Capítulo 3 - parte 1

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 — Lauren, está na hora de levantar — disse meu pai, cutucando-me nas costelas. Abri um olho devagar, mas ele já estava saindo pela porta, deixando-me mergulhar novamente no sono.

— Lauren, acorda — insistiu minha mãe, puxando minha coberta e abrindo as cortinas. Um feixe de luz fraca atingiu meu rosto, fazendo-me abrir um dos olhos, relutante.

— Já... vou... — gemi preguiçosamente, observando-a de pé ao lado da cama, com os braços cruzados e uma expressão ainda sonolenta. Ela saiu do quarto em seguida.

— Preciso... me... levantar... — pensei, mas o sono me venceu de novo.

— Lauren, ACORDA! — gritou minha mãe, desta vez com uma fúria crescente. — Você vai se atrasar para a escola! — disse ela, sacudindo-me com determinação.

— Ah... já estou levantando... — bocejei, alongando o corpo sobre a cama.

— Agora! Se eu tiver que voltar aqui, será com um balde de água fria! — ameaçou ela, com o dedo indicador apontado em minha direção, a expressão agora totalmente desperta e impaciente. Levantei-me num pulo ao vê-la sair, sem querer arriscar. — E acredite, Maggie faria isso mesmo.

Era só o verão acabar que meu sono se tornava insuportavelmente mais profundo. Talvez fosse um mau hábito que eu havia adquirido ao longo dos anos. Normalmente, isso diminuía com o tempo, até que as férias de verão voltassem.

Oh, não! Hoje começa mais um ano letivo, pensei, tentando animar-me.

Sei que muitos adolescentes da minha idade detestam a escola, mas eu sou diferente. Amo aquele lugar, principalmente a biblioteca, onde passo a maior parte do tempo. Claro, nem tudo é perfeito. Matemática e eu nunca fomos amigas. Desde a primeira aula de cálculos, ficou claro que nasci para humanas.

O que realmente me incomoda é a socialização. — A verdade é que eu quase não converso com ninguém. Exceto por Emma, Liam, e Ja...

Não ouse pensar nele, Lauren! Você não pode ter outra recaída!

Desviei meus pensamentos para outra coisa. Emma! Ela não estará na escola este ano, o que significa que as coisas vão mudar. Sem ela, não terei com quem conversar nos intervalos ou quem me apoiar nos momentos difíceis. Apesar de nossas diferenças, Emma sempre esteve ao meu lado, evitando que eu me metesse em encrencas. Com quem vou andar agora? E quem vai me apoiar nas reuniões do clube?

Foi Emma quem me incentivou a entrar no clube de jornalismo — na verdade, me obrigou, achando que isso me faria me abrir mais para as pessoas, já que exigia muita comunicação.

Não que tenha funcionado muito...

O problema não é conversar. Eu até consigo cumprimentar algumas pessoas com um "oi" ou "e aí", mas não sinto a necessidade de ir além disso...

A verdade é que eu não quero. Criar novos vínculos significa investir tempo e correr o risco de se decepcionar — parece complicado e trabalhoso, e isso é mais a cara da Emma, não a minha. Não vejo vantagem em ser o centro das atenções; prefiro a tranquilidade de uma sombra e um bom livro — e, sejamos honestos, livros não mordem.

Isso não faz de mim uma pessoa antissocial, apenas tenho um número limitado de amigos e, às vezes, gosto de ficar sozinha. Na verdade, até aprecio essa solitude ocasional, pois me ajuda a explorar meu interior e entender quem eu realmente sou. Mas agora, sem Emma, terei que encontrar um grupo para andar, se não quiser ser vista como "a garota estranha que vive em uma bolha antissocial". — Mas com quem vou andar? Não posso ficar com o pessoal do jornal durante os intervalos. Eles são como eu, reservados, e só falam comigo durante o clube, sempre sobre o trabalho.

A Escolha (Im)PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora