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Boa leitura. 📖
Há alguns anos, numa noite chuvosa, Jimin não se lembrava quando, uma C14 da polícia havia parado diante do barraco. Com que admiração ele não contemplara o grande carro brilhante, de pneus de tala larga, os PMs, armados de metralhadoras! Um deles, que parecia ser o chefe, dissera que Seulgi precisava ir com urgência até a delegacia. Seulgi entrara chorando na C14 e só voltara de madrugada, também chorando.
── Mataram ele ── contara aos vizinhos alvoroçados ──, disseram que por causa de negócio de droga.
Jimin lembrava-se de que tentara chorar e não conseguira. Ficara pensando no pai fugindo da polícia. Tiro doía? Devia doer. Mas que dor que era? Uma vez, tinha cortado o pé num caco de garrafa quando brincava no lixão atrás da favela.
O sangue enguichara longe, e a dor fora tão forte que chegara a perder os sentidos. O pai levara-o de táxi ao pronto socorro. O taxista não queria aceitar a corrida de jeito nenhum, dizendo que ia sujar o carro de sangue. Mas o pai ameaçara, e o homem, com medo, acabara por levá-lo. Tinha sido gostoso ir de táxi. Jimin nunca tinha andado de carro, muito menos de táxi. Chegando ao hospital, não havia médico de plantão, e ele teve que ficar esperando, deitado no banco, o pé sangrando muito.
── Enrola o pé dele no lençol ── disse a enfermeira ──, se não vai sujar todo o chão.
Tanta era a dor, que ele gritava tanto, que acabaram por lhe dar uma injeção para que parasse de gritar. Jimin mergulhara num sono fundo cheio de pesadelos, em que alguém, vestido uma máscara, dizia que talvez precisasse lhe amputar o pé.
Jimin vira um homem todo de branco, como se fosse um fantasma, debruçar-se sobre ele. Era o pesadelo? Não, não era o pesadelo, não podia ser o pesadelo porque o ferimento doía para valer.
── Segurem ele com força, se não não dá.
O pai debruçara-se e abraçara o seu tronco. Jimin berrava a plenos pulmões, e ele lhe dizia com uma severidade temperada com afeto:
── Homem não chora!
Homem não chorava mesmo, mas ele não era homem. Era um menino de quinze anos. Mesmo que quisesse, não conseguia parar de chorar. Doía tanto que quase desmaiara.
── Daqui a uma semana traz ele de volta pra tirar a atadura.
O pai carregara-o no colo até a rua, onde novamente haviam tomado um táxi. Jimin ficara muito tempo sem poder brincar nem ir à escola. Quando voltou a andar, mancava e nunca mais deixou de mancar, o que lhe valeu o apelido de Manquinho. De vez em quando, ao correr ou jogar futebol, ainda sentia uma dor muito forte no calcanhar. Lembrava-se então de todo o sofrimento no hospital e sentia um arrepio no corpo.
Fora esse tipo de dor que o pai sentira? Ou fora uma dor maior, já que ele havia morrido de tiro?
── O malaco do teu pai.
O Lombriga mostrava-lhe, numa página de Notícias Populares, o retrato de um homem vestido pobremente, deitado de costas, em cujo peito havia um buraco de onde o sangue escorria.
── Este não é meu pai. ── dizia o Jimin com ressentimento.
Não, não era o pai, não podia ser o pai. O pai vestia-se bem, sempre andava com um belo relógio de ouro no pulso e roupas da moda. Não, não era ele: o pai não era um vagabundo como aquele. O pai tinha classe.
── Malaco otário ele. Gambé nenhum pegava meu pai. ── dissera o Lombriga com orgulho.
Jimin sentia vontade de bater no Lombriga, mas o Lombriga era maior que ele. Resignava-se a defender timidamente o pai morto.
── Mataram ele de traição...
Pac! Pac! Pac! Parecia que Jimin ouvia os tiros secos que haviam vitimado o pai. Tiros parecidos com que ouvia na noite de favela. "Quem será que morreu?", ele se perguntava, incapaz de dormir. Sabia que, no dia seguinte, mais um cadáver seria jogado no monturo atrás da favela, onde os urubus pousavam. E ele conhecia muito bem que estrago uma bala fazia num corpo.
Só foi chorar a morte do pai duas semanas depois, ao se lembrar do abraço que lhe dera. Por coincidência o pé voltara a doer. Era como se estivesse naquele hospital, o médico costurando-lhe a carne, e o pai segurando-o. Segurando-o com toda a força e pedindo que ele se comportasse como um homem.
── Vou ser um homem, pai, não vou ter mais medo de nada.
Foram as últimas palavras que Jimin dissera naquela noite, em que ainda vivia só com a mãe e com a Hyuna. Nem se passou um ano, e o padrasto, que apanhava papelão na rua, veio morar com eles.
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Eu disse que o talvez o capítulo dois saísse amanhã mas eu adiantei, por está já escrito. Mas dá no mesmo, já que postei hoje mesmo pela madrugada.
Capítulo três sai ainda hoje, mais tarde.
Me ajudem, votando e divulgando para alguém que vocês achem que possam também gostar de lerem essa pequena aventura. Assim trarei mais capítulos rapidamente. Eu sei que isso é chato pra caralho, mas é isso que me faz a trazerem mais para vocês, vocês sabem.
Ah, como ela é longfic, irá ser muitos capítulos. Claro isso também dependerá de vocês caros leitores. Caso não, irei desistir da mesma.
Então, acho que até a próxima! <3 =)
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𝗽𝖾𝗋𝗂𝗀𝗈𝗌 𝗻𝖺 𝗻𝗈𝗂𝗍𝖾 𝗲𝗌𝖼𝗎𝗋𝖺 • 𝗽𝗃𝗆 + 𝗷𝗃𝗄
Fanfic[𝗘𝗠 𝗔𝗡𝗗𝗔𝗠𝗘𝗡𝗧𝗢] 𝗝imin não era de fazer mal a ninguém. Quinze anos, apenas. Magrinho, pequeno. No entanto, o mundo em que vivia era muito violento. Seu pai, um traficante, fora morto pela polícia. O padrasto bebia e o espancava. Em casa f...