Capítulo 28

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A: OLÁ! Já faz um tempinho, né?

Esse capítulo é um pouco fortinho. Não sei em que nível isso pode fazer mal a alguns, mas sugiro que parem a leitura, se esse for o caso. Conversem comigo sobre!

Já deixo um aviso prévio: faltam dois capítulos + um epílogo pra bj acabar. Por isso, não se desesperem com possíveis acontecimentos que nesse cap foram relatados, pq eles podem mudar nos próximos episódios...... Não quero dar spoiler!!!!!! mas vcs sabem que eu não sou tão louca assim ne, então segurem a emoção.

Boa leitura :)



Luzes e paredes brancas. Sala espaçosa, com poucos objetos ao redor da mesa, que ficava ao centro. Brisa constante, vinda de uma janela lateral, especificamente ao leste, de onde os raios solares chegavam para ensopar o carpete de manchas amarelas, às vezes alaranjadas, dependendo da intensidade dos nuances. Atrás da mesa, sentada sobre uma poltrona de veludo aconchegante, apesar de imponente na sua tonalidade vermelha e vívida, estava uma mulher. Ereta, ela carregava uma expressão amigável por trás dos óculos garrafais que usava. Caso o seu cabelo ruivo, estranhamente complementar ao divã, não estivesse amarrado em um coque adulto, William poderia confundi-la com uma adolescente despojada.

— Imagino que você esteja finalmente sentindo o gostinho da liberdade. Talvez, da normalidade. — Ela pronunciou suas primeiras palavras do dia. Sua voz tinha uma rouquidão que amaciava todo tipo de palavra proferida, ainda que o tema da conversa fosse pesado. Essa era uma das coisas de que William mais gostava nela. Definitivamente gostava da suavidade profissional daquela mulher.

— Sem dúvidas. — Ele suspirou, de modo a encostar todos os músculos dos braços no tecido do divã. Aquela era uma ação inusitada para a mulher. Em quase todas as quartas-feiras, ela observava: o corpo dele ficava retraído, nunca ousando qualquer tipo de contato contra o assento do móvel. — Acho que ainda não me acostumei a isso. Hoje, por exemplo, caminhei até aqui sozinho. Consegui cantarolar algumas músicas, sem me preocupar com o que os homens da polícia federal pensariam.

A ruiva abriu um sorriso imenso, não porque havia julgado o comentário engraçado o suficiente para isso, mas porque estava novamente satisfeita com o desenvolvimento de seu paciente. Afinal, aquele era um traço humorístico sobre o qual a família já havia afirmado, ou melhor, insistido: ele tinha. Ela apenas não o conhecia.

— Confesso ter imaginado que, durante todo esse tempo, escoltado, você tentaria voltar às atividades no FBI. Ver o trabalho daqueles homens não te deixou nostálgico sobre a profissão? — Ela rapidamente se corrigiu: — Quer dizer, com saudade dos aspectos bons, dos momentos iniciais, de sucesso, adrenalina...?

— Não... — Respondeu William, com a voz grave, mostrando a convicção que trazia sobre o fato: — Eu não fui diretamente expulso, mas as coisas se sucederam de tal forma, que e-eu simplesmente sei... Não me querem ali nunca mais. E-eu não me enxergo mais naquela posição.

Passaram-se dois anos.

O homem que naquela sala enfrentava uma de suas sessões de terapia semanais, talvez a 89ª desde que fora encaminhado pela assistência psiquiátrica do FBI, era, sem sombra de dúvidas, uma alma recém-retirada do abismo emocional e físico. Após duas cirurgias para a retirada de uma bala de fogo, ou pelo menos partes dela, seguidas de inquéritos e questionamentos sem fim sobre o que havia testemunhado em Sheffield, sem qualquer descanso ou respeito pela sua recuperação, William foi duramente julgado em 25 de setembro de 2017.

Não trazia nenhuma grande informação sobre a máfia em que ficou infiltrado durante cerca de seis meses e, com o desenrolar de conversas e análises, isso soou suspeito para os gigantes do exército americano. Completamente vazio, tanto nas feições quanto nas falas, o britânico de olhos azuis respondia às perguntas dos inquéritos com extrema falta de interesse, quase sempre muito distante das situações ao seu redor. De maneira geral, se desligava do mundo conforme escutava os inúmeros "Harry Styles" sendo cuspidos por bocas alheias, raivosas, em meio a assédios de jornalistas e expectativas de poderosos militares, em timbres cada vez mais altos, clamando pela morte do homem que, em segredo, o ex-policial amava.

Blue Jeans (larry stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora