Depois de ser levada por Francis, Olívia e Jack de volta para o seu quarto, Margot sentou em cima da cama e começou a chorar.
- Toda essa merda que estou vivendo pra descobrir a verdade, vendo fantasmas, me arriscando, está servindo de quê? Quando foi que minha vida virou essa porcaria de filme de terror? Eu estou cansada, quero minha vida de volta, quero Lucy entrando por aquela porta irritada com suas confusões engraçadas, quero Francis chegando com mil sacolas de roupa extravagantes pra gente provar e rir, eu até quero a professora Spink enchendo o meu saco por causa de coisas fúteis. A nossa vida era podia ser chata, clichê, mas pelo menos não era esse pesadelo. Eu não aguento mais me sentir tão inútil e vulnerável.
Jack se aproximou e se ajoelhou na frente dela, lhe dando um beijo casto na testa.
Seus amigos não sabiam o que dizer, até mesmo Olívia que conhecia Margot a tanto tempo, nunca a tinha visto chorar daquele jeito.
Todo aquele sentimento de tristeza eminente também encheu seus olhos de lágrimas, num sentimento misto de medo e pena da amiga.
Olívia e Francis sentaram ao lado dela, enquanto Jack, ainda de joelhos fazia carinho nos cabelos castanhos de Margot.
O choro dela, durante minutos foi o único som no quarto, que aos poucos foi cessando.
- Mags... você acha que consegue nos contar o que aconteceu? -Francis perguntou olhando pra ela como se fosse frágil, capaz de quebrar a qualquer momento.
- Eu...hum... posso, posso sim. -ela respondeu com a voz trêmula e suspirou. - Vi o fantasma da professora, eu estava errada, não foi o professor Samuel.
- Como assim? Margot, você achou uma adaga dentro do quarto dele.
- O quê? Uma adaga? -Jack perguntou surpreso, Francis assentiu e em seguida voltou sua atenção para Margot.
- A professora Spink me passou uma visão do passado...eu nem sabia que isso fosse possível, mas ela me mostrou eles dois, naquela mesma sala, eles viviam um romance e...
- E então, esse é um motivo perfeito pra um crime, pé na bunda, traição, brigas. -Olívia interrompeu.
- Não, eles pareciam felizes, ele fez promessas a ela, pareceu tão sincero e apaixonado, disse que não ia deixar ela sofrer de novo, eu não sei porque o "de novo", mas de uma coisa eu sei, não foi ele. A professora estava com raiva, infeliz e insatisfeita comigo.
- Você tem certeza? Absoluta?
- Sim, foi muito real.
- Mas aquela adaga ainda é muito estranha.
- Eu sei, Oli, mas precisamos esperar pra ver o que a polícia vai descobrir.
- Então o professor Samuel pode estar preso injustamente?
- Eu sou horrível. -Margot disse com pesar. - Faço tudo errado.
- Não, claro que não. Você é muito corajosa. Você fez o que achou que devia fazer.
- Eu sinto cada vez mais como se estivesse ficando longe do verdadeiro culpado.
- Vamos esperar, se o professor voltar, falamos com ele. Também temos o Bob pra conversar, é difícil encontrar ele desocupado e sozinho pelo internato, mas se precisar eu dou um jeito. -Olívia disse roendo as unhas. - O que importa é descobrirmos alguma novidade. Você leu o diário?
- Sim, estou em 2000, meu pai e Carla realmente tiveram um romance na adolescência e aquela amiga dela, Megan, é meio suspeita.
- Eu disse! -Francis expressou sua empolgação batendo palminhas. - Sempre tenho razão.
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Histeria
Mystery / ThrillerHistória típica de romance colegial mas com um mistério, um serial killer sem rastros e ardiloso que mudou a rotina do internato Saint Dumont. Para desvendar esse mistério e inocentar seu pai, principal suspeito, Margot Becker, uma garota tímida e...