III

241 27 21
                                    

-Gabriel Van Helsing.

-Van Helsing... - repetiu o Conde.

-Você o conheceu? - perguntei com esperança.

-Sim. - torceu o rosto. - O encontrei algumas vezes.

-Mesmo? - levantei-me num pulo, estava feliz de alguma maneira. - E como foi?

-Nada agradável. - caminhou agitado para longe, tirando toda minha felicidade.

-Por quê? Está me deixando confusa. - caminhei atrás do Conde.

Mas assim que o Conde saiu pelo quarto, não o encontrei mais. Drácula havia sumido entre os corredores.

Enquanto voltava para meu quarto, ainda olhando confusa para o chapéu, escutei um barulho alto de uivos. Corri para a janela e abri a cortina, podendo enxergar lá de cima uma alcatéia de lobos correndo e caçando pela floresta. A vontade de caçar para poder espairecer tornou-se tão forte, mas novamente o sono bateu em mim. E dessa vez, o sono ganhou.

(...)

A claridade batia tão forte em meu rosto que o fazia arder. A janela em meu quarto, que era no alto do penhasco, trazia-me a luz do sol. Sentei-me na cama, e ainda sonolenta notei o chapéu de meu pai em meu colo. Vesti o chapéu em minha cabeça e levantei-me. Fechei parcialmente as cortinas, deixando o cômodo mais agradável aos olhos.

Após acordar completamente, desci para o saguão. Eu estava revigorada, mas faminta. O percurso até meu destino foi rápido graças a minha memória fotográfica, que permitiu-me seguir o caminho sem nenhum problema. Surpreendi-me ao ver um prato em frente ao lugar em que eu estava sentada ontem. Puxei a tampa do prato e ali continha iguarias. Sentei e aproveitei o almoço.

Após me alimentar, aproximei-me da mesa de xadrez de ontem e peguei uma das peças na mão, um cavalo, minha peça predileta. Lembrei brevemente de Balaur.

-Preciso vê-lo. - pensei fora da caixa, mas ainda mantinha meu foco na mesa de xadrez.

Agora uma partida seria entusiasmante, porém xadrez é para duas pessoas e Drácula não está aqui.

Depois que Drácula revelou-me ter conhecido meu pai, então sem me dizer mais nada, sumiu entre os corredores. Simplesmente sumiu.

Devolvi a peça para o tabuleiro e respirei fundo, preparando-me para pesquisar esse castelo e descobrir onde realmente estou.

Voltei para o quarto em que dormi e recolhi folhas e uma pena de tinta que estava em cima da escrivaninha, então comecei a mapear os lugares que conhecia do castelo. Andei várias e várias vezes em corredores, na maioria das vezes repetindo-os, até que enfim encontrando outro cômodo. Era outro quarto, igual ao meu, em todos os detalhes, que cheguei até duvidar ser outro.

Desconfiada, entrei com sutileza e examinei sem tocar em nada, porém, ao olhar para escrivaninha e notar sua gaveta entreaberta, minha curiosidade ganhou vida.

Levei minha mão ao puxador da gaveta e, com os olhos brilhando de esperança, decepcionei-me ao ver simplesmente, nada. Não havia nada, mas por sorte eu sou uma Van Helsing e minha teimosia levava-me a acreditar que aquela gaveta não estava entreaberta atoa.

Conde Drácula: Boca de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora