seis

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Harry teve um pesadelo.

Logo depois da guerra, Harry sempre tinha pesadelos. Todas noites por alguns bons, longos anos. Algumas vezes eles eram sobre Cedric, algumas vezes só Voldemort em geral. Algumas ele era obrigado a relembrar Bellatrix torturando Hermione, os gritos dela tão altos e reais no seu sonho que o faziam Aparatar na casa dela assim que acordasse, só para ter certeza de que ela estava bem mesmo.

Molly abraçando o corpo de Fred e todos os filhos dela começando a cair e morrer ao seu redor enquanto ela se desesperava. Rony os deixando naquela floresta e nunca mais voltando para eles, envenenado demais pelo colar. Ginny no chão da Câmara Secreta, Harry alguns segundos atrasado. Sirius caindo pelo véu e Lupin o seguindo. Os Dursleys trancando Harry naquele armário de novo. Por anos, essas foram as noites de Harry.

Faziam meses que isso não acontecia. E agora eles tinham voltado.

Harry tinha voltado para Hogwarts, em seu pesadelo.

Ele estava em algum lugar nos jardins, para ser ao menos um pouquinho mais especifico. A imagem à sua frente era muito intensa e muito desfocada nos cantos de seus olhos, como se ele tivesse olhando através de um filtro levemente sujo. Era um pouco vazia também, suas memorias do lugar já não tão detalhadas por causa de todo o tempo que tinha passado desde a última vez que ele esteve ali. Harry piscou, o gesto tão lento que era um pouco ridículo, suas pálpebras tão pesadas quanto pedras.

Havia uma árvore na sua frente. Ele foi olhar para cima, para o topo dela, mas antes que ele pudesse levantar a sua cabeça completamente, alguém pulou de uns dos galhos, pousando em pé com perfeição e delicadeza, rosto ficando a centímetros do de Harry.

Draco Malfoy sorriu – e ele era um adolescente de novo, sem a barba e o cabelo longo e os olhos vazios, só um rosto jovem e cheio de arrogância. Um sorriso de lado zombador. Mãos nos bolsos. Olhos observando Harry de cima para baixo, bem devagar.

O enchia de tanta nostalgia que era uma dor física no seu peito.

Malfoy riu, olhando para trás e pros lados como ele sempre fazia, para ter certeza de que seus seguidores estavam lá o vendo humilhar Harry. Os dois estavam sozinhos, porém. Isso não o fez parar.

"Você é ridículo, sabia?" Malfoy balançou a cabeça, ainda rindo. "É hilário. Você realmente acha que pode salvar todo mundo? Você acha que pode salvar qualquer pessoa? O grande herói contra todas forças das trevas. Mas todo mundo morre por sua causa, Potter. Essa é a verdade."

Através da névoa em sua mente comum em sonhos, Harry sentiu suas bochechas ficando frias. Ele se perguntou se iria estar chorando quando acordasse. Se sequer iria acordar, em algum momento. Tinha fugido da morte tantas vezes. Talvez estivesse preso em algum tipo de purgatório, agora. Ouvindo o homem com quem ele falhou tantas vezes o lembrando de todos os seus erros para o resto da eternidade.

Harry tentou dar um passo para trás. Malfoy deu outro passo para frente sem hesitar, o puxando pela sua gravata vermelha. Eles estavam com seus uniformes, Harry percebeu. Malfoy pressionou seus lábios contra o ouvido de Harry. Seu hálito tinha cheiro de sangue.

Igualzinho ao hálito de Voldemort.

"Seus pais e Sirius e Tonks e Fred e Lupin e Cedric. Colin. Dumbledore e Snape e Moody. Até a sua coruja. Tuto e todos que te amam acabam mortos. E é sempre sua culpa. Você não pode fazer nada certo, não é?" Ele empurrou Harry para trás, de repente. Harry caiu, pego de surpresa, e os olhos de Malfoy brilharam, reluzindo vermelho. Ele riu de novo, dando um passo para frente. Sua sombra caiu sobre Harry, maior do que a de um gigante. "Você tem todos aqueles fãs, mas eles só gostam do grande menino que sobreviveu, na verdade. Ninguém liga para Harry Potter. Não se te conhecessem de verdade. Porque os Dursleys estavam certos. Você é uma aberração até entre as outras aberrações, sabia? É patético, e me enoja."

never seen before,  DRARRY ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora