Garotos como você.

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Quando se tratava de amor não correspondido, Yeonjun era a pior pessoa para lidar com isso.
Após se abrir e tomar coragem de contar a Soobin todos os seus sentimentos, Yeonjun foi rejeitado, mas até de uma forma amigável, que eu jamais teria a paciência de dizer essas palavras tão dóceis.

quarta-feira, escola.

Entrei como qualquer um naquele lugar procurando por Yeonjun, que estava conversando suavemente com Soobin. Me aproximei, mas não na intenção de ouvir e sim puxa-lo dali, para dar sinal de que cheguei.
Mas ao ouvir a conversa, não pude me conter de prestar atenção.

— Eu gosto de você, e não é dessa forma.

Yeonjun finalmente havia se declarado para Soobin. Eu estava feliz por ele, tanto que um sorriso abriu em meu rosto. Ele dizia as palavras que treinamos anos para esse momento, eu estou tão orgulhoso dele.
Mas, por que isso me deixa tão inquieto?

— Sabe, eu adorei o que você disse. Sinceramente, eu amei tudo até agora.
Obrigado pelo apoio, as cartas, tudo. Mas eu meio que gosto de outra pessoa então...

Cartas?
E foi exatamente isso que Yeonjun e eu dissemos ao mesmo tempo, mas eu disse em um tom silencioso para que eles não me vissem de forma alguma.

— Cartas? Que cartas? — Soobin cruzou os braços.

— As cartas que você... — Yeonjun estava confuso. — Que você deixava na biblioteca.

— Me desculpa, eu não fiz isso.

— Se não era você então, quem será?

Os dois estavam curiosos agora, enquanto eu entrava em um pequeno desespero interno.
Poxa Yeonjun, por que não deixou que ele pensasse que quem mandava as cartas era você?
As coisas só pioram, e vai ser pior se algum acaso ele descobrir, ou até mesmo Yeonjun. Eu não consigo nem imaginar.

Tempo atual.

Me dá arrepios só de me lembrar desse dia.
Yeonjun estava feliz por ter se aberto, e eu estive tão ocupado que não tive tempo para pensar em Soobin ou ao menos escrever pro mesmo.
Na verdade, aos poucos eu vou me esquecendo dele.
Eu sabia que isso não duraria por muito tempo e todas aquelas bobagens que eu escrevi foram fúteis.

Meu celular tocou umas duas vezes, eu estava ocupado estudando e preocupado com as provas do fim de ano. Enquanto Yeonjun me ligava desesperadamente, e eu nem havia percebido.
No último toque, acabei vendo as ligações perdidas, e retornei.

— Aconteceu alguma coisa? — Ele atendeu, assim eu perguntei preocupado.

Aconteceu que você não me atende! — Revirei os olhos, tentei argumentar mas ele não me deixou continuar minha fala. — estou em uma festa, te mandarei a localização e você vai vir pra cá!

Festa? Yeonjun, não tenho o que comemorar.

Não precisa comemorar, eu to tentando tirar da cabeça que fui rejeitado. Quer saber, vem pra cá logo.

Ele desligou e não disse mais nada, eu merecia isso? Talvez.
Peguei uma roupa qualquer e não muito casual, caso eu seja massacrado por Yeonjun só por conta de não ter roupas eventuais. Só o uniforme escolar e roupas da mesma tonalidade enegrecida e as vezes branca demais.
Avisei meus pais de que iria sair, eles não se importaram, afinal nunca se importam.
E, eu deveria ter continuado a dormir.

(...)

Demorei um pouco até chegar, a festa não estava lotada, e era na casa de um dos alunos.
Ele estava fazendo aniversário naquele dia, mas eu nem conhecia aquele cidadão.
Por sorte, vi meu amigo acenando para mim.
Ele jurou que aqui não teriam bebidas, e mesmo se tivesse, não curto álcool.
E de fato não tinham bebidas, as pessoas estavam mais lúcidas naquela noite.
As luzes piscando me causavam nervoso e uma agonia intensa, as cores vermelhas e azuis piscando freneticamente causavam uma tontura em mim.

— Soobin está aqui, eu devo ir falar com ele? — Yeonjun perguntou.

— Acha que deve? — Ele negou. — Então não precisa ir.

— Senta ai, vou dar uma volta. — Assenti, sabendo que essa "volta" poderia demorar a noite inteira.

De repente enquanto sentia a vibe ruim que aquele lugar passava, alguém estendeu a mão.
Levantei o rosto até o da pessoa, que infelizmente era Soobin, a última pessoa que eu desejaria ver naquele momento.
Ele estava sorridente, queria me ajudar a levantar, sendo que eu tenho pernas e controle sobre delas. Peguei na sua mão, levantando, e ele não soltou, mais uma vez.

— Vem comigo.

Meu coração gelava todas as vezes que ele dizia isso.
Ele nos levou até o terraço, o ar estava mais calmo e dava para ver o céu estrelado daquele ângulo. Soobin sorria para cada uma estrela no céu.

— Por que rejeitou ele? Não é da minha conta mas... — Ele deu de ombros.

— Não que eu não goste dele. Mas eu acho que gosto de outra pessoa.

— E... ele me contou sobre "as cartas". — Ele se atentou, e eu disse aquilo com receio e querendo apagar no mesmo instante minha fala.

— Ah, meio que tem uma pessoa, me mandando carta de declarações pra mim. — Assenti.

— E você gosta?

— Isso importa?

— Não.

Não disse mais nada depois disso, ficamos em total silêncio. De qualquer maneira eu não iria mais mandar cartas para ele, não fazia mais ideia do que escrever e nem como me expressar, já que os sentimentos estavam sumindo aos poucos.
Talvez eu estivesse finalmente aceitando que nada irá acontecer a nós dois ao invés de uma amizade saudável e bem distante.

— Posso perguntar uma coisa?

— Pode sim.

— Qual seu tipo ideal? — Ele perguntou, fitando meus olhos.

— Alguém que me ame intensamente, e viva um amor louco. — Fitei o horizonte, sorrindo. — E você?

— Eu gosto de garotos. — Engoli em seco. — Garotos que tem cabelos loiros como os seus, garotos que tem os olhos acastanhados como os seus. Garotos que tem uma boca pequena como a sua, garotos que tem bochechas fofas, assim como você.

Nos olhamos por um tempo, eu estava irradiante por dentro. Podia jurar que ele estava se referindo a mim, mas ao mesmo tempo minha mente dizia o contrário, e eu estava provavelmente me iludindo.
Estávamos tão próximos um do outro, eu estava com medo de acontecer alguma coisa e estragasse aquele momento único. Aquele momento tão... espera, o que foi isso?
Soobin transferiu um beijo delicado na minha bochecha, enquanto sorria.

— Você... — Tentei falar algo, mas da minha boca só saiu ar.

— É. Eu acho que sim. — Ele deu de ombros, se afastando.

Escutei passos largos e baixos, alguém estava subindo as escadas.

— Ah, te encontrei. — Yeonjun veio até mim, sorrindo. — Soobin? — Mas desfez o sorriso ao ver o moreno ao meu lado.

— Estávamos falando sobre quem poderia estar me enviando cartas. — Ele gargalhou.

— Ah... sei. — Yeonjun coçou a nuca, aparentemente desacreditado, mas não ligou.

Depois disso deixei ele em casa e voltei para a minha em segurança. Eu nem sabia o que pensar desse dia, por que isso está me consumindo tanto? Eu nem gosto tanto assim dele!
Que saco, por que foi se apaixonar logo por Choi Soobin, Beomgyu?

Dear Soobin Onde histórias criam vida. Descubra agora