quatro

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Harry sentou no chão ao redor das cinco da manhã e não conseguiu nem se deitar de novo. Malfoy tinha caído no sono, se a respiração baixinha e mais calma dele significasse alguma coisa. Harry, por outro lado, não tinha tirado nem o menor dos cochilos e, agora estava ao mesmo tempo completamente exausto e muito acordado, incapaz de até mesmo tentar dormir.

Ele sabia, desde o momento em que piscou e decidiu se levantar, que ele não iria ter paz – fosse isso pelo resto do dia ou pelo resto de sua vida, porém, seu cérebro falhou em o avisar. Harry não sabia como sabia isso, não exatamente, mas havia esse sentimento no fundo da sua mente que parecia o dizer, maliciosamente: boa sorte trouxa.

Ele grunhiu baixinho, tomando cuidado para não acordar Malfoy, e esfregou os seus olhos, hábito esse que Hermione odiava e que ele nunca conseguia deixar de lado, principalmente em momentos como esse quando estava tentando os manter mais abertos.

Longo. Hoje ia ser longo.

Malfoy estava de costas para ele, encolhido contra si mesmo no sofá. Os ombros dele ainda estavam dolorosamente tensos, Harry percebeu, toda sua posição parecendo o exato oposto do que seria confortável. Parecia ridículo supor que Malfoy ainda sabia o que conforto era, depois de todos os seus anos em Azkaban. Que frio e tensão e medo não eram as únicas coisas presentes na mente do homem.

Harry estremeceu, virando as suas costas.

Tudo parecia estar acontecendo um pouco mais lentamente ao redor dele, como se a própria realidade e o tempo estivessem com preguiça. O fazia se sentir estranho, sua cabeça maior do que o resto do seu corpo e seus pensamentos ainda mais pesados, fugindo de sua mente. Mesmo tendo ficado acordado a noite inteira, ele sentia como se tivesse acabado de sair de um sono muito pesado e muito quente, o tipo de sono que você só tinha quando estava doente e com febre. Ele sentia como se não tivesse se recuperado completamente. Como se não pudesse acreditar em nada ao seu redor.

Por um segundo, Harry parou, fechando os olhos.

Baixinha e infrequente como era, quando tentava ele ainda conseguia ouvir a respiração de Malfoy. Enquanto voltava a andar em direção a cozinha, foi nela em que Harry se concentrou. A usou como um jeito de se prender ao chão, aquela casa.

Malfoy ainda estava respirando. Apesar do homem ontem com uma faca tocando o pescoço de Malfoy, apesar das pessoas que o odiavam e queriam o matar, dos Dementadores se alimentando de sua energia, o coração de Malfoy ainda estava batendo. Harry podia ter falhado com ele, mas não completamente. Ele ainda podia mudar tudo isso.

Só tinha que descobrir quem exatamente eram as pessoas querendo o matar. Era só isso que Harry precisava fazer.

Bem, ele parou na porta da cozinha, olhando para os lados. Estava horrivelmente abafado e empoeirado, e ele tinha quase certeza que era mofo em algumas partes nos cantos das paredes. Então, talvez não aquilo. Ele também tinha que dar um jeito naquela casa. De alguma maneira.

Mas não agora. Harry encontrou algumas velas para iluminar o lugar, e uma chaleira que ele encheu de água e colocou no fogão centenário e quase impossível de ligar dos Black, que só continuava funcionando por causa de magia. Ele tinha trago algumas coisas para fazer chá e sanduíches na sua mochila – obrigado Hermione por o ensinar o feitiço para aumentar a mochila por dentro –, mas ele ainda iria ter que pedir para Florence os trazer alguns mantimentos quando ela viesse os checar mais tarde.

Enquanto a água fervia e Harry fazia os sanduíches, ele abriu as fichas dos membros do Conselho, as lendo apesar de suas mãos e mente estarem cheias.

Parkinson, Zabini e Greengrass, ao menos de acordo com as notas de Florence, tinham sido as maiores forças para soltura de Malfoy. Por alguma razão, aquilo fez Harry se sentir melhor. Não importa o que Malfoy pensasse e dissesse, Harry gostava de imaginar que eles se importavam com Malfoy ainda. Ele gostava de ser provado certo, apesar de ainda não deixar suas suspeitas sobre o trio completamente. O homem que Malfoy disse que tinha estado no julgamento dele, Safiq, tinha sido outro a, mais uma vez, falar em nome de Malfoy. Primeiramente Harry tinha achado que ele podia só achar mesmo que Malfoy merecia estar livre, mas depois de Malfoy apontar para Harry, bem que o homem estava tentando um pouco demais, não é? Harry não tinha certeza.

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