-Irmã Hilda, ensina-me tudo sobre o causador dessa cicatriz em meu pescoço. Esse vampiro não me terá tão facilmente!
Passaram-se exatos três dias após minha chegada ao convento e devo admitir que está sendo diferente de como eu imaginara; orações e orações. Hilda dava-me aulas durante a manhã e pela tarde eu permanecia livre para praticar minha caçada que era durante a luz do sol, é claro.
A mordida em meu pescoço ainda trazia-me certos sintomas, os sentidos estavam apurados. Digo, com certa incerteza, mas creio que ás vezes posso escutar sussurros em claro e bom tom da sala ao lado. Assim como o ratos no teto, que mais caminham como elefantes.
O pior era que Drácula não saía de minha mente por mais que eu implorasse. Não era a imagem aterrorizante da sua boca de sangue, mas seu sorriso hipnotizante que acabou por fim, me hipnotizando.
Um suspiro longo.
Eu estava em meu quarto, o mesmo que despertei a três dias atrás, carregada de livros abertos em minha frente, porém somente um chamava-me totalmente a atenção: um livro grosso alimentado de páginas com uma capa de couro preta, pouco suja, mas ainda notável sua cor negra como a escuridão.
Aproximei o livro de mim e deslizei o dedo suavemente sobre a capa do livro, minha intenção era limpá-lo sem deixar marcas em seu bonito couro. Não tinha título gravado como nos outros, somente a pretidão. O abri com tamanho mistério e em sua primeira página, com escrita cursiva a seguinte palavra: Vampiro.
Hilda, que estava sentada próximo a mim, aproximou-se e levou sua mão até a página e a virou.
-Veja, essa espécie não é algo recém-chegado, há anos atrás, pessoas já haviam sido atormentadas por esse monstro. - falou.
Hilda virou novamente a página e uma imagem pintada um tanto subjetiva: um ser com a aparência de um demônio bebendo do sangue de uma moça que tem o olhar inocente. O que ela queria dizer-me mostrando isso? Drácula remete a imagem desse demônio?
-Alho? - após ler o que era mais um dos pontos fracos de Drácula, arqueei a sobrancelha. - Um monstro que tem nojo de alho? - ri.
-Eu também não entendo porque um alho seria uma arma contra um vampiro. - sorriu junto á mim, logo voltou para o livro. - Veja, "o vampiro somente entrará em sua residência se for convidado" - leu em voz alta.
-O que? Ele bebe do seu sangue sem o seu o consentimento, mas para entrar em sua casa ele solicita? - estava confusa, parecia até uma piada.
-Acredito que Drácula seja um gentleman, de certo modo... Então creio que suas criações carregam tais modos consigo. - olhou-me e levantou-se. Minha feição pensativa apenas confirmou o que Hilda acabou de falar. - Sua aula já acabou, tenho uma missa para ir agora. Boa caçada, minha jovem. Volte antes do anoitecer.
A irmã deixou-me a sós com o livro, eu agradecia mentalmente por ela nunca convidar-me para participar dos seus compromissos.
Hilda é uma freira diferente. É bem notório que a sua fé é um tanto débil, instável. Digo isso porque em alguns momentos percebo que ali no fundo existe uma freira devota, crente, mas em outros percebo não uma freira, mas alguém que busca em si mesmo esse tal ser sobrenatural. Às vezes encontro-a olhando para mim e para a minha marca, não sei dizer ao certo qual o tipo de olhar, mas me gera estranhamento.
Continuei a leitura e as primeiras páginas falavam a fundo sobre a espécie, uma leitura um tanto assustadora, devo dizer. Após algumas folhas, outra com a imagem de um homem, que se olhar mais atentamente, dava-se para saber sua identidade, era Drácula. Não tinha aquele sorriso hipnotizante. Não, era algo pior. Era o simples rosto dele, que despertava-me ódio, raiva e formigamentos em minha barriga. Aquele rosto que me assombra todas as noites em meus sonhos. Abaixo da imagem o seguinte nome: Vlad Drakul.
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Conde Drácula: Boca de Sangue
VampireA jovem romena Morgan encontrou uma floresta distante de sua casa após sair da mesma. Porém, mal imaginara que se tratava de uma região assombrada pelo famoso vampiro, Drácula. Para o azar da jovem, viver em um vilarejo pequeno e distante de tudo de...