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- Ajudo. - respondeu com firmeza demais para a figura tímida de outrora - entretanto, sob uma condição: irei com você.

- Ir comigo? - perguntei novamente, os olhos arregalados fixos na freira.

- Eu ajudo você. - repetiu com sinceridade. - Não pense que é devido ao temor de Drácula entrar neste recinto e causar sofrimento às pessoas, ainda que essa preocupação me atinja. Desejo acompanhá-la simplesmente porque não suporto mais este lugar.

Concordo com um aceno de cabeça, eu não a julgaria. Certamente, eu faria o mesmo.

- Me diga o seu nome. - pedi.

- Alba, meu nome é Alba. - respondeu a jovem.

Dediquei o restante do dia ao repouso, restaurando minhas energias e ansiando pela chegada do anoitecer. Tínhamos poucas horas para realizar todas as tarefas sem atrair a atenção de terceiros. Este aspecto, ao meu ver, representava a parte mais difícil do plano. Este convento abriga inúmeras freiras, o que dificulta a fuga sem ser percebida.

- Surgiu-me uma ideia, aguarde-me aqui. - proclamou a freira, mantinha sua aura como anteriormente, tímida, porém mais expressiva e comunicativa.

No instante em que me vi sozinha neste quarto, um medo tomou conta de mim, de que Alba não retornasse mais. Afinal, sua decisão de partir comigo foi surpreendente. Considerei a possibilidade em que ela tenha mentido sobre me ajudar e talvez tenha encontrado uma artimanha para informar a Hilda que tomei, enfim, a decisão de escapar e encontrar Drácula. Você não consideraria tal especulação?

Levantei-me lentamente, sentindo ainda a dor em cada parte do meu corpo.

Era uma tarefa quase impossível deixar este lugar sem atrair atenção. Estou sem minha balestra e encontro-me visivelmente doente, com o corpo debilitado, mãos trêmulas, contudo, dotada de uma audição aguçadíssima.

Dito isso, alguém se aproxima com passadas rápidas em direção ao meu aposento e adentrará em breves minutos. Calcei minha bota e desloquei-me em direção à parede junto à porta, de modo que quem a abrisse não me visse imediatamente. Eu teria a oportunidade de golpear quem quer que fosse, exceto Alba. Sim, eu ousaria golpear - sem provocar a morte - uma freira, se necessário.

A figura que adentrou meu aposento, para minha tranquilidade, revelou-se ser a freira que havia se comprometido a retornar. Ao que tudo indica, ela não possui intenções de me enganar ou delatar; seu desejo genuíno é, de fato, abandonar este local.

- Pega, veste isso. - disse, colocando vestes de freira sobre minha cama.

- É brilhante. Hilda ou a anciã jamais imaginariam que eu trajasse isto. - procurei sorrir.

Era, de fato, um ótimo plano. Consigo vislumbrar com clareza a cena: duas freiras em fuga, à cavalo sobre a luz do luar.

Nos infiltramos sem dificuldade entre as demais. Era noite e havia pouco delas no pátio. Para mim, é fácil apenas avançar com a cabeça baixa e com as mãos unidas em prece. No entanto, sentia-me muito engraçada vestindo estas roupas. Jamais, em toda minha existência, imaginei-me em tal circunstância.

Avançávamos pausadamente, por conta do meu corpo dolorido e enfraquecido, e também devido à presença de alguns itens pessoais grudados ao corpo por debaixo da fantasia.

Conde Drácula: Boca de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora