O rapaz na máscara de raposa

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Ryan se apressou pelos corredores do castelo, acompanhando o som do complexo movimento das engrenagens que compunham o local. A cronosfera em seus dedos poderia ajudar a chegar mais rápido no coração mecânico daquele lugar, mas seria arriscado demais. As modificações que havia configurado no dispositivo eram muito delicadas, qualquer uso agora estragaria suas chances de voltar para casa. E aquele lugar parecia muito um labirinto, totalmente sem sentido. Mesmo sua memória, que era muito boa, estava tendo dificuldades para achar o caminho. E sua barriga estava roncando por causa do aroma delicioso dos pretzels que o príncipe branquelo estava carregando dentro do elevador. Um completo arrependimento não ter pedido um para si.

Mas como sempre, seus sentidos de caçador de tesouro o guiaram diretamente até a câmara da cromosfera. Só precisava coloca-la de volta no devido pedestal e o plano estaria completo. Dificilmente algo poderia detê-lo agora, preparado para tudo que poderia acontecer. Exceto o retorno do príncipe Finn.

- Vai parando aí, seu ladrão. – Ryan se virou e quase caiu no chão de tanto rir. Finn estava enrolado na rede, dando pulinhos para se aproximar, segurando uma chaleira prateada nas mãos. – Agora você não escapa de mim e... – E o garoto tropeçou na rede. Nenhum desafio realmente. Ryan apenas não tinha entendido por que ao invés de sair de debaixo da rede, o príncipe apenas se enrolou e veio pulando. Ou ele era tapado como uma porta, ou de uma genialidade acima do esperado. Por via das dúvidas, iria optar por considerar seu adversário um gênio.

- Precisa de ajuda ai?

- Não, tô suave. Não é uma rede que vai me deter. Não é nem a primeira vez que isso acontece, o que na verdade é mais bizarro do que reconfortante.

Ryan não resistiu e começou a rir. O garoto parecia uma minhoca bêbada, se debatendo para se levantar de novo. Foi seu primeiro erro. Finn, conseguiu, com muito esforço, se levantar e sorrir, todo triunfante.

- Agora passe a cronosfera, sim? Não quero ter que usar violência contra você.

- Você não conseguiu nem escapar de uma rede. Acha mesmo que isso vai me intimidar?

- Não. Por isso eu tive que usar um feitiço pra congelar seus pés no lugar. Eu te distraí direitinho, não foi?

Ryan olhou para seus pés. Uma nevoa cinzenta estava cobrindo-os, espessa como cimento. E observando o rastro dessa nevoa, ela estava vindo diretamente do bico da chaleira de prata do príncipe. Definitivamente aquele não era um adversário normal e ele havia subestimado muito ele. Baixando um dedo para tocar a nevoa, sentiu dificuldade em puxar de volta. Aquela fumaça era realmente tão espessa quanto cimento.

- Me solta ou eu sei rei obrigado a ser violento.

- Solte a cronosfera. Depois que eu a pegar, aí eu te liberto.

- Não. Você me solta, eu coloco a cronosfera no pedestal e depois se você se comportar, eu te desamarro.

- Eu não sou burro. Daqui você não sai com a cronosfera.

Ryan suspirou. Não tinha escolha a não ser atacar. Ajeitou a postura, pegando o arco nas costas e mirando na chaleira do príncipe. Finn, por sua vez, ficou agitando, dando pulinhos para se aproximar. O ladrão não queria machuca-lo, mas parece que não tinha escolha. Preparou a flecha, sem soltar a cronosfera da mão e atirou a flecha em cheio na mão que segurava a chaleira. Finn largou o objeto na mesma hora, com lagrimas escorrendo dos olhos e a flecha fazendo o sangue escorrer de sua mão. Porém o garoto não gritou, e merecia respeito por isso?

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