado antes, sendo seguido pela mesma.

Nos sentamos no assento em frente a janela, eu começo a folhear o livro, não dando muita importância pra mulher ao meu lado.

-- Você gosta de jóias e acessórios? -- A ouço falar depois de alguns minutos ali, e a olho um pouco confuso com a pergunta repentina.

-- Como assim? -- Pergunto a vendo indicar com seu dedo meu pescoço.

-- Sua corrente. Eu percebi que usa uma, então pensei que talvez gostasse de acessórios e coisas do tipo. -- Diz sorrindo.

Olho minha corrente, mas volto a olhar meu livro.

-- Ele é apenas um colar que gosto de usar. -- Digo sem muito interesse no assunto, virando minha página.

-- Posso ver? -- Pergunta sorridente me olhando.

A encaro por alguns segundos, hesitante com a ideia, mas acabando por puxar minha corrente e mostrar o medalhão sem o tirar do pescoço. Ela sorri e se inclina, observando-o com calma.

-- É muito lindo, Josh. -- Elogia gentil, voltando a sentar ereta, me olhando. -- É um presente de família ou do orfanato?

-- É um objeto pessoal, apenas. -- Falo encerrando qualquer assunto que voltasse ao objeto.

Ela ascena com a cabeça em concordância, e não volta a falar sobre ele. Continuamos ali por mais alguns minutos, ela perguntando sobre meus gostos pessoais, livros, músicas, etc e eu respondendo de maneira simplista.

-- Mas Josh reparei que você tem traços asiáticos e é bem alto pra um rapaz de 17 anos. Qual sua descendência? -- Ela continua a perguntar sorrindo gentil.

-- A Madre me falou que minha mãe era canadense e meu pai japonês. E pra média japonesa eu até que estou bem, mesmo tendo 1,80. -- Rio fraco, e a olho seguida.

-- Que bela parceria de genes não? -- Ela ri divertida. -- Fez você parecer um rapaz muito charmoso e interessante. -- Ela sorri.

-- Claro, se você diz. -- Sorrio por educação.

-- Mas Josh você sabe se-

-- Crianças hora do lanche! -- Ouço Madre Sofie na biblioteca sorridente, ainda parada em frente a porta ao lado da freira Olívia. -- Vamos, vamos. Já sabem as regras, após o lanche caso os senhores Campbell queiram conhecer melhor algum de vocês, eu irei chamá-los. Mas até lá brinquem no pátio da frente do dormitório. Ao final do dia a senhora e o senhor Campbell podem dar sua resposta. -- Madre volta a explicar de maneira calma e sorridente, olhando todas as crianças que a escutam atentas e quietas.

-- Então vamos crianças, a freira Olívia vai levá-los. -- Madre fala ao que a freira a acompanha e começa a levar os menores até o refeitório, sendo seguidas pelos mais velhos.

-- Acho que você também tem que ir, não é? -- Ela sorri compreensiva.

Asceno com a cabeça, me levantando fazendo uma leve reverência. Saio, após guardar o livro no lugar, e sigo como último até o refeitório.

-- JOSH!

Dou um pulo pra trás colocando a mão no peito arregalando meus olhos, pelo susto.

-- Porra.. Madre, para de ficar tentando me assustar toda vez que está animada. Já falei que não tenho coração pra isso. -- Dramatizo fazendo uma expressão de sofrimento.

-- Primeiro, olha o palavrão. -- Levo um tapa no braço. -- Segundo, quem é velha aqui sou eu, você tem 17 ainda. -- Ela enfatiza em tom de bronca.

-- E você tem 29. Não tá podendo falar nada, você é a Madre mais nova do seu convento. -- Devolvo no mesmo tom, sorrindo divertido.

-- Isso não vem ao caso. -- Ela agita os braços em seguida colocando as mãos na cintura. -- Eu não vim aqui pra te assustar. -- Ergo uma sobrancelha a olhando. -- Não vim aqui pra te assustar, vim saber como foi lá. Quando cheguei na sala você e a senhora Campbell pareciam estar em uma conversa boa. -- Ela sorri animada.

Começo a andar, voltando a ir em direção ao refeitório, sendo seguido por Madre.

-- Ela parecia bem interessada em mim, perguntou bastante, e mesmo sem eu perguntar me falou bastante sobre si. -- Falo calmo, sendo incentivado a continuar por Madre que ainda sorria grande. -- Foi basicamente isso, Madre. -- Paro de andar e a olho sério. -- Por favor Madre não crie muita expectativa, okay? Você sabe quais são as minhas chances e não quero ver você triste nas próximas semanas por eles não me escolherem. -- Peço preocupado por ela.

-- Okay.. Mas ainda tenho esperança. -- Vejo seu sorriso murchar um pouco e suspiro.

-- Eu sei que você... você.. -- Coloco a mão na minha cabeça, me sentindo zonzo repentinamente,e em seguida um zumbido estupidamente alto ressoar, como se perfurasse minha cabeça. Fecho os olhos com força, fazendo pressão contra meu crânio com minhas mãos.

-- Josh? -- Quase não ouço Madre falar, tento falar algo pra ela mas não sinto minha voz sair. -- Josh?!

Caiu no chão, não aguentando aquela dor desgraçada, urrando baixo.

JOSH!

Ouço uma voz estranha me chamar mas não consigo abrir meus olhos pra ver quem é, sinto meu corpo pesar e a dor cada vez mais forte, até que tudo para de girar e eu apago.

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Espero que gostem ;)

Até o próximo
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Bjs
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