Onze - As aparências enganam

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Não era a primeira vez que Margot se sentia assim, desde aquele fatídico dia tempestuoso seu corpo vinha se comportando de outra forma.

O coração disparava de repente, as mãos suavam e ficavam geladas, a respiração pesava e pensamentos tristes tomavam conta de sua mente.

Os sonhos também estavam diferentes, ela sentia como se estivesse vivendo aquilo de fato.

E na noite que entrou no quarto do professor Samuel, não poderia estar de outra forma.

Havia voltado do quarto tão cansada e absorta que mal falara com Olívia, apenas deitou na cama e caiu em um sono profundo, tendo mais um sonho estranho.

Margot não estava no campo do sonho anterior, e sim em uma praia vazia de água intensamente azul, o vento balançava coqueiros na orla e o sol brilhava reluzente.

Ela podia sentir o cheiro de sal e os pés afundando na areia molhada enquanto caminhava devagar observando a paisagem.

Então repetinamente algo passou por seu corpo lhe tirando o ar, a sensação veio tão rápido quanto passou, alguém como um fantasma havia passado por ela.

Margot viu uma jovem loira de vestido rosa correndo de mãos dadas com um rapaz que usava apenas sunga.

Quando o casal virou-se, ela reconheceu Carla Spink, anos mais nova, com um rosto magro e radiante, exibindo um largo sorriso ao lado do Henri Becker adolescente, que também sorria e rodopiava pelo ar.

Mesmo com certa relutância Margot se aproximou deles. Estavam tão apaixonados que era de dar inveja a qualquer um. Henri olhou Carla nos olhos com carinho e ternura.

- Estou tão feliz. -ele disse segurando o rosto dela com as mãos.

- Que bom que você me deu uma chance.

- Claro, você desperta o melhor em mim.

- Desde sempre?

- Desde sempre.

- Então podemos casar amanhã! - Carla disse brincalhona e ele riu.

- Você sabe que eu faço tudo por você. -Henri deu um beijo carinhoso na testa dela e a abraçou.

Margot sentiu vontade de falar com a professora na esperança de que ela pudesse ouvir e responder suas perguntas, mas antes que abrisse a boca, o casal correu pra longe.

Tudo a sua volta perdeu a cor e ela sentiu como se estivesse caindo.

Então acordou num sobressalto, a luz do sol que invadia o quarto ardeu seus olhos por um instante.

Sentiu o estômago revirar, fechou os olhos e respirou fundo, essas sensações eram tão constantes que já estava habituada ao que devia fazer.

Antes do mal estar passar, ela pegou seu celular e ligou pra Rafaela angustiada.

- Mãe?

- Filha? Ligando tão cedo?

- Só estou preocupada com você e o papai.

- Você sabe que tenho visitado ele sempre que posso. Ele vai ser transferido pra um presídio quando o julgamento for marcado semana que vem.

- Mas ele não pode! Isso não é justo! O meu pai vai ser solto logo logo. Eu sei quem é o verdadeiro assassino.

- O quê? Que história é essa?

- Você vai ver, mãe, o papai é inocente.

- Filha eu acho que você não está entendendo. O seu pai estava no local do crime.

HisteriaOnde histórias criam vida. Descubra agora