Capítulo 4 - parte 2

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O toque do sinal anunciou o fim de mais um longo e cansativo dia escolar. Juntei minhas coisas rapidamente e fui em direção ao estacionamento. No meio do caminho, parei atrás de uma pilastra, lembrando que mais cedo havia recusado a carona de Liam. Seria muito suspeito se ele me visse entrando no ônibus.

Como pude esquecer disso? Não tem como pegar o ônibus sem que ele me veja. O que faço agora?

Quando me virei para voltar para a escola, soltei um berro. — Ai, meu Deus! — levei a mão ao peito ao dar de cara com Jacob, parado atrás de mim. Ele ergueu uma sobrancelha, imóvel.

— O que você está fazendo? — perguntou ele, com uma expressão neutra.

— Eu? O que você está fazendo, querendo me matar do coração? — rosnei, tentando me recompor.

— Eu estava saindo da escola até te ver, escondida atrás da pilastra.

— Eu? Escondida? — fingi indignação, apontando para mim mesma.

Jacob deu de ombros, revirando os olhos, e voltou a caminhar em direção ao estacionamento. Fazia três dias que ele parecia impaciente comigo, provavelmente porque o ignorei no aeroporto.

Assim como ele, dei de ombros e o deixei ir. Mas, ao vê-lo de costas, a imagem daquele dia no quarto veio à mente. Olha esses glúteos e esses músculos, pensei, hipnotizada.

Jacob se virou de repente, e eu rapidamente fingi procurar algo no céu. Quando ele voltou a andar, me esforcei para não cair na tentação de novo, focando minha atenção no carro de Liam, que, para meu azar, estava estacionado bem em frente ao ônibus.

— Droga... — murmurei, batendo as mãos na pilastra.

Uma ideia, desesperada mas eficaz, surgiu. Correria até a próxima parada do ônibus e diria ao motorista que perdi o horário — com o uniforme, ele me deixaria entrar. A parada ficava a três quarteirões, e eu conseguiria chegar lá se saísse antes do ônibus.

Coloquei o plano em ação, correndo euforicamente pelo pátio da escola, atenta para que Liam não me visse. Quando finalmente cheguei ao local, estava exausta, suada e grudenta, como se tivesse mergulhado em uma piscina fedorenta.

Preciso voltar a me exercitar, meu corpo sedentário não aguenta nem meio quarteirão, pensei, jogando a mochila de um lado e me atirando no chão do outro. Ao ouvir o som de um carro, virei o rosto, esperando que fosse o ônibus.

Mas sabe quando dizem que as coisas não podem piorar? Acredite, sempre podem.

Liam estava vindo em minha direção.

Como ele descobriu que eu estava aqui? pensei, lutando para me levantar e procurando um lugar para me esconder.

Avistando uma árvore grande ao lado de uma casa, me escondi cautelosamente atrás dela, tentando não ser vista. Até que ouvi um rosnado. Quando me virei...

Oh, não... pensei, segurando o grito com as mãos.

Um cachorro estava a poucos metros de mim.

— Cachorro bonzinho... — cochichei, acenando com as mãos para acalmá-lo. Mas não funcionou. O cachorro começou a latir descontroladamente, tentando pular, mas a corrente o segurou, para minha sorte.

Voltei minha atenção para a rua, ainda preocupada que a corrente não aguentasse. Liam parou o carro perto de onde eu estava. Ele com certeza me viu me escondendo. O que eu digo? Não tenho nenhuma desculpa. Estou perdida, pensei, sentindo o desespero crescer.

A Escolha (Im)PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora