XI

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Nos despedimos e prossegui para minha longa jornada.

Ao encontrar o castelo, percebi que jamais esqueceria tal beleza. Era de fato, um castelo simples, porém tinha algo majestoso nele que de alguma maneira deixava-me em êxtase. Era um dia ensolarado de outono, a luz do sol tocava tudo que havia de criação neste mundo. Sendo assim, o anfitrião não estaria a minha espera na entrada.

Desmontei de Balaur e o deixei livre pelo campo. Estou segura que o animal é inteligente e jamais iria para tão longe de sua companheira.

O interior do castelo, muito frio, mas mantinha-se inalterado desde a minha partida. Possuía ainda, aos meus olhos, aquela beleza singular que eu acreditava ser apreciada por apenas alguns privilegiados. Uma acolhedora chama ardente na lareira aguardava minha chegada, tornando o ambiente ainda mais agradável. Contudo, sobre a enorme mesa, nenhum sinal de ocupação.

- Van Helsing. - anunciou Drácula, enquanto descia por aquela enorme escada rochosa. Estava vestido com suas tradicionais roupas pretas, exceto pela capa, dando ênfase à uma camiseta branca por debaixo do colete de alfaiataria. - Uau. Quase não a reconheci com este traje. Devo me antecipar de eventuais críticas de sua parte?

- Não, não faz o meu tipo. - respondi. - Não era para estar dormindo, Conde?

- Quando soube que estava a caminho fiquei impressionado. Acreditava em seu retorno, é claro, mas apenas um dia se transcorreu e olha você aqui. Sentiu falta de minha companhia? - brincou o vampiro, ainda que minha resposta não tenha sido correspondida. - Suponho que esteja cansada. - pronunciou.

Como era de praxe, Drácula mostrava-se gentil, ainda que envolto em seu sarcasmo característico. Confirmei sua observação com um discreto aceno de cabeça.

- Como soube que eu estava a caminho? - perguntei.

- Eu sempre sei. Coisa de vampiro. - deu de ombros com indiferença.

- Bom, talvez não tenha percebido, mas a mesa está vazia. - mencionei enquanto circundava o móvel, deslizando os dedos sobre a madeira para senti-la. - Tinha conhecimento sobre minha visita e não preparou uma refeição?

Eu estou faminta e, se fosse necessário, mataria um boi para comer.

- Ah minha cara, sua refeição está aqui. - ele apontava para si mesmo, e claro, sempre com um sorriso no rosto.

Seria este gesto mais um dos joguinhos de sedução do Conde? Sinceramente, estou sem disposição para tais atitudes, minha noite fora muito mal dormida naquele cubículo de quarto infestado de percevejos.

Mantive-me em silêncio e comecei o processo de despir o traje de freira, revelando minha vestimenta que se encontra por baixo. O vampiro acompanhava atentamente - não de um modo sério - cada movimento meu. Quando ele notou que eu havia percebido o caminho dos seus olhos, arqueou as sobrancelhas, sorriu sem exibir os dentes e desviou o olhar. Eu pagaria algumas moedas de ouro só para descobrir quais pensamentos pairavam sobre aquele olhar.

Drácula rapidamente percebeu que nenhuma resposta seria oferecida, então se dispôs a começar.

- Sente-se, Senhorita Helsing. - puxou uma cadeira e ofereceu-me para tomar o assento, o que fiz. - Conte-me como foi a sua saída do convento. Como reagiram? Imagino que tenham ficado profundamente desapontadas com a sua escolha. - falava, se divertindo com a situação.

- Não sei como reagiram. - respondi sucintamente, evitando pensar no convento e, consequentemente, naquela freira que infelizmente não deve estar viva.

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⏰ Última atualização: Jan 17 ⏰

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Conde Drácula: Boca de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora