Capítulo 27

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Durante os dias em que Emma esteve em Los Angeles, ela me ignorou. O silêncio me consumia, a ponto de pedir a Jacob para me evitar até o Ano Novo. Minha mente estava uma confusão, mas o que mais me aterrorizava era perder minha melhor amiga. Não sabia como lidar com a ausência dela.

Preferiria que Emma tivesse explodido de raiva, em vez desse silêncio que despertava um desespero novo em mim. Era como se a qualquer momento ela fosse sair da minha vida para sempre. Todos os dias, eu me perguntava: "Será que hoje ela vai partir?". Mas tudo o que eu podia fazer era desejar que ela permanecesse.

Eu não tinha coragem de responder às mensagens de Jacob. Cada vez que olhava para elas, a expressão de decepção de Emma me assombrava.

Esse foi, sem dúvida, o Natal mais difícil da minha vida. E o Ano Novo não foi diferente. Os Dickinson viajaram para a casa dos avós e só voltaram após a virada. Durante esse tempo, Liam também se manteve distante, enviando apenas uma mensagem na virada do ano. Mesmo assim, mandei meus votos de feliz Natal e Ano Novo para todos eles — menos Jacob.

Quando Emma voltou para Nova Jérsei e as aulas começaram, as coisas pareciam um pouco menos tensas, mas o medo de que nunca mais nos falássemos me assombrava todas as noites.

Na primeira semana de aula, peguei o ônibus escolar. Sabia que Liam precisava de espaço, então não enviei mais mensagens além das felicitações de Ano Novo. Jacob se ofereceu para me levar, mas recusei educadamente. Eu não estava pronta para vê-lo ainda.

Então, uma manhã, acordei com uma mensagem de Liam se oferecendo para me buscar. Não era Emma, mas era um começo.

Antes de entrar no carro, ouvi a Sra. Burnes murmurando:

— Esse mundo está perdido. — Ignorei o comentário e entrei.

A viagem foi tranquila. Liam e eu tivemos uma conversa franca:

— Desculpa por ter te evitado. Eu fui imaturo, mas precisava de um tempo.

— Eu entendo.

— Não, não está tudo bem. Somos amigos, quase irmãos. Eu misturei as coisas.

— Amigos? — sugeri, estendendo o dedo mindinho.

— Amigos — ele concordou, entrelaçando o dele no meu.

Eu poderia contar tudo a ele, evitar que a situação com Emma se repetisse, mas não sei se ainda quero continuar com Jacob. Não sei se vale a pena arriscar tudo por algo que talvez não dure. Jacob mudou, mas ainda é o mesmo Jacob, e tenho a sensação de que ele não lidará bem com a distância.

Por enquanto, o importante é que Liam e eu estamos bem.

Após as aulas, fui ao campo de futebol. Passei o intervalo pensando no silêncio de Emma e em como ele me machucava. Não queria que Jacob passasse pela mesma coisa, mas também não sabia o que fazer.

Sentei-me na arquibancada, observando-o jogar. Tive que controlar meu entusiasmo para não chamar atenção.

Ele é bom, pensei, vendo-o marcar um ponto.

Jacob me notou, mas não pude ver sua expressão por causa do capacete. Após o treino, ele foi o primeiro a sair do vestiário, atravessando o campo apressado. Seu aceno discreto me chamou a atenção.

Desci os degraus e o segui até debaixo das arquibancadas. Ele estava encostado em uma pilastra, me observando com um sorriso travesso. Eu sabia o que aquilo significava e deveria evitá-lo. Precisava evitar se quisesse pôr um fim nisso.

Mas não consegui resistir.

Ao me aproximar, meu coração disparou. Parecia que eu havia esperado por esse momento todos os dias, contando cada segundo para vê-lo. Dei um passo hesitante. Se eu me aproximar demais, não conseguirei dizer o que vim fazer.

A Escolha (Im)PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora