Me torne seu.

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SOOBIN.

Era uma sexta-feira chuvosa. Os dias por aqui não costumavam ser tão secos e frios como estavam sendo ultimamente. Talvez porque para mim, os dias tem sido sem graça.
Enquanto caminhava em direção à escola ouvindo minha banda favorita, desviava das poças grandes de água que a chuva causou. Era quase impossível chegar até a escola sem que eu sujasse meus tênis brancos.

Rapidamente, corri até dentro da escola quando avistei o local. Tirei a touca e foi como um livramento, eu odiava usá-la.
Era cedo demais para que tivessem alunos ali, apenas uns professores e o diretor estavam conversando em um montinho.
Me sentei para poder descansar as pernas, alongava meu corpo e secava minhas mãos.
Algo me tirou atenção, Beom... como era o nome dele?

Eu não me lembro, mas sei que ele estava saindo da biblioteca, com um livro em mãos.
O que ele fazia na escola a essa hora? Raramente os alunos estão aqui a este horário.
Acenei para ele, que olhou para trás, pensando que eu estava falando com outra pessoa.
Gargalhei, mas fiz um sinal para que ele viesse até mim.
Ele se sentou, ainda confuso e meio incrédulo.

— Seu nome é...?

— Beomgyu. — Respondeu seco.

— Isso! Eu sabia, eu só esqueci. — Sorri fraco, ele nem se esforçou para forçar um sorriso. — É... aonde está o Yeonjun?

— Cheguei mais cedo por conta das reclamações constantes dele quando eu me atraso, pensei que ele já estaria aqui. — abaixo a cabeça

— Ah... você quer fazer alguma coisa?

Ele olhou para mim, com uma intensidade que eu jamais percebi antes. Seus olhos eram tão bonitos, diziam muito sobre si. Ele parecia um garoto anti-social que vivia pelos corredores da biblioteca, com qualquer livro em mãos.
O rubor causado por conta do frio chamavam minha atenção mais do que qualquer característica do seu rosto, assim como seus doces lábios rosados. Espera, o que acabei de dizer?
Balancei a cabeça negativamente, ele se viu confuso.

— Você sabe jogar basquete? — Perguntei, tentando desviar o assunto. Ele negou, abaixando a cabeça. — Vem comigo.

Quando toquei sua mão, para puxa-lo, senti sua pele quente esfriar. Parecia tenso, envergonhado, ou até mesmo tímido. O levei até a quadra de basquete, um espaço fechado da escola, o meu lugar favorito depois da biblioteca.
Ele olhava por todo o lado, mas ainda parecia inquieto.

— Já veio aqui antes? — Beomgyu mais uma vez negou, sem dizer mais alguma palavra. — Gostou?

— Sim. — E finalmente, ele resolveu me responder. — Não quero ser rude... mas você poderia soltar minha mão?

— Ah! Meu deus, foi mal.

Ele sorriu meigo, algo nele estava me deixando aquecido. Aquele sentimento de quando o coração bate mais forte, eu não sentia isso a muitos anos. Na verdade, eu acho que só senti quando ganhei meu primeiro troféu.
Estar naquele ambiente, ao lado dele, me deixava mais feliz, eu só não sabia explicar o porquê daquilo ser tão bom para mim.
Eu não sei explicar esse sentimento, mas eu quero sentir.

— Você não parece tão baixinho, nunca jogou basquete mesmo? — Ele negou mais uma vez.

— Eu nunca me interessei por esportes. — Assenti, vendo ele se sentar nas arquibancadas da quadra.

Iniciei um jogo comigo mesmo, queria impressiona-lo e eu sequer sabia o motivo. Consegui acertar várias vezes, como o esperado. Beomgyu ainda duvidava que eu conseguiria acertar a cesta de costas.
Mas o provei o contrário, e como o meu planejado, ele estava impressionado.
Ele sorriu, e eu sorri de volta para si, oque me fez tremer por dentro.

— Por que não tenta? — Perguntei, jogando a bola no chão.

— Não tenho altura pra isso. — Rimos.

— É só pular. — Dei de ombros, mostrando facilidade.

— E se eu cair? — O loiro se preocupou.

— Eu te seguro.

O ajudei a se levantar, Beomgyu ficou de pé em frente a cesta. Estava logo atrás, caso ele caísse.
Foram várias tentativas falhas, ele realmente não pulava alto o suficiente. Mas foi na quinta tentativa, quando ele pulou para jogar à bola, peguei Beomgyu no colo, dando impulso para ele jogar. Senti meu coração disparar naquele momento, estava segurando a cintura dele, o quão estranho isso soou na minha mente.
Ele não era tão pesado, mas parecia em choque pelo meu ato, então parou o que estava prestes a fazer.

— Joga. — O tirei do transe, então ele continuou o que estava fazendo.

Coloquei o mesmo no chão, suas bochechas avermelhadas o suficiente para parecer um morango fofo.
Sorri, era bom saber que eu causava esse efeito em alguém. Especialmente se esse alguém fosse Beomgyu.

— Vou atrás do Yeonjun, obrigado pela companhia. — Ele sorriu, mostrando os dentes.

Foi naquele momento. Naquele exato momento.
Daquele maldito sorriso. Quando meus pelos arrepiaram, meu coração acelerou, e o mundo inteiro e tudo ao meu redor estava paralisado, apenas ele estava em movimento. Que sensação estranha, que sensação... gostosa.
Por que eu sinto que se eu não ficar com ele, ele irá fugir? Por que eu sinto que eu devo ficar com ele pra sempre? Por que eu quero que ele fique?

— Espera. — Segurei seu braço, ele se virou na hora. — Somos amigos, não somos?

— Eu acho que sim. Tchau. — Ele não disse mais nada, apenas correu e foi embora.

Passei o resto do dia sorrindo.

(...)

Já estava na hora da saída, eu não tive tempo de ver novamente o Beomgyu, apenas me despedi dos meus amigos e fui direto para a biblioteca. Estava esperando que as pessoas fossem embora e o lugar esvaziasse mais.
Corri até a prateleira de sempre, e procurei pelo que eu sempre estava procurando. Pelo único motivo deu estar ali.
E lá estava, a carta escrita em uma folha vermelha.

"Querido Soobin,

Não sei como posso me conter quando vejo você.
Eu sinto que você me percorre a cada passo que dá para perto de mim.
Quero estar com você todos os dias
Para sempre
Ao seu lado.
Eu lhe jurarei tudo
Até mesmo a lua.
Posso até lhe jurar meu coração, pegue-o e o torne seu.

Assinado: B."

Seja lá quem você for, seja lá aonde esteja. Mas eu me apaixonei tanto por essas cartas, então se prepare, pois a partir de hoje, eu vou começar uma busca até você. E não vou descansar até que eu te encontre.

Dear Soobin Onde histórias criam vida. Descubra agora