Capítulo 23

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O domingo foi difícil. Depois de ouvir minha mãe dizer que queria se separar do meu pai, passei a noite consolando Max e o dia seguinte escrevendo compulsivamente, tentando escapar da realidade.

Na segunda-feira, acordei cedo e decidi ir para a escola a pé. Precisava clarear a mente, respirar e me afastar de tudo e de todos. Pegar carona com Liam só me lembraria do fiasco no shopping, e agora que descobri que Courtney gosta dele, seria melhor dar espaço. Talvez assim ele perceba seus próprios sentimentos e lide melhor com meu "não gosto de você".

Quando me aproximei do estacionamento, ouvi um "psiu". Virei a cabeça e vi Jacob.

— Ei... está tudo bem? — perguntou ele, o olhar preocupado.

— Oi. Acho que sim — respondi, sem entender o motivo da pergunta.

Jacob abriu a boca, mas antes que pudesse falar, Liam apareceu.

— Lauren!

Jacob olhou para mim, depois para Liam, e se afastou sem dizer nada. Melhor assim. Não quero que Liam nos veja juntos.

— Você não viu minhas mensagens? Eu ia te dar uma carona — disse Liam, alheio ao que acabara de acontecer.

Observei Jacob desaparecer entre os alunos. Senti que, em breve, teria que escolher entre ele e... Não. Não agora. Tenho problemas demais.

Respirei fundo e virei minha atenção para Liam. Coloquei a mão no ombro dele, forçando um sorriso.

— Obrigada, mas não precisa se preocupar comigo. Eu sei me cuidar e... não mereço isso tudo.

— Aconteceu alguma coisa? — Liam perguntou, a piada usual ficando de lado.

Mordi a parte interna da bochecha. Queria contar tudo: que amava alguém, mas não ele; que meu coração já tinha dono, o próprio irmão dele; que me sentia péssima por isso e que meus pais estavam prestes a se divorciar. Mas não consegui. Como lidar com tudo isso agora, quando minha vida poderia mudar completamente?

— Está tudo bem — sorri. — Preciso entrar.

Saí, deixando Liam confuso e ainda mais preocupado. Durante o dia, ele ficou perto de mim sempre que pôde, o que só piorou tudo. Além do medo e desespero com minha família desmoronando, tinha que lidar com o garoto que dizia gostar de mim, alguém que eu ignorara por semanas.

Me escondi debaixo da arquibancada no intervalo. Não suportaria vê-lo daquele jeito — doce, meigo, se importando. Eu não merecia. E ele logo entenderia o porquê.

Caminhei em direção ao prédio da escola, alguns minutos após o toque do sinal. O lugar parecia quase deserto. De repente, uma mão segurou a minha, me surpreendendo e assustando ao mesmo tempo. Virei rápido para ver quem era.

— Precisamos conversar — disse Jacob, sua voz baixa e firme, como se fosse algo sério.

— Conversar? — repeti, sem entender.

— Você não vai se atrasar? — uma voz surgiu por perto. Olhamos juntos e vimos Owen, que nos observava, especialmente nossas mãos quase entrelaçadas.

Soltei a mão de Jacob, lançando-lhe um olhar irritado. — Muito engraçado, Jacob — arqueei uma sobrancelha, sarcástica. — Ouviu? Vou me atrasar, com licença.

"Com licença?" Sério? Desde quando falo assim?

Jacob franziu o rosto e deu aquele sorriso torto que sempre me tira do sério. Típico. Espero que Owen tenha acreditado.

A Escolha (Im)PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora