Senti sua falta.

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BEOMGYU

Joguei pela décima vez uma blusa em minha cama, que agora estava repleta das peças de roupa. Coloquei a mão na testa, demonstrando estar em desespero. Mais um ano estava aí, e eu sequer sabia o que vestir para ir à escola. A minha camiseta manchada parecia me encarar enquanto dizia "eu não mandei você ir aquela festa e me manchar". Bufei, escutando os gritos de minha mãe ecoarem sobre meu quarto.

— Choi Beomgyu! Você quer se atrasar no primeiro dia de aula?! — Respirei fundo, e peguei uma blusa branca jogada acima da minha cama.

— Vai ser essa mesmo, não me importo afinal.

Me vesti rapidamente, não era uma blusa muito chamativa, se tratava de uma roupa social totalmente branca. Coloquei uma calça preta, meus all star branco, e corri para a sala.
Meus pais estavam comendo enquanto assistiam a qualquer coisa na tv, eu apenas dei um beijo em ambos e peguei minha bolsa largada no estofado.

— Boa aula, querido! — Minha mãe desejou, eu acenei para ela, e abri a porta, fechando logo depois.

Peguei minha bicicleta que se encontrava no quintal, e parti para a escola.
Enquanto eu pedalava, pensava em mil desculpas para explicar o atraso para Yeonjun, que provavelmente deve estar me esperando.
Ele nunca acredita quando digo que estava apenas escolhendo uma peça de roupa, e que isso poderia demorar horas quando se tratava de mim.
Mas estava tudo bem.
De repente percebi que o tempo estava péssimo e que provavelmente iria chover, e eu — como uma pessoa desatenta —, percebi que não tinha pego guarda chuva e muito menos uma blusa de frio.

Avistei o portão aberto da escola, deixei a bicicleta em seu devido lugar, e vi Yeonjun com uma expressão nada agradável.
Estava de braços cruzados enquanto me olhava, demonstrando estar extremamente puto.

— É sério? Pensei que eu esperaria a vida inteira! — Ele disse, indo até mim, segurando meu braço. — Que demora foi essa, Beomgyu?

— Ajudei minha mãe com a loja hoje. — Yeonjun olhou desacreditado, mas deixou isso de lado, sorrindo quando uma pessoa passou por ele.

Eu nem queria olhar, pois já sabia quem era, e sabia que se eu olhasse também acabaria sorrindo.
Mesmo que eu não queira que Yeonjun saiba da minha secreta queda por Soobin, eu não podia evitar isso.
Ninguém faz ideia do que eu sinto por ele. Tudo isso ainda era muito confuso para a cabeça de um adolescente de 17 anos, a flor da pele, se descobrindo.

— Oi, Yeonjun! — Soobin sorriu, acenando enquanto descia as escadas. — Ah oi... é, seu nome é Beom alguma coisa, não é?

— Beomgyu. — Respondi seco.

Para todos, eu sou só a simples sombra de Yeonjun. Todos me enxergam como o garotinho que fica atrás dele 24/7 horas por dia. Ele é o meu único amigo, nos conhecemos a mais de 5 anos, é como se eu e ele fôssemos irmãos de sangue.
Nunca me envolvi com pessoas de alta classe, mas ele parecia ser diferente de todos os garotos que não são bolsistas dessa escola.
Assim como Soobin, um garoto doce e que não tem maldade alguma em si.

— O que fazem aqui? — Soobin perguntou, curioso. — Daqui a pouco vai começar a aula, acho melhor entrarem.

— Você é tão cavalheiro. — Me irritava com a forma que Yeonjun sabia flertar e tinha 100% mais chances do que eu.

Revirei os olhos, vendo eles caminharem juntos até dentro do colégio. Entrei, vendo os alunos todos ali. Para mim, a amizade desses dois era algo neutro, eu não acho que Soobin corresponda os sentimentos de Yeonjun.
Não que eu não queira isso, ou deseje algum mal para ambos, mas Soobin parece apenas admirado e interessado por apenas uma coisa; Basquete.

— Te vejo depois? — Perguntou Soobin, Yeonjun assentiu, sorridente. — Tá legal. Tchau, Yeonjun e... Beom...

— Gyu. Meu nome é Beomgyu. — completei. Ele assentiu, sem jeito.

Assim que ele saiu, Yeonjun me olhou com um olhar ameaçador e provavelmente matador, me empurrando fraco contra o armário.

— O que foi? — questionei.

— Por que tem que ser tão frio com ele toda vez que nos cruzamos?

A verdade era que todos pensavam que eu odiava infinitamente Soobin. Preferia que as pessoas pensassem que eu sou um chato, do que um maluco apaixonado por definitivamente o garoto que todos são apaixonados.
Dei de ombros, escutando o sinal bater.
Obviamente deveríamos ir às nossas salas, então me despedi de Yeonjun, e me dirigi até a sala 8.
Coincidentemente, a mesma sala de Soobin.

Fui até o meu lugar, exatamente o mesmo do ano passado. Kang Taehyun havia chego, ele é só um colega de classe que sempre senta ao meu lado. Eu gosto da sua companhia, mas ele não fala muito, e as vezes age por impulso. Diz que não somos amigos, mas que me considera muito. Ele é melhor amigo de Soobin, mas mesmo assim, continua preferindo minha companhia do que a do amigo de anos. Isso é estranho.

— Oi, Beomgyu! — Ele se sentou, sorrindo.

— Oi, Tae! Como foram suas férias? — Perguntei, tentando puxar assunto.

— Foram, sei lá. Você leu o livro que eu te indiquei? — Assenti, meigo. — O que achou?

— Achei legal, precisa me indicar mais livros de romance.

— Sempre que quiser. — Sorri, vendo ele sorrir de volta.

Eu tinha todos os motivos para me apaixonar por Kang Taehyun. Gostamos exatamente das mesmas coisas, ele é líder do clube do livro da escola, e eu faço parte desse mesmo clube. Ele é gentil, fofo, bonito e engraçado. Mas, por que eu tinha que gostar logo do garoto que o meu melhor amigo gosta?
E pelo que eu conheço Yeonjun, ele fingirá não se importar se eu contar a ele que também gosto de Soobin, mas ele ficaria extremamente desconfortável, e isso com certeza me afastaria aos poucos dele.

(...)

A aula havia acabado, corri até a biblioteca antes que não houvesse mais tempo, e ali deixei um pequeno bilhete. No mesmo livro de sempre, na mesma prateleira de sempre.

"Querido, Soobin

Um ano se passou e eu sequer pude ver seu rosto.
Senti sua falta, eu não vou mentir.
Senti falta de ver você sorrindo
Dos seus dentes de coelho
E da sua risada fofa.
Seus pequenos olhos quando sorri
Sua boca perfeita
Mas a coisa que mais odeio em você, permanece em mim.
É que eu te amo muito
E te amo em segredo.
Amo muito.
Demais.
A cada dia isso aumenta.
A cada dia isso aumenta muito mais.
E isso me preocupa.

Assinado: B." 

Eu espero que ele veja...

Quando percebi que havia um outro bilhete ali, que não era meu, tentei pegar, mas fui impedido por alguém ali, e logo escondi minha carta escrita na prateleira de baixo.

— O que você quer aí? — Soobin, por algum motivo estranho, me parou.

— A-Ah... nada eu só... vi algo estranho.

— Já pegou o que queria? O portão já vai fechar, não tem nada estranho aí. — Quando ele disse aquilo, corri, esquecendo a carta na prateleira errada.

"Que droga! Ele não vai ler..." Pensei comigo mesmo, mas naquele momento não tinha mais volta.
Estava chovendo, então fui embora na tremenda chuva que fazia ali. Respirei fundo, e deixei aqueles pensamentos de lado.
Que dia complicado.

Dear Soobin Onde histórias criam vida. Descubra agora