𝐂𝐇𝐑𝐘𝐒𝐓𝐀𝐋 𝐒𝐍𝐎𝐖 - 𝖫𝖫𝖬 • 𝖩𝖩𝖪

CAPÍTULO 4 - Chrystal Snow

Ter, 11:40 P.M
Lalisa Manoban

  Antes de deitar, adianto toda a matéria do dia seguinte, acho que já estou meio semestre adiantada. Eu faço tudo da escola que precisa ser feito. Eatá meio tarde e Jisoo me manda apagar as luzes e ir dormir, já que ela está tentando descansar. Eu a ignoro e contínuo, ser a gêniazinha não é lá a coisa mais divertida do mundo. Na verdade, é um saco, mas é melhor do que ouvir mais um dos sermões idiotas do papai. Se bem que, já deveria ter me acostumado.

- Lizie, é sério... - Jisoo me olha irritada de sua cama. - Vai. Dormir! - ela grita e taca uma almofada em mim. Eu serro os olhos, logo revirando os olhos e me rendendo. Tiro os cadernos e papéis de cima da cama e apago as luzes.

  Jisoo, minha querida irmã gêmea, a pessoa mais importante pra mim. Ela não é só uma irmã, ela pode ser tudo que eu precisar, como uma melhor amiga ou mãe, já não temos uma. Na maior parte do tempo, ela é a responsável da dupla, a que sempre pôs juízo na minha cabeça, ou pelo menos, tentava pôr. Tenho certeza de que já lhe causei muita dor de cabeça, mas hoje em dia estou tentando me redimir.

  Sabe, não me lembro de brigar muito com ela, nunca uma briga séria. Até porque, desde o dia em que fomos para a mansão Manoban, era impossível nos separarmos, se não nós duas enlouqueceríamos. Tivemos que ficar mais próximas ainda, hoje somos inseparáveis. Acho que pelos menos isso a papai nos deu.

  Eu durmo, pensando no quão sortuda eu sou por ter uma irmã como a Jisoo. Mas infelizmente, não posso dizer o mesmo do resto da família...

"Aonde estamos indo, papai?" Pergunto.

  Papai segura meu pulso, me levando à algum lugar nesta enorme casa.

"Não me chame de papai!"  Ele grita, esbravejando. "Você vai ficar aí, até aprender a seguir as regras desta casa", ele me põe dentro de um quarto minúsculo, escuro e vazio. Ouço a porta ser fechada e tracada, atrás de mim. Eu imediatamente entro em pânico.

  Esse quarto é realmente muito escuro, mal consigo ver o que tem ao meu redor. Há uma pequena janela, ela possui grades e a luz do luar passa por ela. Vejo também um colchão, bem no canto. É apenas o colchão, sem lençóis, nem travesseiro. Estou com frio...

  Eu volto para a porta velha dali, batendo nela e pedindo para que me tirem desse quarto assustador.

  "Papai?! Me tira daqui!", grito, implorando. "Jisoo! Jisoo, por favor, me tira daqui, estou com medo!". Ouço alguém passar no corredor, mas ninguém fala nada, e nem me tira daqui. Começo a chorar.

  Não entendo, não fiz nada além de perguntar sobre a mamãe (talvez eu tenho enchido o saco), mas por que ele me pôs de castigo?!

  Acho que ele não gosta de mim, nem da minha irmã... Nem sei porquê viemos pra cá, para começo de conversa.

  Me sento no pé da porta, na esperança de alguma hora, ele vai abri-la e vai me tirar daqui. Eu não consigo conter as lágrimas, começo a pensar na minha mãe, e na saudade que sinto dela. Sinto-me sufocada por minhas próprias emoções: tristeza, saudade, raiva, medo...

  Só espero que isso passe em algum momento, mesmo que demore anos. Eu só sei que eu odeio meu pai, ou melhor, eu odeio o senhor Manoban.

  "Por favor, por favor!", eu sussurro, abrança minhas pernas e com a cabeça apoiada nos joelhos. Eu fico ali por horas, repitindo a mesma frase... Eu só...queria minha vida de volta...

- Lisa... - uma voz feminina, me chama. - Lalisa, acorda! - ela grita. Eu levanto em um sobressalto da cama, com a respiração acelerada e um pouco suada.

  Quando me dou conta de que era apenas um maldito pesadelo, olho para Jisoo, que me encara preocupada. Eu me jogo em seus braços, desmoronando. Ela me abraça forte, fazendo carinho na minha cabeça, tentando me acalmar.

- Shh... Calma. - sussurra no meu ouvido, com uma voz suave e tranquilizadora. - Lizie, relaxa.

- Era tão real e... Apavorante. - digo em meio ao choro. Jisoo se deita comigo na cama, cantarolando e continuando seu carinho. - Não tem como esquecer, Jisoo... - eu pareço uma criança com medo dos trovões, e eu odeio isso. Sentir fraqueza não é o meu forte.

- Eu estou aqui, Lizie... E eu te amo, não esquece. - ela diz, pouco tempo antes de eu apagar novamente...