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Depois de quatro longos dias na França, que se passaram com audições e reuniões com Mary e outros professores – além de procura por apartamentos e pensamentos –, eu finalmente estava no avião com Charles ao meu lado com Recife sendo o destino

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Depois de quatro longos dias na França, que se passaram com audições e reuniões com Mary e outros professores – além de procura por apartamentos e pensamentos –, eu finalmente estava no avião com Charles ao meu lado com Recife sendo o destino. A praia já era possível de ser vista e eu sorri animada por estar de volta. Minha cidade natal parecia ser a mesma que eu deixei: grande, com muitos carros e apartamentos. Não lembrava o quanto eu sentia falta de tudo até eu entrar no uber que me levou até em casa.

— É muito diferente de Mônaco e Paris. — Confirmou olhando pela janela, parecendo impressionado com tudo. — Você é muito corajosa, Ki. — Apertou minha mão com apoio e eu sorri.

— Agora você finalmente entende meu estranhamento quando cheguei na França. — Ele confirmou com a cabeça e voltou a olhar o dia ensolarado.

De longe, já consegui ver o condomínio em que vivia. Os meus dias aqui eram sempre monótonos e, de repente, me senti pequena novamente. Eu morei no mesmo lugar durante toda a minha vida e achei incrível como eu só estou enxergando todas essas oportunidades que eu tive agora. Talvez eu tivesse que ignorar elas para chegar até aqui.

— Lucas! — Chamei animada quando vi o porteiro que cuida de todos os moradores.

— Menina. Eu pensava que você estava em São Paulo! — Ele falou abrindo o portão.

Menina. Lucas sempre me chamou assim. Às vezes acho que é porque ele não sabe ou não se lembra de meu nome, mas eu ignoro isso. Nunca tive coragem de perguntar.

— Eu estava, mas agora eu vou para outro lugar. Eu vou para a França. — Falei e ele riu alto.

— Você vai longe, menina. — Ele falou orgulhoso.

Lucas sempre foi minha companhia quando eu esperava meu pai para me levar para a escola ou para esperar minhas amigas que vinham me visitar regularmente. Ele me deu broncas algumas vezes, mas na maioria delas ele estava apenas ali.

— E esse garoto? É importado? — Ele olhou para Charles que apenas me ajudava com as malas.

— Charles, esse é Lucas. — Eu troquei de português para inglês.

— Boa tarde, prazer em conhecer. — Charles arriscou lembrar do que eu tinha ensinado no avião.

— Esse é Charles, Lucas. — Falei e Lucas ria da pronúncia meio embolada do monegasco.

— Prazer em conhecer. — Ele falou certinho. — O que tem programado pra hoje?

— Vamos deixar as malas lá em casa, pegar o carro e ir para o Marco Zero. — Eu falei nervosa. — Charles vai conhecer os dois hoje. — Luke riu.

— Vou deixar vocês dois irem. — Ele falou e nós dois fomos em direção a casa.

Quando entramos em meu antigo quarto, foi como um balde de lembranças sendo jogado em mim. Eu não tinha conseguido enxergar o quanto eu estava deixando para trás, agora eu estava vendo tudo. Todos os momentos com minha irmã, tudo o que minha família havia conquistado. Eu estava me afastando de tudo isso.

Charles logo foi para o lugar que eu mais gostava de ficar, na minha escrivaninha. Na parede tinham fotos de Sebastian Vettel e da Ferrari, com várias memórias que ele deve ter na cabeça. Ele virou para mim com um sorriso no rosto e eu tenho certeza de que eu acabei corando naquele momento. O monegasco pegou meu rosto com as mãos e me beijou ardentemente. As mãos dele em meu cabelo me enlouqueciam, assim como seus lábios encaixando perfeitamente nos meus.

— É adorável. — Ele falou se separando de mim e segurando a risada..

— Ah, cala a boca. — Falei e bati no ombro dele, afastando ele de mim.

Eu fui no carro de motorista pela primeira vez desde que começamos a sair juntos. Esse fato se deu tanto por estarmos em meu território, quanto por estarmos no carro do meu pai – um dos maiores xodós dele. As paisagens de Recife certamente seriam algo do qual eu sentiria falta. O Marco Zero em pleno meio-dia, cheio de pessoas diversas.

— Eu cresci vindo aqui quase todos os finais de semana. — Comecei a contar um pouco mais de minha história. — Já inventei de andar de patins, trazer meus amigos... foram muitas coisas que aconteceram aqui.

O meu cabelo voava com o vento de maresia e eu segurava minhas lágrimas, sem querer deixar Charles me ver daquele jeito.

— É lindo. — Afirmou e sorriu para mim.

Assim que encontramos um lugar para estacionar, eu e Charles caminhamos de mãos dadas até o restaurante. Observei meus pais e minha irmã sentados em nossa mesa. Frequentávamos o lugar pelo menos três vezes ao mês, além das raras vezes nas quais não viemos juntos.

Meu pai foi o primeiro a me dar aquele abraço caloroso. Sabia que era sua forma de me dizer que estava feliz por mim ao mesmo tempo em que dizia que estava morrendo de saudades. Tentei retribuir da mesma forma. Respirei fundo mergulhando na casa que ele cria para mim.

— Eu senti tanta a sua falta. — Minha mãe falou quando meu pai me soltou e fui para o abraço dela.

— Eu também senti a sua falta, mãe. — Confirmei o que eu nem precisava dizer. — Belle! — Falei indo cumprimentar minha irmã.

Enquanto isso, Charles nos observava com brilho nos olhos. Quando senti uma pequena lágrima no canto dos meus olhos, agradeci por ter vindo de óculos escuros. Meus pais certamente não precisavam de outra preocupação.

— Pai, mãe, irmã. Esse é o Charles. — Eu falei e ele apertou as mãos. — Charles, esses são minha mãe, Sofia, meu pai, André, e minha irmã Isabelle. — Sorri sentindo felicidade genuína por finalmente ter feito isso.

— Quando ela falou que estava namorando o Charles Leclerc achei que estava mentindo por um momento. — Belle falou e nos sentamos na mesa.

— É um prazer conhecer vocês! Senhor... — Charles ia continuar a falar, mas meu pai atrapalhou.

— Nos chame pelo primeiro nome, por favor. — Ele falou logo.

A conversa foi interrompida apenas para fazer nossos pedidos. Eu e Charles atualizamos os três sobre tudo e eles tentaram conhecer o monegasco da melhor forma possível. O moreno apertava minha mão quando notava que eu estava ficando nervosa e apreensiva, eu sorria para ele e respirava fundo. Tudo estava correndo bem.

Quando começamos a nos levantar para irmos embora, algumas pessoas foram até Charles, pedindo para tirar fotos e assinar coisas. saí de perto, deixando ele Assim que nos levantamos, pessoas vieram até Charles para falar com o mesmo. Quando percebo toda a praça de alimentação está olhando para o grupo e eu tenho vontade de me esconder num buraco.

— Você está disposta a ficar assim em alguns momentos? — Belle perguntou quando chegou ao meu lado e eu olhei confusa. — Em segundo plano? — Esclareceu e eu respirei fundo.

— Acho que sim. — Dei de ombros. — Não é como se fosse algo que é escolha dele. — Falei olhando o monte de gente ao redor.

Logo vi ele saindo de lá com algumas garotas o seguindo, mas que rapidamente deixaram ele em paz. Ele deu um sorriso meio sem graça para mim e eu olhei de relance para Belle. Seus cachos loiros estavam especialmente comportados e bonitos hoje. A verdade é que ela é mil vezes mais bonita do que eu. Se fosse ela no paddock, ao invés de mim, talvez seria ela com Charles e não eu. Ele era a cópia fiel de nosso pai, loira de olhos verdes. Não conseguia achar ninguém, nenhuma pessoa mais bonita que ela. Ela ficaria bem.

— Eu estava louca por comida de verdade. — Sorri e olhei para Charles, que fazia cara de magoado. — Desculpe, Charles, mas biscoitinhos coloridos não são comida de verdade.

Polaroid | Charles LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora