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Nosso último dia em Recife estava sendo ótimo

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Nosso último dia em Recife estava sendo ótimo. Todos estavam em casa e estava acontecendo um churrasco. Charles amava a carne e todo tipo de comida que minha mãe lhe oferecia. Ele chegou a fazer uma "piada" sobre o treinador talvez não gostar daquilo, mas minha mãe acabou sorrindo e levando aquilo como uma piada mesmo.

Nosso voo era de noite, o que nos dava tempo para comer tranquilos, nos arrumar e ir para o aeroporto com destino a São Paulo. Minha maior preocupação era a quantidade de malas. Eu estava levando uma mala grande e uma mochila de mão com um pouco das minhas coisas e comida que eu queria levar – além de algumas que minha mãe se preocupou em colocar lá.

— Ei! — Charles me chamou de volta para a terra e eu olhei para ele assustada.

— Oi, desculpa. — Eu falei indo até ele que estava perto da churrasqueira.

— Quer mais? — Ele apontou para o pão de alho num prato.

— Não, obrigada. Tenho ali e acho que já cheguei ao meu limite. — Eu encostei minha cabeça em seu peito, querendo um abraço de conforto.

Ele me abrigou em seus braços, mas não era o que eu precisava. Apesar disso, eu fiquei um pouco mais ali, porque ele sabia o que eu estava sentindo. Ele sabe o que é essa dor e saudades de casa. Deixou um beijo no topo da minha cabeça antes de deixar eu me soltar para tentar aliviar o clima.

— Lando e Carlos iriam adorar isso tudo. — Comentou e eu coloquei as mãos em meu bolso.

— Talvez quando eles forem para a França a gente possa apresentar o verdadeiro churrasco para os dois. — Eu falei me encolhendo cada vez mais em mim mesma. — Você é um pouco brasileiro, é autorizado a fazer um verdadeiro churrasco.

— As malas já estão prontas? — Ele perguntou preocupado e eu assenti. — É difícil de deixar a casa de novo? — Charles passou as mãos no meu cabelo, fazendo carinho ali.

— Mais ainda dessa vez. — Eu falei rindo de nervoso. — Vou demorar mais pra vim, eles para irem. — Eu expliquei e ele deu um beijo em minha cabeça.

Ficamos um tempo em silêncio. Eu estava procurando ficar com os detalhes em minha cabeça.

— Eu vou lavar meu cabelo, está com cheiro de fumaça. — Eu falei fazendo cara feia depois de cheirar meu cabelo.

Subi para meu quarto e tirei uma mala de mão do meu guarda-roupa, coloco algumas coisas que eu queria colocar em meu novo apartamento. Muitas fotos e pequenas decorações que sempre quis manter comigo, ainda mais agora que eu iria para um lugar ainda mais longe.

Mais cedo, durante o processo de arrumar tudo de novo, eu me perguntei diversas vezes se essa dor realmente é necessária. Porque muitos jovens têm essa necessidade imensa de irem para longe para se sentirem completos? Porque eu sinto que eu tenho que ir fisicamente longe para alcançar meus sonhos? Eu não posso ficar aqui no conforto da minha família e ser feliz ao mesmo tempo? Eu preciso de tanto para conquistar tudo? Eu preciso conquistar tudo?

— Vamos sentir muitas saudades. — Eu ouvi a voz da minha irmã e rapidamente limpei algumas lágrimas que haviam se formado. — Já estávamos sentindo e agora em outro continente... — Ela falou sentando na minha cama.

— A França me lembra muito de você. — Eu falei e ela deu um sorrisinho. — Eles falando o francês, você poderia ter praticado com Charles. — Notei, mas ela negou com a cabeça. Sabia que ela tinha um pouco de vergonha.

— Ele é ótimo, Ki. — Ela falou sorriu e eu sentei no chão. — Ele é doce e legal. Perfeito pra você. — Continuei apenas observando ela falar.

— Ele é. — Eu falei feliz. — Eu sinto muito que ficamos bem pouco. Eu gostaria que vocês se conhecessem mais. — O suspiro dela me disse tudo.

— Nas minhas férias, prometo que irei. — Fiquei animada com a ideia e logo me levantei.

Era esse tipo de abraço que eu estava precisando. Além de irmã ela era minha melhor amiga, meio que minha mãe em partes. Logo que soltei ela, eu fui para o banheiro lavar meu cabelo. Senti raiva por ter que achar outro shampoo, já que a marca que eu usava era brasileira. Saí do banheiro, coloquei uma calça, uma blusa e um moletom. Queria nada mais que conforto. Depois de uma despedida dramática e melancólica, eu estava no avião com Charles.

— Você tá bem? — Ele perguntou depois que decolamos.

— Sim, foi só no momento. — Eu falei e dei um sorriso em conforto.

— Eu estava querendo falar isso contigo, mas você estava muito ocupada. — Ele falou. — A série da F1 vai ter uma premiere no Reino Unido e eu queria saber se você iria poder ir comigo.

— Porque você está envergonhado? — Eu perguntei rindo de sua cara.

— Eu não quero pedir nada demais. — Ele falou meio tímido.

— Charles, não fiquei com vergonha. — Eu falei e ele passou a mão pelos cabelos. — E se for num final de semana eu vou.

Charles tinha que entender que eu ficava mais que feliz de acompanhar ele em qualquer lugar. Ele é meu namorado, é normal que ele queira que eu vá para as coisas com ele, principalmente em uma coisa tão importante. Uma série da Netflix e que ele vai estar nela. É uma grande coisa.

— Mas então como é ser estrela de uma série da Netflix? _ Dei ênfase na "estrela".

— Foi bem legal gravar, mas às vezes era horrível ser seguido por câmeras, apesar de já ser normal. — Ele contou da experiência. – Talvez você apareça.

— Ninguém me informou sobre isso. — Eu falei e ele riu.

— Contrato de direito de imagem. — Ele lembrou e eu lembrei.

— É verdade! Tinha uma cláusula sobre filmes e séries. — Levantei as sobrancelhas.

— Já quero ver seu look. — Ele falou e eu ri. — Falando em look, olha isso. — Ele abriu o computador na mesinha.

— O que você aprontou? — Eu perguntei curiosa.

— Eu andei desenhando algumas peças. Faz algum tempo desde que eu despertei um interesse em moda e eu desenhei uma coisa para você. — Ele falou parecendo animado e esse sentimento passou pra mim. — É algo na qual eu quero trabalhar mais. — Ele falou e mostrou.

Era uma blusa manga longa turtleneck, a estampa era um vermelho se chocando com um amarelo. Um detalhe na gola CLX em preto bem no meio. Tinha uma calça do lado, toda preta e um CLX no bolso. Era incrível.

— Charles, é lindo, prefeito. — Eu falei ainda admirando o desenho. — Na primeira competição que eu for, essa é a roupa que eu vou usar. — Falei e olhei o sorriso gigante que ele tinha no rosto.

— Fico, de verdade, feliz que você gostou. — Ele me deu um selinho.

CLX, huh? De onde veio? — Eu perguntei e ele riu.

— Charles Leclerc e um X no final só pra dar um charme. — Ele falou quebrando a expectativa de história que eu tinha.

— Eu achei incrível. — Falei e ele riu junto comigo.

Polaroid | Charles LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora