Andando sem muita pressa e dando risadas, subiram até o topo do morro, atravessaram um terreno baldio e chegaram a uma larga avenida arborizada, onde havia mansões cercadas de altos muros.── Onde que a gente vai? ── perguntou o Fanho.
── Sei lá ── disse o Fininho ──, a gente podia enquadrar um bacana. Tá cheio de caixa eletrônico por aí.
── Jóia ── disse o Fanho, fazendo positivo com o dedo.
E, sempre andando, viram ao longe, numa pracinha, onde havia algumas árvores e moitas, um caixa eletrônico.
── Vamos ficar de campana. Se aparecer um otário, a gente enquadra ele.
Depois de alguns minutos de espera, escondidos em meio às moitas, viram chegar um carro, mas desistiram porque desceram dele três pessoas. Mais um carro, e uma mulher desceu. O Fanho ia sair do esconderijo quando o Fininho o puxou pela manga do casaco, apontando alguma coisa na avenida.
── É fria ── disse ele.
Era uma perua da Rota que passava vagarosamente.
── Pô, logo agora tinha que aparecer os recos ── murmurou o Fanho com rancor.
Esperaram então mais uma hora e meia, até se certificarem de que a perua da Rota estivesse bem longe. Então, um outro carro aproximou-se, e um homem alto e forte, vestido com uma jaqueta de couro preta, depois de olhar cuidadosamente para os lados, dirigiu-se ao caixa eletrônico.
O Fininho saiu de onde estava e, com o revólver na mão, encostou-se nele, enquanto lhe dizia:
── É um assalto!
O homem tentou virar o corpo, mas ao ver que o Fanho vinha da esquerda, ficou parado, com os braços caído ao longo do corpo.
── A senha ── disse o Fininho ──, empurrando-o para dentro da cabine.
Ao mesmo tempo, ele se voltou para o Jimin e disse:
── Fica de olho. Qualquer coisa, avisa a gente.
O homem protestou:
── Não estou com quase nada na conta.
── Tá pensando que nasci ontem? Tá pensando que sou otário?
── Não foi isso que eu quis dizer, amigão...eu...
O Fininho cutucou-o com o cano do revólver.
── Sem essa de "amigo". Não sou teu amigo, otário. Quero a senha.
── Já disse ── teimou o homem.
Impaciente, o Fanho deu com a coronha do revólver na cabeça dele. O homem baqueou e apoiou-se no caixa eletrônico. O Fininho encostou-lhe o revólver no peito e tornou a lhe pedir a senha.
Dessa vez, ele obedeceu.
── Vigia o cara ── disse o Fininho.
O Fanho apontou o revólver para o homem. Enquanto o Fininho acessava a conta e verificava o saldo.
── Não tinha grana, é? ── ele disse com ironia. ── Mil paus!
Depois de sacar todo o dinheiro, saíram da cabine, empurrando o homem.
── Tudo ok? ── perguntou o Fininho ao Jimin.
── Tranqüilo ── ele respondeu, fazendo positivo com o dedo.
O Fanho voltou-se para o homem e ordenou:
── A carteira e o relógio.
O homem estendeu-lhe a carteira. Quando ele a abriu para pegar o dinheiro, deparou um documento plastificado e disse:
── Ei, o cara aí é da polícia.
── Deixa ver ── disse o Fininho.
Vendo-os distraídos com o documento, o homem correu para o carro e abriu o porta-luvas.
── Cuidado! O cara pegou o berro! ── gritou o Jimin.
O homem apontou-lhes uma pistola, mas o Fininho foi mais rápido e atirou. Atingido no peito, ele caiu, batendo o rosto no chão. O Fanho veio correndo e o chutou. O homem gemeu, e ele disse:
── Ainda tá vivo. Vou apagar o otário.
── Que apagar o quê! ── disse o Fininho ── Se tu apaga o homem, amanhã tá toda a polícia atrás da gente.
── Tenho bronca de meganha ── resmungou o Fanho, ainda lhe apontando o revólver.
── Fica frio, Fanho. Pega o casaco e o berro dele, e vamos se mandar daqui.
➵ Reco: Reco/recruta: Soldado novato. Homem que está prestando serviço militar. Geralmente faz serviço de badeco.
➶ Meganha: Soldado de polícia.
➴ Berro: Arma.
➵ Apagar: Matar, assassinar alguém.
➴ Campana: É a expressão de "Gíria" que significa observação discreta nas imediações de algum lugar, para conhecer os movimentos de pessoa ou pessoas ou para fiscalizar a chegada ou aparecimento de alguém. Significa ainda, o seguimento de alguém, de modo discreto, para conhecer seus movimentos e ligações.
➶ Enquadrar: Ser detido pela polícia, abordagem, geral, revista.
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𝗽𝖾𝗋𝗂𝗀𝗈𝗌 𝗻𝖺 𝗻𝗈𝗂𝗍𝖾 𝗲𝗌𝖼𝗎𝗋𝖺 • 𝗽𝗃𝗆 + 𝗷𝗃𝗄
Fiksi Penggemar[𝗘𝗠 𝗔𝗡𝗗𝗔𝗠𝗘𝗡𝗧𝗢] 𝗝imin não era de fazer mal a ninguém. Quinze anos, apenas. Magrinho, pequeno. No entanto, o mundo em que vivia era muito violento. Seu pai, um traficante, fora morto pela polícia. O padrasto bebia e o espancava. Em casa f...