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— Você está bem? — John D perguntou ainda preocupado

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— Você está bem? — John D perguntou ainda preocupado.

Ele perguntou de novo, mesmo depois de eu ter respondido essa pergunta várias vezes hoje com tão pouco tempo de interação. Eu realmente entendo ele, eu era como uma irmã para ele e eu não falei lá as melhores coisas para ele sobre o assunto – além do loiro ser muito, mas muito mesmo, insistente.

— Tem certeza que quer ir? — Ele continuou perguntando e eu tentei o tranquilizar mais uma vez.

— Sim, eu já disse que estou bem. — Peguei as mãos dele e deixei um beijo nelas.

Eu e Charles não nos falamos mais depois daquela ligação, é difícil para mim começar uma conversa depois daquela ligação – imagino que para ele também. O clima ficou meio pesado depois que desligamos. Eu não culpava ele, nem a mim mesma, na verdade, acho que foi um tempo importante para nós dois. Precisávamos de uma pausa de toda essa interação e emoções para pensar direito. Além desses últimos dias, eu tinha mais 11 horas e 15 minutos para imaginar como seria nosso reencontro. O voô ainda tem escala em Roma, onde vamos pegar um jatinho da Ferrari. Eu disse que isso seria desnecessário, mas a equipe insistiu, disse que era ordens da organização. Então, aqui estou eu em um avião para Roma. 11 horas e 15 minutos que passaram como 11 minutos e 15 segundos.

No meio de tantos episódios, filmes e cochilos, consegui fazer esse tempo passar rápido, mas ainda assim cheguei exausta, procurando por café. Por isso, depois que eu peguei minhas malas, a primeira coisa que eu fiz foi entrar em uma busca intensa por uma loja da Starbucks que pudesse me fornecer cafeína.

Assim que mandei mensagens para a equipe avisando que havia chegado, eles mandaram instruções para mim. Suspirei fundo enquanto seguia o caminho que me orientaram, mas na verdade eu queria mesmo era sair dali, fugir mesmo, explorar Roma e toda a Itália. Mal dava para ver a cidade pelo vidro, mas já parecia ser um sonho. Acho que eu nunca quis, em toda a minha vida, sair da minha realidade. Infelizmente, logo encontrei Solange, uma das funcionárias da Ferrari, que me levou para o avião.

A dupla de pilotos chegou enquanto eu estava arrumando minhas coisas e resolvendo onde eu iria sentar – estava com medo de incomodar alguém, caso tivessem um lugar fixo. Sebastian foi o primeiro a entrar e me cumprimentar com dois beijos no rosto. Ele estava com um moletom preto, um boné e calça da mesma cor, além do tênis branco nos pés. Eu nunca tinha visto Sebastian se vestir desse jeito, nunca mesmo. Charles veio logo atrás com uma câmera o seguindo, o que me fez tirar um pouco daquela estranheza do nosso reencontro.

Ele vestia uma blusa branca, jaqueta jeans, calça preta e um tênis da mesma cor. Bem diferente do que costuma usar, muitas cores e não exatamente combinavam. Eu dei um sorrisinho de longe e ele mandou um aceno de volta. Nada de beijos no rosto, nada de abraços, nada de contato. Entendido.

— Vocês trocaram de guarda roupas ou algo do tipo? — Perguntei enquanto eles se ajeitavam em seus lugares.

— Parece, não é? — Parece que ele tinha percebido somente agora. — Bem-vinda de volta a Ferrari, Kiara. — Sentou na cadeira da frente.

A câmera foi desligada e eu respirei aliviada. Muita gente da equipe de marketing e dessa área em geral estavam indo no jatinho com nós três. Todos pareciam meio ansiosos e felizes por terem chegado na última etapa do ano. Era apenas Abu Dhabi e depois finalmente as férias viriam – pelo menos para eles. Minha matrícula em uma academia de dança já havia sido feita e eu iria continuar trabalhando, mesmo antes das aulas começarem.

— Precisamos conversar. — Charles jogou a mochila no compartimento de cima e depois sentou ao meu lado. — Olha, eu peço desculpas... — Ele começou a falar e eu o atrapalhei.

Sabia tudo o que ele iria falar e posso confirmar que era desnecessário. Tudo. Eu conhecia Charles o suficiente para saber que tipo de pessoa ele é e não é isso o que ele deve fazer no momento. Ninguém tem que se desculpar.

— Não precisa se desculpar. — Eu falei e ele parou para me escutar. — Nós precisávamos de um tempo para esclarecer as coisas individualmente e eu também não fui procurar você. Além disso, você não é obrigado a falar comigo todos os dias e não quero que se sinta como se fosse. — Eu falei tranquilamente e ele respirou fundo, parecia aliviado.

— Bem, eu queria te procurar, mas você precisava de espaço. A Ferrari só pediu para esperarmos um pouco mais, até que acabe suas coisas com a Ferrari. Mas não vamos pensar nisso agora, vamos aproveitar os dias que temos, sobre o depois, nós resolvemos depois. Que tal assim? — Ele perguntou como se fosse a coisa mais fácil do mundo, o que obviamente não é, mas confirmei com a cabeça.

Deitei minha cabeça no ombro do monegasco e começamos a falar com Sebastian, o que se estendeu por uma viagem tranquila. Eu não estou muito acostumada a viajar, mas esses últimos dois voos têm sido nada incômodos. Imagino que para pessoas como eles, que estão sempre viajando por causa do trabalho, deve ser ainda mais fácil.

— Eu não tinha ideia do que vestir, por causa da cultura. — Expliquei a Sebastian meio nervosa. — Mas eu trouxe coisas menos brasileiras possíveis. — Ele riu de mim e começou a me explicar como funcionava.

A cultura de Abu Dhabi é muito diferente e eu não queria levar reclamações ou causar vergonha à Ferrari, então tinha trago mais vestidos como esse que estou usando. Ele é um pouco longo, vai até abaixo do joelho, e tem uma cor rosa clara nada chamativa.

— Esse vestido é muito bonito. — Charles sussurrou no meu ouvido, fazendo meu corpo arrepiar, e deixou um beijo no topo da minha cabeça.

— Obrigada. — Eu sorri tentando disfarçar, mas vi o sorrisinho dele no rosto. Abu Dhabi seria mais do que divertido.

Polaroid | Charles LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora