É sabado.

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É um sábado, e eu estou caminhando em direção a casa dele.
Quem me visse pensaria que eu estava indo fazer algo mais que importante do que apenas estudar um livro.
Alguns passos depois, vi o número da casa de Soobin estampado na porta.
Era gigante.
Aquela casa era enorme.
Toquei a campainha esperando que ele viesse me atender, mas os portões se abriram sozinhos e eu o vi sorridente regando as plantas no seu quintal.

Sorri de volta, então ele veio até mim, me trazendo para dentro.

— Ta com fome? — Neguei. — Então vamos só subir.

As escadas daquela casa pareciam eternas, e o quarto dele cabia quase a minha cozinha inteira.
Troféis e mais troféis naquele quarto.
Estava organizado, cada coisa no seu lugar.
Me sentei na ponta de sua cama, ao seu lado, e tirei de minha bolsa o livro.

— Eu já li uns capítulos. — Confessei, Soobin cruzou os braços.

— Você disse que iríamos ler juntos, Beomgyu!

— Eu não me aguentei. — gargalhei.

Lemos algumas páginas juntos, por algum motivo aquilo me parecia divertido.
Eu sou uma pessoa que encontra diversão facilmente quando estou disposto, já o Soobin, não parece ser tão divertido.
Mesmo que ele fosse o garoto estrela da escola que sorria pelos corredores e passava uma energia alegre para as pessoas, ele não é tão animado quanto aparenta ser.
E eu não sou tão introvertido quanto os alunos da escola acham que eu sou.

— Você só precisa decorar a resenha do livro, não é? — Assenti. — Faça um resumo então.

— É isso que eu vou fazer, mas não sei por onde começar. — Bufei.

— Começa por... — Soobin folheou as páginas. — Um dia alguém vai sumir da sua vida, só porque você é intenso demais. Ou porque você é simplesmente amor demais. E algumas pessoas tem medo do amor." — citou, por fim olhando nos meus olhos.

— Tá bem.

Dei de ombros, marcando as palavras com um marca textos.
O mais curioso disso tudo, é que eu estou me entregando tanto sem perceber.
Me sinto tão fraco estando ao lado dele, como se estivesse perdendo um jogo.
Eu detesto perder.
E, curiosamente, ele também.
Estaríamos lutando por motivos diferentes, mas que acabam tendo a mesma razão.
Ele me quer por perto.
Eu quero ele longe.
Mas ao mesmo tempo, o quero a todo momento.

— Pronto, agora, o que a gente pode fazer? — Ele se aproximou de mim, suspeito.

— Não sei, o que você quer fazer?

— Ir e-embora. — Me afastei devagar.

— Quer mesmo ir embora? — Soobin disse aquilo claramente, parecia tão lindo falando.

Engoli em seco.
Ele me deixa tão sem jeito e respostas.
Sem argumentos e muito menos o que responder para ele.
Tudo que saísse da minha boca seria inútil, já que eu não quero ir embora.

— Não. — Então me aproximei dele.

— Você sempre se rende a mim, sabia? — Revirei os olhos. — Já que não temos nada pra fazer, me fala sobre sua vida, como você tem vivido. Ou sei lá, me fala algo sobre você surpreendente.

— Tem muitas coisas sobre mim que te surpreenderia. — Wow, eu pareci legal falando isso?

— Então me surpreenda.

Acho que todo mundo aqui sabe o que realmente surpreenderia ele sobre mim.
Contar que eu sou o verdadeiro autor das cartas que foram enviadas para ele, seria um choque enorme para o mesmo, creio eu.
Mas, não tenho certeza de que esse é o momento certo, talvez eu nunca conte na verdade.
Contanto que ele não me achasse brega, eu até contaria.
Mas sou inseguro o bastante pra isso.

Dear Soobin Onde histórias criam vida. Descubra agora