IV

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-Um vampiro.

"Era frio e eu estava parada em meio a uma floresta. Na verdade, eu conhecera esta floresta antes, foi onde eu encontrei Drácula, mas desta vez eu estava só. Ou pelo menos, era como eu estava sentindo-me, mas o sentimento era errado, porque dessa vez entre as árvores não estava Drácula, e eu sabia disso. O formato da sombra não negava que, ali no escuro, nesta floresta, estava o meu pai. 

-Pai! - aproximei-me de meu pai que usava o famoso chapéu. Foi então que eu vi seu rosto. - Eu senti tanto a sua falta.

Puxei-o para um abraço, mas para minha infelicidade, ele sumiu entre meus braços."

Abri meus olhos e foi então que eu percebi que foi tudo apenas um sonho. Eu estava tão cansada, tão sonolenta. Me sentia totalmente diferente de ontem, dinâmica e ativa. Sentei-me na cama e doeu-me os olhos, apertei-os com as mãos e logo senti uma pontada forte em meu pescoço. Rapidamente coloquei minha mão nele e senti um relevo estranho no lado esquerdo. Ardia, e muito.

-O que aconteceu? - sussurrei sonolenta.

-Beijo do vampiro. - calmamente, respondeu Drácula.

Assustei-me e, obviamente procurei onde o Conde estava. Sem muito esforço o encontrei, estava sentado em uma cadeira no canto direito do quarto, por debaixo da escuridão mais intensa do cômodo.

-Você quem fez isso? - perguntei e senti de novo uma pontada no pescoço. Dessa vez a dor veio acompanhada de lembranças dessa noite. Alguns relances rápidos, porém que fizeram eu descobrir do que finalmente sinto medo. Drácula estava em cima de mim com sua boca de sangue. O meu sangue. - O que é você?

-Já se esqueceu? - perguntou sarcástico.

Vampiro.

Engoli seco. Eu sabia que estava em perigo e para piorar, totalmente vulnerável e desarmada. Eu precisava ser rápida, senão seria meu fim.

Olhei para minha bolsa que estava próxima a janela e não muito longe de mim. Era agora ou nunca.

Pulei da cama e corri em direção a minha balestra que estava dentro da bolsa e bem visível, só que a velocidade de Drácula era surreal. O vampiro prendeu-me contra a parede, pouco antes de eu conseguir pegar minha arma de defesa, e com sua mão apertando o arredor do meu pescoço fez a minha respiração trancar.

-Nada de balestras por aqui. - falou o vampiro e mesmo em tal circunstância, ele ainda tinha seu tom irônico.

Tentei falar algo, mas estava difícil, meu fôlego estava quase no fim. Chutei uma das pernas de Drácula, mas ele apenas sorriu já que não sentiu dor alguma. Para a minha surpresa e para o meu fôlego, o vampiro afroxou sua mão do meu pescoço.

Incessantemente comecei a tossir com o objetivo de encontrar o ar. Consegui, mas era difícil.

-Por que não me deixa pegar minha balestra para mostrar à você o que eu posso fazer com ela? - o desafiei ainda um pouco ofegante. Tentei forçar minha saída contra a parede, mas ele era forte como uma rocha.

-Eu já vi. Fiquei impressionado com suas habilidades de caça. - elogiou e sorriu.

-Como você sabe? - perguntei um tanto confusa. - Nunca sequer me viu usá-la nem que seja para caçar.

Bom, se for para anotar o que eu já sei, vampiro possui habilidade de alta velocidade e força. Será que pode ler mentes também? 

-Só no sangue descobrimos a verdade. - respondeu-me Drácula, facilitando meu esforço para descobrir.

Conde Drácula: Boca de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora