Fuga do castelo

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Finn havia liberado um monstro. Talvez por conta de quase ter perdido a luta contra o coelho branco, talvez por que ainda estivesse irritado, Ryan agora parecia estar no modo "assassino silencioso". Tudo que o príncipe percebia era que o outro garoto ficava arremessando lâminas, disparando coisas com a mini-besta de pulso, fazendo umas acrobacias muito maneiras e dando choquinhos nos soldados com o anel que tinha em um dos dedos. Se movia como uma sombra, bastava dar uma piscada e já teria perdido o ultimo movimento. O coelho branco por sua vez estava inquieto na chaleira, provavelmente pulando de um lado a outro no interior metálico para tentar abrir a tampa por dentro. Finn mantinha um dedo no bico da chaleira enquanto usava o resto da mão para manter a tampa firmemente fechada.

Se ainda restavam duvidas, olhando agora Ryan puxar uma adaga do corpo de um guarda-torre, Finn tinha certeza de que toda a guarda era formada por maquinas como o Tempo. Isso era um pouco estranho já que o príncipe tinha quase certeza de que talvez não as cartas, mas as peças de xadrez eram pessoas de armadura. Os pões pelo menos. Mas pessoas não soltavam óleo e nem possuíam mecanismos de relógio dentro de si. Se abaixou, tentando pegar uma roda dentada que havia caído de um guarda, sem soltar a chaleira. Os dentes daquela pequena peça tinham o formato certinho para bloquear o bico da chaleira e aliviar e permitir que Finn se concentrasse em manter a tampa segura. Embora que o garoto não tinha certeza se um coelho encolhido conseguiria sair por aquela passagem estreita. Um gato com certeza conseguiria, então melhor lhe pareceu não arriscar.

- Na próxima virada de corredor, já vamos estar na escada que leva pro saguão principal. De lá é fácil a gente achar os estábulos.

- Ótimo. – Era impressão ou Ryan tinha um tom irritado na voz? Empurrou um soldado de baralho abatido para cima de outros que estavam tentando em vão bloquear a passagem, derrubando-os e pisando logo em seguida. – E segura essa chaleira direito.

- Eu não vou deixá-lo escapar de novo e pular no seu pescoço. Você tem que relaxar.

Ryan esfregou o pescoço com uma das mãos, bem no ponto onde, pouco antes, havia sido atacado pelo coelho branco. Um pequeno descuido de Finn, que não achava que o coelho simplesmente sairia da chaleira e atacaria. Desde então, estava segurando a tampa com força, chacoalhando o objeto para impedir novas tentativas de fuga. E apesar de tentar não demonstrar, estava estampado no rosto de Ryan que isso, somado a toda luta que estava tendo desde que fugiram da cela, o estava deixando cada vez mais cansado. Nesse ritmo, ele logo estaria cansado demais.

Pelo menos até chegarem no saguão principal, não tiveram mais lutas. Ou os guardas haviam dado uma trégua, ou só podia ser uma emboscada. Em nada o saguão parecia o que Finn se lembrava: tudo estava com decorações em vermelho, em especial rosas cor de carmim. Aparentemente, a rainha vermelha não só estava de volta, como tinha feito sua equipe de decoração fazer hora extra.

- Ryan, espera. Acho que tem alguma coisa errada aqui. Digo, além dessa decoração horrorosa.

- Claro que não Finny. Tá de boas. – O garoto piscou e aponto uma das paredes. Havia uma silhueta visível no formato de um soldado de baralho com as costas pintadas igual a parede. Ele deu alguns passos, se aproximando do guarda semi-disfarçado, mantendo a adaga apontada para ele. – Eu vou ficar aqui perto dessa parede nada suspeita e vamos torcer para nenhum soldado disfarçado me atacar.

- Surpresa! – Surpreendendo um total de zero pessoas, o soldado de baralho se virou, sendo empalado pela adaga de Ryan. Foi exageradamente teatral e digno de aplausos, se Finn não estivesse ocupado tentando manter a chaleira fechada. Mas em seu lugar, outros guardas nas paredes saíram de posição, vaiando Ryan. Um apito soou e mais soldados vieram, deslizando de debaixo das portas, saindo de frestas da janela e, surpreendentemente, até mesmo um 8 de espadas que saiu de uma rachadura do piso tentando agarrar a perna do príncipe. Mas por algum motivo, eles recuaram, fazendo apenas um cerco ao redor dos garotos. Pareciam estar esperando alguma coisa.

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