Fuga

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— Voe baixo — ordeno a Bob.

— Para onde vamos?

— Sul. - O helicóptero faz a volta, o chão corre em nossa direção. Vejo o depósito demunições queimando e as luzes giratórias dos carros de bombeiros e os recrutas fervilhando em volta como formigas. Sobrevoamos um rio, a água escura cintila sob aluz longínqua dos holofotes. Atrás de nós, o campo é um oásis de luz em um deserto de escuridão invernal. Mergulhamos nessa escuridão, deslizando a menos de dois metros acima da copa das árvores.

Escorrego para o assento ao lado de Teacup, encosto-a no peito e afasto seus cabelos para o lado. Espero que essa seja a última vez que tenho que fazer isso. Quando termino, amasso o implante com o cabo da faca. A voz de Navalha soa no meu fone de ouvido.

— Como ela está?

— Acho que está bem.

— Como você está?

— Bem - respondo

— Algum machucado?

— Quase nenhum. E você?

— Suave como um bumbum de bebê.

Recoloco Teacup no assento com cuidado, levanto-me e abro compartimentos até encontrar os paraquedas. Navalha continua a tagarelar enquanto verifico os equipamentos.

— Tem alguma coisa que queira me dizer? Tipo, não sei, obrigada, Navalha, por salvar meu traseiro de uma vida inteira de servidão alienígena depois que eu lhe dei um soco e agi feito uma idiota a maior parte do tempo? Alguma coisa parecida com isso? Você sabe, não foi exatamentecomo dar um passeio num campo de basebol, inserir códigos secretos em jogos falsos, colocar laxante no pudim, instalar explosivos, roubar SUVs e sequestrar pilotos e quebrar dedos. Talvez, Ei, Navalha, eu não teria conseguido sem você. Você é demais. Alguma coisa assim. Não precisa ser exatamente assim, só alguma coisa que capte o espírito geralda coisa.

— Talvez um, ei Navalha, cale a boca! - Digo

— Ah qual é Especialista

— Por que você fez isso? — pergunto. — O que fez você decidir confiar em mim?

— O que você disse naquele dia sobre as crianças, sobre transformá-las em bombas. Fiz umas perguntas por aí. Quando me dei conta, estou na cadeira do País das Maravilhas, então eles me levam para o comandante e ele cai matando por causa de uma coisa que você disse, e ele manda que eu pare de falar com você porque não pode mandar que eu pare de ouvir, e quanto mais penso no assunto, mais fedorenta a coisa fica. Eles nos treinam enquanto carregam criancinhas com munição alienígena? Onde estão os caras bonzinhos aqui? E então pergunto quem sou eu aqui? Fiquei muito ansioso e entrei numa crise existencial. Mas o que realmente me pegou foi a matemática.

— Matemática?

— É, a matemática. Vocês asiáticos não são ótimos em matemática?

— Não seja racista. E eu sou só 3⁄4 asiática.

— Três quartos! Viu só? Matemática. Tudo se resume a uma simples adição. Como em a soma está errada. Certo, talvez a gente tenha sorte e consiga tirar o programa do País das Maravilhas deles. Mesmo alienígenas super superiores podem fazer besteira,ninguém é perfeito. Mas nós não só roubamos o País das Maravilhas. Nós temos as bombas deles, temos seus chips que rastreiam e matam, seu super sofisticado sistemananobótico... Droga! Temos mais armas deles do que eles!

— Estou confuso.

— Relaxe, Bob — Navalha diz. — Ei, Bob. Esse não era o nome do major do Campo Abrigo? Por que quase todos os oficiais se chamam Bob?

Vence quem persevera (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora