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Estreitei meus olhos na direção do garoto, seu andar confiante era uma característica que muitas pessoas gostariam de ter

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Estreitei meus olhos na direção do garoto, seu andar confiante era uma característica que muitas pessoas gostariam de ter. Nas poucas vezes em que parei para observar, Trevor estava acompanhado por outro garoto terrivelmente parecido com ele, a única diferença que consegui notar fora a altura, foi o tom mais claro do cabelo. Mas agora ele estava sozinho, como mais cedo, no corredor.

Will, ao notar minha atenção em algo atrás dele, virou-se.

— Oi — disse o garoto, passando seu olhar por nós dois.

Tim, Claro, Nextel.

— Oi, no que posso ajudar? — Will se apressou a perguntar, notando o olhar curioso do nosso chefe sobre nós.

— Será que posso falar com você? — Perguntou, trazendo suas íris obsidianas até mim.

Meu olhar corre para o homem não muito longe, que conseguiu escutar a pergunta e deu minha resposta com um simples gesto de mão. Suspirei, retirei o pano que estava repousado do meu ombro e o depositei na bancada, lancei um olhar para o garoto de pele negra a minha frente, pedindo ajuda de forma silenciosa, mas ele apenas sorriu de lado e deu de ombros, fingindo não estar vendo nada.

Dei a volta pelo balcão e andei até Trevor, que já havia se afastado. Sua postura parecia relaxada, os ombros cobertos pela jaqueta jeans clara, os olhos, assim como toda face, inexpressivos.

— Vamos logo, tenho que voltar ao trabalho — menti, eu provavelmente teria que fazer algo daqui à meia hora, caso alguém quisesse comprar algum lanche. — O que você quer?

— Primeiro, eu gostaria de saber uma coisa — falou, a voz baixa me causou arrepios, a fama que ele levava não era em vão. — Por que você me odeia?

Arquei as sobrancelhas, suas palavras haviam me pegado de surpresa. Não é como se eu o odiasse, só não queria que meu nome estivesse vinculado com alguém que tem toda a atenção dos estudantes, mesmo não fazendo nada de tão relevante para isso.

— Eu não te odeio.

— Então pare de me evitar — retrucou, autoritário. — Você pode fazer isso?

Desviei meu olhar, focando ele na parede ao lado, fisgando a carne do meu lábio inferior entre os dentes. Eu poderia fazer isso? Não, definitivamente, não. Voltei minha atenção para Trevor, que ainda mantinha a expressão ilegível. Bom, também não tem como fazer o trabalho sem ele.

E merda, eu preciso muito daquela nota.

Suspirei, tomando coragem para proferir as próximas palavras:

— Fora do colégio, sim.

Um lampejo de surpresa passou por seus olhos, estava óbvio que ele achava que seria mais difícil, mas essa era minha única opção. Se não tiver uma nota boa, irei perder minha bolsa, e mesmo aquele lugar sendo um inferno, tinha um bom ensino, além de que não posso perder de uma forma tão fácil meu último ano no Ensino Médio.

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