Capítulo 2 - parte 2

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***

Ah! — gritei ao sentir meu corpo balançar e a cama tremer, levantando-me rapidamente, assustada, até perceber que meu pai era o causador de tamanho susto.

— O que você está fazendo? Quer me matar do coração!? — exclamei, ainda espantada. — Não é assim que se acorda uma doce garota — caçoei, colocando uma mão sobre o peito, enquanto a outra apoiava o peso do corpo.

— Doce garota? Com esse sono de dragão!? — provocou ele, fazendo uma expressão cética enquanto se afastava.

— O que você quer? — indaguei, olhando para o relógio ao lado da cama. — São sete horas ainda, as aulas só voltam amanhã, esqueceu? — resmunguei, jogando o corpo de volta no colchão macio, olhando-o com os olhos meio abertos e sonolentos.

— Você não está esquecendo de nada? — perguntou, parando próximo à porta.

Ergui uma sobrancelha e voltei a olhar para o relógio. Não lembro de...

— EMMA! — berrei. — Ai, meu Deus! Por que ninguém me acordou!? — reclamei, saltando da cama e abrindo o guarda-roupa ao lado da mesinha de cabeceira, procurando, aflita, alguma roupa para vestir.

— É o que estava tentando te dizer há cinco minutos! — respondeu ele, abrindo as mãos num gesto exasperado. — Vou te esperar lá embaixo. Se corrermos, ainda podemos encontrá-los no aeroporto — disse, saindo do quarto.

O avião de Emma partiria às sete e meia. Havíamos combinado de nos encontrar em sua casa às seis e cinquenta, e depois irmos para o aeroporto. Mas, obviamente, isso não seria possível.

Droga! Bendita hora para ter um sono tão profundo.

Ainda bem que meus pais já sabiam que eu não acordaria com o toque do despertador e levantando mais cedo para me acordar. Esse era um desafio constante. Por mais que tentasse, raramente acordava de manhã, seja com o som do despertador ou com aos berros dos meus pais. Meu sono parecia ter o poder de atrasar todos os meus compromissos matinais.

Após vestir uma calça jeans azul-clara e uma simples blusa amarela de manga, desci as escadas às pressas.

— Estou pronta, vamos!

— Você não vai nem tomar café? — perguntou minha mãe, colocando um prato cheio de torradas sobre a mesa.

Olhei para o relógio na parede da sala. Eram sete e cinco; não podia me atrasar nem mais um segundo.

— Não, eu como algo quando voltar — respondi, ainda com os olhos fixos no relógio.

— Não saia de casa sem tomar café, isso não faz bem para o estômago. Pegue uma torrada! — insistiu ela, empurrando o prato em minha direção.

Peguei algumas, agradendo. Sabia que, se não pegasse, ela não me deixaria sair.

Bi-bi

O som da buzina em frente de casa, fez meu coração disparar. Meus olhos se arregalaram, esperançosa. Mesmo sabendo que era impossível, não pude evitar imaginar que Emma tinha vindo me buscar.

— Seu pai já está no carro. Corre, está atrasada! — disse minha mãe, quebrando qualquer esperança de que Emma estivesse lá fora.

— Você não vem? — perguntei, hesitando antes de cruzar a porta ao vê-la subir as escadas.

— Max está dormindo, não queria acordá-lo. Diga à Beth que vou visitá-la ainda hoje! Sei o quando é difícil ver os filhos partirem — acrescentou, com um sorriso gentil antes antes de continuar subindo.

A Escolha (Im)PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora