Romênia, Bucareste - 1899
-Você irá sim para o convento! - gritou enquanto apertava o terço contra seu peito. - Garota levada!
-Vai tentar enterrar em mim essa crença? - questionei - Realmente acreditar em um ser imaginário que nunca nos ajudou?
Ao invés de uma resposta verbal, um tapa foi deferido em meu rosto. Olhei para seu semblante de pena, diferente de mim, que era desgosto. Sem lhe responder, corri para meu quarto e peguei apenas meus materiais de importância: minha balestra de caça e o chapéu que recebi de meu pai antes do mesmo falecer.
-Para onde você vai? - perguntou enquanto seguia-me pela casa. - Me responda! - ordenou.
Estacionei bruscamente e virei-me, indignada.
-Eu vou embora desse lugar! - gritei. - Que eu não entendo como não havia deixado antes.
-Vá e então nunca mais voltará aqui! Irá passar fome e quando quiser retornar pedindo perdão, não será bem-vinda.
-Eu quem irei morrer de fome? - me aproximei e a desafiei. - Afinal, quem trazia o alimento para essa casa? - sacudi a balestra de caça em minha mão.
-Irá queimar no inferno. - sacudia sua cabeça em reprovação.
-Te vejo lá. - sorri cínico e bati a porta, enfim estando na parte de fora da cabana.
Era noite e eu precisava achar um lugar para dormir, pelo menos por hoje. Peguei meu cavalo, Balaur, e busquei abrigo.
Enquanto cavalgava naquela floresta escura e silenciosa, sentia cada vez mais forte o alívio em meu peito. Tudo o que eu desejava era abandonar aquele lugar, mas só permanecia para ter a memória de meu pai. A mulher que me obrigava padrões, na verdade era uma prima distante de meu pai. Minha real mãe eu nunca cheguei perto de conhecê-la. Então sem a presença paterna, fui jogada para aquela crente maluca.
Meu pai foi o melhor homem que conheci, era um ótimo pai e tudo que sei hoje é graças à ele. Tinha a fama de ser um homem misterioso e meio maluco, e isso foi o que causou a sua morte. Nunca encontramos o seu corpo.
Então meu cavalo tirou-me dos meus pensamentos assim que parou bruscamente e agiu estranho quando chegamos em um lugar mais frio da floresta. Olhei entre as árvores e vi um homem entre a escuridão delas.
-Quem está aí? - gritei e segurei-me firme em meu cavalo, que ainda continuava agitado. Ele tinha medo. - Vou avisando que será melhor para você se revelar da escuridão. - Bradei e num movimento rápido peguei e mirei minha balestra para a figura escondida.
-É assim que você trata um estranho? - o homem mostrou sua identidade e com ele cabelos negros, sobrancelhas grossas, expressivas e um sorriso extremamente hipnotizante. - Eu poderia estar perdido e você me aponta, isso? - perguntou com extrema educação.
-Quem é você? - arqueei minha sobrancelha.
-Se você baixar essa balestra será mais agradável para conversarmos. - Sorriu e ajeitou a capa preta em suas costas, então pude ver que em suas mãos não haviam nada que trouxesse perigo. Assim fiz, trouxe a trégua por hora e acalmei meu cavalo.
-Quieto Balaur. Shh. - pedi e acariciei meu parceiro de viagem.
-Obrigado. - o homem sorriu e agradeceu formalmente.
-Por que se escondia entre as árvores? - perguntei.
-A observava, apenas. - respondeu com um sorriso de canto.
-Entre as árvores? - arqueei a sobrancelha, duvidosa.
-Ora, você parecia tão ocupada com seus pensamentos que decidi não a atrapalhar. - respondeu-me educadamente.
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Conde Drácula: Boca de Sangue
VampirosA jovem romena Morgan encontrou uma floresta distante de sua casa após sair da mesma. Porém, mal imaginara que se tratava de uma região assombrada pelo famoso vampiro, Drácula. Para o azar da jovem, viver em um vilarejo pequeno e distante de tudo de...