𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 4 | 𝐀 𝐄𝐒𝐂𝐎𝐋𝐀

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Oi! Conto com o voto e os comentários de vocês! Obrigado desde já!

Boa leitura. 📖🙃

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Havia a escola, que começara a detestar depois que ferira o pé. Tinham-lhe posto o apelido de Manquinho, e principalmente os maiores, como o Chanyeol, gostavam de provocá-lo, insultando-o ou tomando-lhe a parte do lanche.

Mas nem tudo era ruim na escola. Gostava da merenda, sobretudo quando tinha frango. Uma coxa só pra ele, acompanhada de um grande copo de suco de limão ou de laranja! Mas gostava mesmo era da professora Alessa, que, no começo do ano, antes que tivesse cortado o pé, viera a substituir a dona Bora.

Dona Bora era uma mulher ranzinza, sempre de cara fechada, que parecia estar de mal com o mundo.

── Vamos ficando quietos, seus maloqueiros!

Ela costumava entrar na sala xingando, não distinguindo os que ficavam quietos aos que faziam bagunça. Dona Bora passava a aula toda resmungando, reclamando dos alunos, da diretoria, do governo, do salário:

── Me pagam essa droga, e ainda tenho que aturar um bando de vagabundos!

As provas vinham corrigidas [quando eram corrigidas] com borrões vermelhos, com fortes riscos da caneta, como se ela destilasse sobre o papel toda a raiva acumulada em anos e anos de frustração.


── Professor é pior que burro de carga! Estuda tanto para acabar dando aula num fim de mundo, onde ninguém nos respeita!

Se ela os odiava, a recíproca era verdadeira. Mas temiam-na: por detrás dos óculos escuros, os olhinhos pareciam brilhar malignamente. A boca, fechada num risco, quando se abria vinha um dito ferino. E ela sabia como ninguém descobrir o ponto fraco das pessoas para humilhá-lhas.

Tinha vários apelidos: "Jararaca", "Mortícia", "Catifunda". E o pior de tudo é que ela sabia dos apelidos, o que lhe aumentava o rancor e o ódio contra tudo e todos. Passava grande parte da aula ditando apressadamente pontos sobre o sujeito, predicado, objeto direto, intercalados do ensino, sobre a necessidade de se construírem mais presídios, sobre as vantagens do sistema ditatorial.


── Democracia? Para que democracia? Pobre não sabe mesmo votar. Estamos nessa bagunça por causa do presidente que vocês elegeram!


Quando dona Bora afinal se aposentou, foi uma festa na escola. Em seu lugar, veio uma mocinha tímida, de grossos óculos de míope, que mais parecia uma aluna do que uma professora. No primeiro dia de aula, entrou na classe com alguns livros, o diário e disse num tom que quase ninguém ouviu:


── Meu nome é Alessa...


A bagunça era geral: os alunos atiravam pedaço de papel um nos outros, gritavam, um grupinho no fundo contava piadas, um outro trocava figurinhas. E ela, de pé, junho à mesa, o rosto aflito, esperando que alguém se dispusesse a ouví-la.

── Gente, sou a nova professora...

── A nova professora? Onde? Não tô vendo nenhuma ── disse o Chanyeol, gozando.


A classe caiu na gargalhada, e ela, séria, aguardando que fizessem silêncio. Como a bagunça continuasse, assim mesmo resolveu começar a aula, falando baixinho, explicando a matéria, usando a louça, coisa que dona Bora nunca fizera. Mas talvez por isso mesmo é que poucos prestaram atenção, preferindo conversar entre si ou brincar ao fundo da classe. Num determinado momento ela chegou a perder a paciência e a ensaiar um sermão:


── Como vocês querem aprender não prestando atenção? Vocês...

── Mas a gente não quer mesmo aprender, fessora ── gozava o Chanyeol.

── Como pode dizer uma coisas dessas? Aprender é importante. Você não quer crescer na vida?

── Pra quê, fessora? ── disse ele, se levantando na carteira e mostrando toda sua altura. Já sou grande demais.

Ela insistia, tentando conversar, tentando dialogar:


── Não estou falando desse tipo de crescimento. Estou falando do crescimento espiritual, intelectual.

E tudo parecia inútil: em vão, a professora Alessa procurou novos e interessantes métodos do ensino, para conquistar os mais arredios. Até que um dia, para surpresa da classe, ela perdeu de vez a paciência. Elevando a voz num tom desconhecido, muito emocionada, ela falou quase meia hora. E, enquanto falava, seus olhos encheram-se de lágrimas, e sua face tomou uma coloração avermelhada. Mas ela falou, sem insultá-los, e a classe, como que envergonhada, ouviu-a em absoluto silêncio. Depois, pegou as coisas sobre a mesa, deu-lhes as costas e saiu da classe sem dizer nada.

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Prontinho!

Quem sabe como eu me chamo, sabe que a professora Alessa, foi inspirada em meu nome. Menos a personalidade.

Próximo: talvez de madrugada, ou amanhã à tarde, no mesmo horário.

Até mais! 💕

𝗽𝖾𝗋𝗂𝗀𝗈𝗌 𝗻𝖺 𝗻𝗈𝗂𝗍𝖾 𝗲𝗌𝖼𝗎𝗋𝖺 • 𝗽𝗃𝗆 + 𝗷𝗃𝗄Onde histórias criam vida. Descubra agora