Capítulo 10 - Michael

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 Chego no lugar onde marcamos exatamente a uma da manhã. Olho para Arthur e Lyman encostados nos carros, ambos vestidos de preto.

— Tem certeza? — Pergunto ao me aproximar, coloco as mãos no bolso do moletom, querendo uma resposta completamente diferente.

Meu irmão me lança um olhar irritado.

— Cara, já era. — Diz, fazendo meu coração apertar, um nó se forma na garganta.

— Tem que ser agora. — Lyman informa, desencostando do carro. — Eu fiquei sabendo que a carga vai ser vendida amanhã, senão pegarmos ela hoje, acabou para gente, Michael.

— Como soube? — Pergunto um pouco desconfiado.

— Alex me informou, ele é muito amigo de uns dos caras de Jason.

— Você entra, Michael — Arthur fala, estendendo uma pistola, — pega o caminhão e vai para o encontro com os Evil Angels. Não para por nada, estaremos logo atrás. — Guardo a arma atrás das costas e meneio a cabeça.

Minutos depois, Arthur para em frente à uma casa afastada da cidade. O caminhão com a carga se encontra na garagem dos fundos, porém, há um problema.

— O que faremos com os seguranças? — Olho para o lado e vejo Arthur colocar um silenciador na pistola, meu coração acelera. — Você não...

— Não tem outra alternativa. — Esfrego meu rosto.

— Você enlouqueceu? — Pergunto, alterado. — Esses putos são da pesada, mano. Se Jason souber que matamos seus homens, virá com tudo, não somos páreos para ele.

— Você tem um plano melhor? — Trinco os dentes com impaciência, voltando a encarar a casa.

— Vou entrar escondido, pegar o caminhão e sair, você cuida dos que vierem atrás de mim, mas não os matem. — Abro a porta.

— Quem te garante que você vai conseguir?

— Eu! — Fecho a porta e coloco o capuz, inspiro fundo e caminho discretamente em direção à casa, mantendo-me no escuro para não ser visto.

Engulo em seco, tento controlar a todo custo meu nervosismo enquanto ando sorrateiramente pela propriedade. Há dez guardas espalhados, mas nenhum tão perto da garagem como deveria estar, parecem tranquilos em relação à carga.

Encosto as costas na parede ao lado de uma janela e escuto vozes abafadas. Meus olhos navegam pelo lugar em busca de perigo antes de espiar para saber o que está acontecendo dentro da casa.

Quando meus olhos se fixam no casal, meu chão desaba e sinto um calafrio percorrer meu corpo enquanto assisto Stephanie... porra... Minhas mãos tremem de ódio ao vê-los transando em uma cama.

Começo a sentir repulsa e meu estômago revira de nojo, como pude acreditar em suas palavras? Como pude ignorar tantas provas jogadas na minha cara? Céus... porque ainda beijei essa mulher?

Minha garganta se fecha, me afasto da janela e me inclino para frente, prestes a vomitar, mas felizmente isso não acontece, apenas fecho meus olhos, inspiro fundo e limpo meu rosto molhado pelas lágrimas. Não há tempo para me entregar a esses sentimentos... não quando tenho uma carga para pegar de volta.

Engulo a bile, olho para os lados e tento esquecer da cena que presenciei naquele quarto, das mãos de Jason percorrendo o corpo tatuado de Stephanie, minha namorada, a mulher que... merda, nem sei se amo essa garota mais.

Me afasto de onde estou e continuo com o plano. Olho para os lados quando avisto o caminhão, dou um passo à frente, mas volto rapidamente e colo as costas na parede quando escuto passos. Prendo a respiração na espera do capanga de Jason passar sem que note minha presença.

Uma noiva em meu caminho (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora