epílogo

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sete anos depois



Havia algo de bem diferente naquele café.

Ele não era muito grande ou muito pequeno, não fazia parte de uma franquia. Ninguém nem se lembrava de como ele tinha chegado lá. Ele só apareceu uma manhã, entre uma loja de cigarros eletrônicos e uma loja de roupas para crianças, e todo mundo agiu como se ele sempre tivesse existido. Como se ele sempre tivesse pertencido a eles. O nome estava em letras bem grandes, em dourado – Os Marotos. Ninguém sabia porquê e se eles perguntassem pro dono, ele só ia sorrir.

Era diferente de todos os outros restaurantes e cafés na cidade, e isso era por causa da sensação que praticamente te invadia no momento em que você abria a porta e entrava nele – algo tão pacifico, tão diferente do barulho e gritaria que havia do lado de fora, nas ruas movimentadas de Londres.

Como finalmente ir para sua casa depois de um dia muito difícil.

Imediatamente, você seria atingido pelo cheio forte e calmante de vários tipos diferentes de chá se misturando no ar. A primeira coisa que você vai perceber são as plantas, por todos os lados. Elas são lindas, muito bem cuidadas.

Toda sexta feira, uma menina loira com olhos muito sonhadores lia poesias no microfone e convidava outras pessoas para participar também, mesmo que de improviso. Todo sábado, uma menina com os cabelos muito cheios e dentes muito grandes vai aparecer e discutir sobre leis e morais com uma menina de cabelos pretos e cara de buldogue, enquanto o dono zomba delas. Nos domingos, um homem vai ser arrastado para dentro pelo seu namorado e vai passar o tempo todo passivo agressivamente discutindo em linguagem de sinais com o namorado do dono, que tinha aprendido linguagem de sinais só para isso.

("Eu amo que você resolveu deixar o seu cabelo crescer, Malfoy. É bem bonito ver você aceitando o seu passado como um prisioneiro."

"Eu amo a sua tintura de cabelo, Bulker. Quase parece natural, e eu acho que é maravilhoso que você queira parecer tanto com um Malfoy. Nós realmente somos a família puro-sangue superior, que bom que você sabe disso.")

Toda terça, uma menina muito ruiva e suada entra com uma vassoura na mão e se senta na bancada, falando muito alto sobre o seu treino. Nas quartas, o irmão de dita ruiva aparece para reclamar dos seus irmãos, toda semana sem falta. Todo dia, se você ser educado e rir das piadas dele, o dono vai te dar um muffin grátis quando você fazer o seu pedido. Os amigos dele dizem que é horrível pros negócios.

Ele pensou nisso, por alguns segundos, e ele decidiu que não se importava muito.

Ele não se importava muito com negócios.

A vida é estranha. De vez em quando alguém mata os seus pais e você tem que passar a sua vida inteira tentando o derrotar. De vez em quando você consegue vencer e você consegue viver, e então você passa anos treinando para ser alguma coisa e você vai e descobre que você é horrível em dito trabalho. De vez em quando você é preso na pior prisão do mundo e é quebrado de um milhão de maneiras diferentes. E, de vez em quando, você passa por tudo isso e você sobrevive, mesmo que você tenha sessões de terapia toda segunda para te ajudar a lidar com sua própria existência, e então você se apaixona pelo menino que você odiou desde que tinha onze anos de idade.

De vez em quando você abre um café que só vende chá.

Não é como ele achou que iria viver a sua vida, sendo um herói de guerra. De certa maneira, era muito mundano. Algumas pessoas diriam tediante. Mas ele, ele gostava de pessoas. Ele gostava de os ouvir, gostava de conversar com eles. Ele gosta de poder fazer o dia de alguém só os dando algo grátis que não vai mudar nada para ele, considerando o tamanho da sua herança.

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