Wonderland Dream

Caminho para Nottingham

 Os dois garotos estavam caminhando a horas. A luz do sol refletia em Finn como um espelho, lhe dando uma aparência iluminada. Suas bochechas estavam levemente coradas por causa do esforço. Havia mudado um pouco desde quando Ryan o conhecera, parecia mais alegre apesar do problema que sabia que pairava sobre ambos.

- Vai dar tudo certo, Ryan.

- Que? – O garoto parou de caminhar, encarando o outro. Como ele sabia que estava preocupado?

- Sua família. Eles vão gostar de mim, tenho certeza. Vão gostar tanto que vão me querer como filho deles ao invés de você. – Finn sorriu travesso.

- Seu sonho.

- Está me dizendo que seu não-namorado não é maravilhoso?

- Não tenho nenhum não-namorado, senhor Finn.

- Agora me senti ofendido. O que eu sou então? – O olhar fuzilante de congelar a alma. Agora era a vez de Ryan sorrir de modo travesso enquanto se abaixava, segurando as mãos do príncipe de Wonderland.

- Finn que não sei o sobrenome....

- Teril. – Ele suspirou, verdadeiramente sorrindo. Era quase certo que ele estava torcendo por isso desde o dia anterior.

- Certo. Finn Teril, esses dias ao seu lado têm sido maravilhosos. Eu tô apaixonado por você desde o momento em que te conheci naquele elevador. Você é fofo, engraçado, fica me zoando quando menos espero e as vezes é esquisitão. – Finn fingiu uma careta ofendida. Ou talvez fosse real, ele era tão bom de teatro que Ryan sempre ficava em dúvida. – Mas eu te amo mesmo assim, então seja meu namorado, por favor?

- O começo foi bom. Pontos extras por ajoelhar. Vou pensar no seu pedido.

- Precisa?

Negando, Finn o ajudou a levantar. Segurou mais forte sua mão, retomando a caminhada.

- Eu já sou seu namorado, bobão. Só estava zoando quando falei do pedido.

- Você ama me zoar.

- Sim. Agora anda, que eu quero muito conhecer seus pais e saber seus segredos obscuros.

Isso não tranquilizava Ryan nem um pouco. A ideia de seu pai e Finn no mesmo ambiente parecia aterrorizante. E aquele papo de segredos obscuros não fazia nada para ajuda-lo a se sentir mais tranquilo. E pareceu, em dado momento da caminhada, que estavam sendo seguidos. Para ter certeza, começou a fazer paradas aleatoriamente, alegando estar cansado. Finn não discutiu muito, mas quem quer que os estivesse seguindo captou muito rápido o sinal. Bem discretamente, o garoto preparou um virote na sua mini-besta de pulso, atento aos arredores. Finn percebeu que havia algo errado e instintivamente levou a mão a chaleira, que soltou um resmungo alto. Haviam esquecido completamente do coelho branco ali dentro. Captando um suave movimento no alto, entre as arvores, Ryan disparou o virote. E então um homem com quase o dobro do tamanho de Ryan – em todos os sentidos – caiu da arvore em um salto bastante acrobático, junto ao galho em que o virote havia acertado.

O gigante tinha uma mascara de urso cinzento no rosto, com um traje de caça quase idêntico ao de Ryan, com a diferença de possuir um broche de prata com uma raposa entalhada. Finn apertou a mão livre de Ryan, mas o garoto baixou o braço armado. O homem se aproximou ainda mais, abrindo seus braços grossos como pequenos troncos de arvores, agarrando-o e abraçando.