Capítulo 1 - parte 2

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Minutos depois, ouvi alguém gritar meu nome. Estava tão envergonhada que não me virei. Continuei andando em direção à minha casa, cinco quarteirões dali, envolta pela escuridão da noite.

— Lauren, espera... LAUREN, ESPERA! — A voz começou rouca e calma, mas logo se tornou firme e urgente, fazendo-me parar instantaneamente.

Meu corpo travou e começou a tremer. Um calafrio percorreu meu peito. O que eu faço agora? Corro? Grito? Minha mente girava em pânico, temendo que fosse um ladrão. Sempre tive medo dessa situação, especialmente à noite, com as ruas vazias.

Os passos atrás de mim se aproximavam. Tentei me mover, mas estava paralisada. Quanto mais perto o estranho chegava, mais meus pensamentos se tornavam aterrorizantes.

E se for alguém perigoso que inexplicavelmente sabe meu nome e está vindo para me sequestrar?

Fechei os olhos, apavorada, tentando acalmar meus sentimentos e organizar meus pensamentos. Finalmente, reuni coragem para virar e gritar:

— N-não se aproxime! Não tenho c-celular! Tenho u-um spray de pimenta no b-bolso e não hesitarei em usar! — bradei, ouvindo ao fundo uma risada estranhamente familiar. Quando abri os olhos, lá estava Jacob, rindo da minha atuação, apontando o dedo para mim enquanto soltava gargalhadas que me fizeram querer desaparecer.

— Você realmente não tem jeito, Lauren! — disse ele, ainda rindo, dobrando-se de tanto rir, cobrindo o rosto com as mãos.

Uma enxurrada de emoções tomou conta de mim ao ver aquele sorriso. Era diferente, genuíno, algo que eu não via há anos. Jacob sempre foi reservado, um tipo de galã misterioso, como um bad boy adolescente que guarda segredos. Isso tornava o momento ainda mais estranho.

Depois de recuperar o fôlego, Jacob se endireitou e perguntou:

— Por que você saiu de casa? Eu disse para sair do quarto, não da casa. Está escuro aqui fora, sua doida! — Ele parecia sério e exausto, como se tivesse corrido muito para me alcançar.

— N-na verdade, eu só queria deixar um presente para Emma, já que ela vai para a universidade — respondi, ainda com a voz trêmula, evitando olhar para Jacob enquanto sentia meu rosto corar.

— Que presente? Esse aí? — perguntou ele, erguendo as sobrancelhas e apontando para a sacola na minha mão.

— O quê? — retruquei, surpresa, até perceber a sacola onde ele apontava.

Está de brincadeira...

Inexplicavelmente, a sacola ainda estava nas minhas mãos. Como é que eu tinha esquecido de deixá-la? Obviamente, isso me fez corar ainda mais.

— AH, ISSO? — gritei, apontando para a sacola, tentando disfarçar meu nervosismo.

— Sim, isso mesmo — confirmou Jacob, com um sorriso provocador enquanto mordia levemente o lábio.

Essa mordida... como ele consegue...

Tentando me concentrar, respondi:

— Pensei melhor e achei que Emma não ia gostar, então resolvi trazer de volta.

Jacob estreitou os olhos, cruzando os braços, como se tentasse ler meus pensamentos. Depois, com um gesto casual, afastou o cabelo dos olhos. Isso é tõa Jacob... e eu me forcei a desviar o olhar.

— É mesmo? — perguntou ele, desconfiado, enquanto me observava atentamente.

— Sim, claro! Por quê? — respondi, pigarreando e tentando parecer convincente, embora a outra jogada de cabelo estivesse me distraindo.

A Escolha (Im)PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora