Juntos para dominar o mundo.

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- BEOMGYU.

Faziam dias que Yeonjun não me mandava mensagens, a competição seria daqui um dia e ele ainda não havia falado comigo.
A última vez que nos falamos foi na escola.
Era um feriado qualquer, estar em casa em um dia da semana era bom.
Resolvi não mais esperar que ele respondesse minhas mensagens, eu vou na casa dele.
Arrumei minhas coisas e andei até lá.
Não era muito longe mas também não era muito perto.

Mas uma coisa era certa, nunca vou deixar de ficar chocado com  a tamanha beleza daquela casa.
Bati no portão, e percebi que ele estava no quintal, jogando basquete. Estava todo suado, e seu rosto parecia choroso.
Jogava à bola na cesta com uma certa agressividade que nunca o vi fazer antes. Apenas quando está nervoso.
Era estranho como ele estava errando todos os arremessos, ele nunca erra.
Bati mais uma vez, dessa vez forte, mas ele ainda ignorou.

Vi Yeonjun gritar de frustração por perder mais uma vez, se sentou no banco que havia ali e colocou a mão na cabeça, logo depois chutando a bola para longe, com raiva.
Acidentalmente a bola ultrapassou o portão e bateu no meu rosto, fazendo eu cair para trás. Yeonjun após perceber minha presença ali, correu desesperado.

— Beomgyu! Beomgyu! — Ele abriu o portão e me pegou no colo.

— Eu tenho pernas, seu idiota. — Yeonjun me colocou no chão, enquanto eu segurava meu olho esquerdo, pela forte pancada.

— Me desculpa... — Ele abaixou a cabeça. — Vem, deixa eu cuidar disso.

Entramos na sua casa, subi para o seu quarto e esperei ele entrar.
E de longe vinha um Yeonjun com um gelo em mãos, e uns curativos.
Meu olho estava ardente de tanta dor, doía tanto que eu queria chorar.
Mas eu obviamente não iria fazer isso, pra que mostrar uma visão tão frágil?
Me sentei na sua cama e ele fez o mesmo, retirando devagar a minha mão do meu olho.

Yeonjun passava o gelo com calma.

— O que você tava fazendo no meu portão? — Ele soltou, mas ainda concentrado no meu olho.

— Estava preocupado com você, não respondeu minhas mensagens então eu vim até aqui. — Dei de ombros. — Tá tudo bem? Parece choroso.

— Estava chorando por sua causa, na verdade.— Arregalei os olhos, mas depois gemi de dor por esse ato, esquecendo totalmente da ferida naquele lugar. — Mas vou relevar porque te dei uma bolada.

Não tive audácia de perguntar o que havia acontecido para ele chorar por minha causa.
Estávamos encarando um ao outro quando ele terminou, eu não sabia nem o que dizer, estava envergonhado demais para querer falar qualquer palavra. Yeonjun respirou fundo, e olhou para o chão, com um olhar profundo e decepcionado.

— Quando ia me contar? — Yeonjun perguntou, olhando sinceramente nos meus olhos.

— Sobre o que?

— Sobre seu caso com o Soobin. — Solucei naquele exato momento.

— Que caso? Você tá doido? — Mais um soluço, que droga!

— Eu te conheço, Beomgyu. — Ele sorriu de canto. — Você soluça quando mente.

Eu não sabia exatamente do porque ele estava bravo comigo.
Pelo fato deu ter gostado do mesmo garoto que ele, ou por ter omitido isso por um tempo.
Não sabia por onde começar se ele quisesse uma explicação. Eu não saberia explicar até porque não sou uma pessoa que nasceu para dever satisfações a alguém.
Me sentia patético, acabei de arruinar minha amizade de anos e a única que eu confio de verdade.

— Vi você e ele entrarem de mãos dadas na biblioteca. Encontrei uma carta daquele "B" jogada na quadra, Soobin me falou sobre isso. E, eu conheço sua letra. — Fechei os olhos. — Seu apelido no terceiro ano era Bee. — Ele cruzou os braços. — Tinha uma frase do seu livro favorito na carta, e era escrita exatamente como você escreve.

— Yeonjun... — Tentei falar, mas fui calado por um abraço do mesmo, que abafou seu rosto no meu ombro.

— Por que caralhos escondeu isso de mim? — Sua voz estava embargada, e meu ombro começou a ser molhado por suas lágrimas. — Tinha mesmo a necessidade de me fazer me sentir um lixo? Sabe qual foi a sensação que eu senti quando descobri? Que eu estava te sufocando e te prendendo, Beomgyu!

Junto a ele, comecei a chorar.
Talvez tivesse sido minha culpa, porque ter me apaixonado, por ter escondido meus sentimentos, ou por ter mostrado eles demais.
Eu cansei de viver sozinho, andar sozinho.
Por muitos anos achei que ser solitário seria bom para mim, mas isso era só uma desculpa para eu afastar as pessoas de uma forma discreta e cruel, pessoas me assustam, eu tenho medo de me machucar.
Porque eu só sei agradar a mim mesmo.
Não nasci para ter amigos, ou pessoas ao meu lado.

Gosto de ser independente, sem ninguém para me dizer oque fazer ou alguém para agradar.
Eu não sei ser um amigo, um irmao, ou um namorado.
Talvez esse seja o meu erro.

— Eu me senti tão culpado. — Yeonjun soluçava de chorar.

Retribui o abraço, e abafei meu rosto no seu ombro da mesma forma, segurando as lágrimas  da maior forma que consegui.

— Eu confiei em você. Você prometeu que não iria me esconder nada e eu não iria esconder nada de você. — Uma lágrima seca desceu do meu rosto. — Você me acha tão infantil ao ponto de atrapalhar nossa amizade por causa de um garoto?

— A culpa não é sua, eu só não queria te magoar.

— Acabou magoando de qualquer jeito. — Yeonjun se virou e me olhou. — Mas eu te perdoo.

Yeonjun parecia estar mais compreensível naquela tarde.

— Uma vez, quando éramos pequenos, se lembra? Naquele parque perto da sua casa.
Você me prometeu que iríamos dominar o mundo juntos para sempre, tínhamos apenas cinco anos, mas eu levei aquelas palavras mais a sério do qualquer coisa que alguém poderia ter me dito.

Eu me lembrava.
Me lembrava como se fosse ontem.
Aquele dia era tão nítido na minha mente, e eu jamais pude esquecer os momentos que passei ao lado de Yeonjun.
Nossa amizade era tao fiel e sincera, o único erro foi por eu ter tornado as coisas confusas depois de ter escondido coisas para ele.
Ele teria entendido, hoje eu vejo isso.

— Qual é, Gyu. Você é tudo pra mim, eu não seria nada sem você. — Ele limpou minhas lágrimas que, sequer percebi estarem descendo. — Não faça mais isso, ok? Nada mais importa do que a nossa amizade e sua felicidade, eu teria desistido de tudo por nós.

— Eu amo você, Yeonjun.

— Também amo você, idiota.

E juntos, iríamos dominar o mundo.
Aquilo era uma promessa.

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