Sorriso

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Quando voltei para o acampamento naquela noite com a vodca, encontrei meu pai morto enrodilhado em posição fetal, o rosto coberto de sangue devido aos arranhões para tentar arrancar os insetos nascidos em sua mente. Vagabunda, ele xingou antes de eu sair para encontrar o veneno que iria salvá-lo. Ele pensou que eu era a minha mãe, o que era irônico. Depois que completei 14 anos, eu era mais a mãe dele, alimentando-o, lavando suas roupas, cuidando da casa. E eu ia a escola todos os dias com o uniforme bem passado e eles me chamavam de Sua Majestade. Quando eu cheguei em casa, de volta da escola, ele já estava em um estado de confusão mental. E eu também deixei que as pessoas do lado de fora alimentassem suas ilusões. Eu só não alimentava as ilusões. Eu as vivia. Mesmo depois que o mundo desabou a nossa volta, eu me apegava a elas. Mas depois que ele morreu, eu disse a mim mesma para por um fim aquilo.
Chega de vestir a máscara da coragem, de acreditar em falsas esperanças ou fingir, dizia que manter a cabeça erguida ou qualquer outra bobagem que parecia adequada no momento era ser otimista, corajosa. Isso não é ser forte. Isso é ser totalmente fraca. Eu tinha vergonha da doença dele e ficava zangada com ele, mas era igualmente culpada. Eu compactuei totalmente com as mentiras até o fim. Quando ele me chamou pelo nome de minha mãe, não o corrigi

Delirante

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Solto a respiração, com calma e devagar

— Sabe o que eu sou viciado? Balas de goma. Framboesa. Não gosto muito das de limão. Tenho um estoque. Vou trazer algumas para você, se quiser - Navalha oferece — Com uma condição - ele diz

— Diga

— Um sorriso - ele diz — Um sorriso e eu compartilho o meu estoque de balas com você - ele solta um sorriso de canto

— Não seria verdadeiro - digo a ele

— Agora não me importo mais

— Eu ainda me importo

— Ok! Tudo bem, então, se você comer esses ovos frescos. Aves criadas ao ar livre, ovos orgânicos, criação aqui mesmo do acampamento eu lhe trago as balas

— Tudo bem - dou uma beliscada nos "Ovos frescos. Aves criadas ao ar livre, ovos orgânicos, criação aqui mesmo do acampamento" — Não estou vendo a caixa.

— Que caixa? Ah, era um jogo meio estúpido

— Não, eu gostei - digo a ele — Foi divertido

— Mesmo? Você não pareceu muito animada com ele

— Acho que não ando me sentindo bem ultimamente

Ele riu, então pareceu surpreso com a própria reação

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Navalha me contou que era o mais novo de cinco irmãos, que jogava basebol e futebol e torcia para o time de Michigan.

— Minha mãe queria que eu fosse um advogado, mas meu velho não me achava inteligente o bastante...

— Espere, o seu pai não te achava inteligente o bastante? - pergunto incrédula

— Ele queria que eu fosse eletricista como ele. "Seja dono do seu nariz", ele sempre dizia, "não seja empregado dos outros" - ele mexe os pés constrangido — E o seu velho?

Vence quem persevera (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora