Dance with me

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Não foram necessários mais que três copos daquela bebida de caráter duvidoso para que Zelda cedesse aos encantos e pedidos da morena.

- Não acredito que estou indo para o quarto de hotel de uma estranha, isso definitivamente não é de minha índole. - A ruiva pensou alto sentada no banco de passageiro do carro de Lilith. 

- Não sou mais uma completa estranha Zelda, e só estamos indo para o hotel porque no meu quarto tem cachaça boa e sua família está toda em sua casa. - A morena justificou-se fazendo a  ruiva arquear as sobrancelhas com aquela desculpa esfarrapada.

- Quais são seus planos além da boa cachaça? - A ruiva questionou acendendo um cigarro e abrindo a janela do carro.

- Pensei em te mostrar meus altos dons para a dança. - Lilith respondeu rindo pela ironia em sua voz. 

Entraram de fininho e sem fazer barulho já estava bem tarde e Zelda não queria que Cerberus a visse, consequentemente contando para Hilda seu paradeiro. 

Entraram no quarto rindo pela peripécia de adolescentes que elas aprontavam. Zelda logo sentou no chão perto do sofá e da lareira e Lilith foi pegar a bebida que tinha guardado no armário. 

- Eu juro que essa é das boas, queima até a alma. - A morena disse sentando ao lado da ruiva com a garrafa em mãos.

- Como se eu ainda tivesse uma. - Zelda respondeu sem reparar nas palavras que saíam de sua boca.

 - Esquecemos os copos - A morena disse ignorando a fala de Zelda e rindo muito pela desatenção de ambas.

- Não tem problema algum se nós trocarmos um pouco de saliva. - A bruxa respondeu sem pensar no lado malicioso daquela frase.

A morena enrubesceu e levantou-se. 

- Vou te mostrar o que é uma boa dança. - Afirmou ligando o rádio. 

A ruiva começou a encará-la, no rádio uma péssima musica de tango tocava e a morena encenava uma coreografia desajeitada com um braço esticado e outro como se segurasse o vento. 

- Por lúcifer, esse não pode ser o seu dom para dança. - Zelda desdenhou e levantou-se para mostrar-lhe o que realmente era dança.  

Com sua postura perfeita, pegou a mulher de belos olhos pela mão e a girou, puxando-a para mais perto e traçando sua mão livre pela cintura dela. Dançaram no ritmo da musica e quando se cansaram sentaram-se novamente no tapete em frente à lareira. 

- Então você passou o dia tendo que lidar com a filha bastarda de seu marido? - Lilith perguntou rindo e bebendo um belo gole de cachaça.

- Não chame-a assim, ela não tem culpa do péssimo pai que tem, e me dá essa garrafa aqui. - Zelda disse com um bom humor nada comum arrancando a garrafa das mãos dela.

- Se ele é tão ruim assim por quê vocês tiveram uma filha? E por quê você não pede divórcio? 

- Você é sempre assim tão curiosa? - Zelda comentou rindo e bebericando da bebida que era realmente boa. 

- Na verdade não, só gosto de saber mais sobre pessoas interessantes. - Lilith respondeu tomada pelo efeito do ácool.

- Me diz... - Zelda começou aproximando-se de Lilith. - Como foi o seu primeiro dia? 

- Quem está sendo curiosa agora? - Ambas riram. - Serei sucinta. Lidei com um diretor babaca e sem senso do ridículo e uma aluna pegou no meu pé o dia todo. Resumindo, não muito melhor que o seu. 

- Já posso presumir quem é a tal aluna, mas Hawthorne fez o que? - Zelda respondeu elevando a voz, sabia que Hawthorne não era uma boa pessoa e que ela não ia deixar barato seja lá o que ele tivesse feito com Mary.

- Não se preocupe, tenho tudo sob o mais completo controle. - Lilith respondeu afim de encerrar o assunto e alterar o rumo da conversa. Zelda percebeu o incomodo em seu tom de voz, mas não se deu por convencida, aquele homem não perdia por esperar.

A morena levantou-se com tamanha rapidez que assustou a ruiva que tirava seu casaco.

- Vamos dançar. - Estendeu a mão para que Zelda se apoiasse e cedesse à sua ordem.

- Não acha que eu já a humilhei bastante por hoje? - A ruiva respondeu apoiando-se na mão da morena e levantando-se para dançar. 

Juntaram seus corpos mais uma vez e balançaram abraçadas com o ritmo calmo da música. O álcool estava em total controle de suas consciências. Lilith piscou e o rádio alterou a estação, "You don't own me" tocava. Ela encarou a ruiva nos olhos ainda em envolta em seus braços e ambas riram. Deram alguns passos para trás e perderam o equilíbrio caindo deitadas na cama. 

O refrão da música chegara e um ar sensual se instalou no quarto.

Zelda ficara por cima. Encaravam-se sem parar, Lilith sorriu e levantou a cabeça deixando suas bocas poucos centímetros uma da outra. Zelda cedeu, finalmente suas bocas se encontraram e seus corpos se tornaram um só. 

A bruxa não era capaz de entender o que estava acontecendo, era tão bom e tão errado, que não conseguira evitar. Mary era a dona da boca mais deliciosa que ela já havia beijado, seu rosto era quente e seu cheiro era melhor que o campo na primavera. Não queira parar por ali, não podia parar por ali, seu corpo pedia mais, necessitava de mais. 

Mas parou.

 Olhou fundo na vastidão dos olhos de Mary que estavam confusos e não entendia por quê algo tão bom tivera fim, passou a mão entre seus cabelos mais escuros que a noite e cheirou seu perfume. Afastou-se, não queria que aquilo acabasse, mas ela não poderia dormir com uma mortal.

- Me perdoe Mary... Tenho que ir. - Levantou-se recuperando sua sobriedade, pegando seu casaco e saiu do quarto, deixando uma Lilith desolada e sedenta por mais.



Olá meus amaldiçoados, meu coração doí por esse capítulo. Me perdoem, mas senti que ainda não era o momento das duas.  Muitas coisas ainda virão e eu juro que no fim tudo dará certo kkkk. Não me matem nos comentários por favor e deixem a estrelinha. Um beijo e eu volto... 

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