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- Então, quer dizer, que você é a Princesa dos Lobos. Que você é dona de todas as terras. Que você é a Alfa dos Alfas. Que você quer reerguer uma alcateia inteira, que é formada por muitos lobos que não tem donos. E que tem uma profecia que diz que no momento certo a herdeira ira estar lá e reerguera tudo. Que um novo império começara e que haverá uma guerra. - Assenti encarando-o. Sabia que era muita informação para uma pessoa só- Por acaso você bateu a cabeça quando nasceu, irmã?

A incredulidade estava estampada na cara de James e Brenda, Lucas estava me olhando como se eu fosse alguma maluca saída de um hospício, mas sinceramente, eu fiquei magoada, afinal, pode ser algo surpreendente essa informação, mas, olhem só, quando se trata de mim todos deveriam saber que coisas esquisitas acontecem.

- Ha há. Eu tenho cara de quem bateu a cabeça? É serio Lucas, eu vou reerguer essa alcateia. Eu quero ajuda-los, além do mais, na profecia diz que o momento chegou. E agora diga- me, se nenhum outro herdeiro chegou, eu tenho que fazer isso. Pode até ser que não seja eu, mas caso for, eu tenho que ajudar. Mesmo se não for eu, sinto que tenho a responsabilidade de ajuda-los. Eu não sei se vocês já sentiram uma vontade de fazer algo, uma coisa tão poderosa que parece que se você não fizer você não vai conseguir nem pensar. É como se um fio invisível me puxasse para lá. É inexplicável, mas eu tenho, eu sei disso, eu tenho que faze-lo. Eu preciso. Isso ta me consumindo, e eu sinceramente espero o apoio de vocês. Isso é importante pra mim. - Lágrimas vieram aos meus olhos e eu sai do escritório batendo a porta atrás de mim.

Eles não entendem; não me entendem. Nunca vão entender, nem se quisessem. Mesmo que eles estejam ali para me ajudar, eles não vão entender o que eu quero, o que eu sinto. Eles às vezes fingem que entendem, mas na verdade não sabem nem o que eu quero dizer.

Dói não ter alguém para desabafar. Eu posso até mesmo falar com Lucas e as meninas, Josi e Iago, mas ninguém me entende com completa certeza, ninguém sente o que eu sinto. Ninguém entende os motivos, e se você não entende os motivos, como irá entender as ações? Ninguém pode adivinhar o porquê das coisas. Eu tentei de verdade explicar tudo. Eu passei duas malditas horas falando e falando. Explicando e reexplicando tudo. Tive paciência. Falei devagar. Tentei de verdade que eles entendessem, mas simplesmente não conseguem. Eu os vi me olharam e fazerem cara de quem estava entendendo tudo, mas eu vi, eu olhei naqueles malditos olhos, eu vi que não sabiam nem da metade do que estava falando. Eu me decepcionei tanto. Eu vi algum esforço ali, mas não se esforçaram o suficiente. Eles me olhavam com pena. Eu sabia o que pensavam.

"Oh, olhe, pobre garota, sonhando tão alto, deitada em uma nuvem, mas daqui a pouco ela cai de cara no chão!"

Era isso o que pensavam. Eu vi nos seus olhos tudo. Foi deprimente. Mas eu sempre tenho esperanças. É como dizem, esperança é a ultima que morre. Só que a minha esta no leito da morte, pois eu sei que eles não entendem. Eu preciso de alguém que me entenda. Eu preciso de alguém que me apoie. Mas não a ninguém capaz de fazê-lo. Mesmo assim, eu sei de uma coisa. Eu vou batalhar, vou usar todas as minhas forças. Mas eu vou ganhar. Eu vou reerguer aquela alcateia, vou fazer uma casa para cada família que ali vive. Vou fazê-los se sentirem seguros. Vou reconstruir a casa deles.

EU. VOU. BATALHAR. E. VOU. ERGUER. AQUELA. ALCATEIA.

...Uma vez eu fui lá... Eu passei uma noite lá. Eu vi tudo de pertinho. Quando eu saí da minha alcateia eu fiquei sem lugar para ir, então minha primeira parada foi ali. Eu vi como aquelas pessoas viviam. Eu vi crianças ali, bebes e idosos, todos rindo e brincando. Mães e pais cuidando deles, rindo junto, mas que se você olhasse bem nos seus olhos notava a tristeza ali. Eu vi tudo isso. Aquilo é uma cidade abandonada.

Lua de sangue: rejeição (Livro Um - Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora